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Teatro Municipal do Rio de Janeiro reabre com todo seu esplendo

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Rio de Janeiro, 26 de maio/2010 (EFE)

 

O centenário Teatro Municipal do Rio de Janeiro, uma joia da arquitetura eclética carioca cujo desenho foi inspirado na Ópera de Paris, será reaberto com pompa nesta semana, após uma cara restauração que durou quase três anos.
 

Inaugurado em 14 de julho de 1909 pelo presidente Nilo Peçanha como um símbolo do desenvolvimento da então capital brasileira, o teatro reabrirá nesta quinta-feira com todo seu esplendor em uma cerimônia que terá a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e para qual foi convidado o presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero.
Para resgatar a beleza original ao teatro, construído no início do século passado pelo prefeito Francisco Pereira Passos, foram investidos R$ 70 milhões nos trabalhos de restauro que duraram mais de 900 dias.
 

Pereira Passos, um engenheiro que estudou na França, promoveu durante sua gestão (1902-1906) uma grande reforma urbana na cidade, incluindo o início das obras do teatro, concluídas somente em 1909. Como referência buscou a riqueza de detalhes e o luxo da Ópera parisiense construída por Charles Garnier e inaugurada 25 anos antes.
 

Para resgatar o dourado original do teatro foram utilizadas 80 mil folhas de ouro de 23 quilates compradas na Alemanha e que adornam os detalhes da fachada e da cúpula, como detalhou a Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, da qual depende a Fundação Teatro Municipal.
Cerca de 250 operários trabalharam durante os quase três anos das obras no prédio, um dos mais belos do centro do Rio de Janeiro.
 

A imponência do prédio está nas grandes colunas coríntias de mármore de Carrara na parte central e nas menores que ficam nas laterais, que harmonizam com perfeição as linhas clássicas com a decoração barroca.
 

Além da restauração dos adornos principais, a águia dourada de cobre com suas asas abertas no centro do telhado, as três cúpulas douradas e os vitrais e a fachada com escadaria de pedra, foram retocadas também outras 23 obras de artes internas que receberam inovações tecnológicas.
Sem interferir na estética, o palco recebeu um elevador para o piano (para evitar que a peça destoe) e todos os equipamentos usados no cenário serão controlados por um software instalado pela mesma empresa austríaca que equipou o teatro La Fenice, em Veneza, e o Staatsoper, em Berlim.
 

A restauração das paredes trouxe à tona obras feitas há 80 anos, cobertas por reformas e até mesmo pelo pó. Outra surpresa foi a descoberta de uma passagem secreta.
Com capacidade para 2.361 pessoas, o teatro funcionou em seus primeiros anos como um palco exclusivo para companhias estrangeiras, principalmente francesas e italianas.
Nos anos 30, porém, foi criada a própria orquestra sinfônica, o coro e o balé, que são mantidos até hoje, detalhou a fundação responsável pela administração.
 

A reforma, que deveria ter ficado pronta em julho do ano passado para as comemorações do centenário, superou o prazo previsto e diante da impossibilidade do acesso ao palco, coberto de andaimes, os artistas da instituição comemoraram a data com um espetáculo ao ar livre na Cinelândia, praça em frente ao teatro.
 

A camareira Alda Anderson Alves trabalha no teatro municipal há 29 anos. Durante esse tempo, ela viu coristas se transformarem em maestros e acompanhou a evolução da bailarina Ana Botafogo.
"Não pensei que veria uma reforma tão grandiosa e linda como essa. Sinto orgulho de trabalhar aqui. O público não imagina a grandiosidade dessa revitalização. Quem teve a oportunidade de conhecer o teatro antes verá a qualidade da reforma. E quem não conhece deve vir para apreciar essa grande obra de arte", convida.
 

A solenidade desta quinta será somente para convidados, mas os fãs da música clássica e do balé, assim como todos os interessados em conferir o resultado da reforma, poderão fazê-lo a partir do próximo sábado, dia em que o mesmo será reaberto ao público.

 

Foto: Agência EFE

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