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Se Meu Apartamento Falasse completa 50 anos

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Los Angeles (EUA), 14/06/2010, (EFE)


"Se Meu Apartamento Falasse", um clássico das comédias, dirigido pela genialidade do cineasta Billy Wilder (1906-2002), completa hoje 50 anos desde a estreia nos Estados Unidos.
"Estou loucamente apaixonado por você", dizia, embevecido, o personagem de Jack Lemmon ao da emblemática Shirley MacLaine no final do filme, ao distribuir as cartas do baralho.
"Não diga mais nada e jogue", respondia a jovem, tirando o casaco e lhe devolvendo um sorriso malicioso.

 

A magia e a química do triângulo formado pelos atores Lemmon e MacLaine e pelo diretor Wilder poucas vezes foi igualada no cinema, mas só repetiram três anos depois em "Irma La Douce".
"Se Meu Apartamento Falasse" ganhou cinco Oscars: melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro original (compartilhado entre Wilder e I.A.L. Diamond), melhor edição e melhor direção de arte para um filme em preto e branco.

 

E recebeu outras cinco indicações: melhor ator e atriz – ao casal protagonista – melhor ator coadjuvante (para Jack Kruschen), melhor fotografia em preto e branco e melhor som.
Nenhum outro filme filmado em branco e negro voltaria a ganhar um Oscar até "A Lista de Schindler" (1993), de Steven Spielberg.

 

"O elemento de maior valor em Wilder é sua sensibilidade adulta", escreveria sobre o filme o popular crítico americano Roger Ebert.

 

Nesta irônica e ousada comédia, Buxter (Lemmon) é um corretor de seguros de Nova York – "trabalho no apartamento 19, Departamento de Apólices Comuns, Divisão de Contabilidade, Seção W, mesa número 861" -, que descobre uma maneira inusitada de subir na vida: emprestar o apartamento aos seus superiores para noites de amor proibidas.

 

O choque entre os personagens ocorre quando entra em cena a jovem ascensorista Fran Kubelik (MacLaine), amante de um dos chefes de Buxter. Ao cair de amores pela bela moça, este decide dar um passo adiante na relação entre os dois, pondo em risco sua vida profissional.

 

Depois de transformar o apartamento em um motel às aventuras amorosas dos superiores, Buxter concentra os olhos na paixão pela jovem Kubelik, mesmo que para isso tivesse de contrariar o chefe Jeff Sheldrake (Fred MacMurray).

 

O trailer original apresentava o filme como uma história divertida e agitada na qual Lemmon tinha um ótimo papel com o qual demonstrava "tremenda versatilidade", enquanto a candidez de MacLaine iluminava a tela "como uma árvore de Natal".

 

Mas se há algo que distingue o filme é o selo Wilder. O cineasta, que estava em alta pelo grande sucesso de "Quanto Mais Quente Melhor", consegue encantar o espectador com uma mescla de comédia e tragédia, apesar de recriar a solidão e amargura de alguns personagens fechados, que gritam em silêncio a necessidade de ser amados.

 

Wilder teve a ideia para rodar o filme após assistir "Desencanto", de David Lean, onde uma mulher casada e um homem usavam um apartamento para seus momentos íntimos.

 

"Simplesmente pensei que o apartamento em si era um personagem interessante. E depois tive a ideia do homem explorado, solteiro e solitário, que quando volta para casa à noite, deita em uma cama que ainda conserva o calor das pessoas que estiveram ali antes", explicou o cineasta.
E assim surgiu o que para muitos é a grande obra prima de Wilder, uma figura que marcou com seu cinema uma série de gerações posteriores.

 

O espanhol Fernando Trueba, ao vencer o Oscar de melhor filme estrangeiro por "Belle Époque", deixaria claro tal influência na cerimônia de 1994, quando disse: "Não acredito em Deus. Apenas em Billy Wilder".

 

Foto: (EFE)

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