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Reclamações de demora no atendimento do Hospital Seara do Bem

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Sala de espera de atendimento pelo SUS fica lotada no hospital infantil - Foto: Susana Küster

Desde 2013, o Hospital Infantil Seara do Bem, atende todos pacientes do SUS com um sistema de classificação de risco feito pelo Ministério da Saúde, dividido entre emergência (sem espera), muito urgente (até 10 minutos de espera), urgente (até 60 minutos de espera), pouco urgente (até 120 minutos de espera) e não urgente (até 240 minutos de espera).

Mas a reclamação de muitos pacientes é de que o atendimento demora, mesmo quando a situação do paciente requer agilidade. O problema seria maior no fim da tarde e com a chegada do inverno.

Para entender melhor como funciona, emergência, significa caso gravíssimo, com necessidade de atendimento imediato e risco de morte; muito urgente é um caso grave e risco significativo de evoluir para morte; urgente tem gravidade moderada, necessidade de atendimento médico, sem risco imediato; pouco urgente tem atendimento preferencial nas unidades de atenção básica; e não urgência é caso para atendimento na unidade de saúde mais próxima da residência ou atendimento de acordo com o horário de chegada. Exemplos desse caso, são as queixas crônicas, resfriados, contusões, escoriações, dor de garganta e ferimentos que não requerem fechamento e outros.

A classificação é feita por um profissional qualificado, que faz um pré atendimento para analisar o quadro do paciente, segundo o administrador do hospital, Éder Alexandre Gonçalves. Ele justifica a demora no atendimento pelo SUS, devido a demanda de pacientes, que aumenta consideravelmente, quando as aulas começam e quando as temperaturas caem. “Todos os anos, lá por março e abril, as reclamações iniciam, porque a quantidade de pacientes e viroses aumentam muito com o frio e com a convivência entre as crianças”. 

Gonçalves destaca que o atendimento pelo SUS é mais demorado do que o particular, porque a quantidade de pacientes é bem maior. O diretor afirma que o número de atendimentos feitos pelo SUS é, em média, 4 mil por mês, mas na época do frio, o número sobe para 6,5 mil pacientes por mês. “No período da meia noite de terça-feira até às 14h38min de terça-feira, foram atendidas 124 pessoas pelo SUS e 38 de forma particular”. 

Ele frisa que dois médicos atendem 24 horas, pelo SUS, e a partir das 17 horas até às 23 horas, o número de médicos vai para três. “Particular é só um médico, também temos pelo SUS, mais enfermeiras e secretárias. Além disso, 80% dos pacientes não deveriam estar no hospital, e sim nos postos de saúde, pois não são casos urgentes. E, quando chega um paciente emergente, ele passa na frente dos outros que não são, pois possui prioridade pelo risco de morte que possui”.

Mudança

O diretor explica que foi feito um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público (MP), para que o município de Lages fornecesse médicos para o hospital. “Nossos médicos são servidores públicos municipais e isso vai ocorrer até o fim do TAC, que será quando inaugurar a UPA, pois aí os atendimentos pediátricos vão para lá. E o hospital ficará somente para urgência e emergência”.

Alguns esperam quase o dia todo por uma consulta

Ana Paula Mengarda veio do município de Mirim Doce, que fica próximo do Vale do Itajaí, junto com sua filha para atendimento no Hospital Infantil. “Ela tem pé plano, onde moramos não tem hospital e no posto de saúde, não tem médico ortopedista. Então, precisamos vir para cá”. São quase duas horas de viagem de Lages a Mirim Doce.

Moradores de Lages também lotam o hospital. Muitos não vão nos postos de saúde, porque não encontram médico especialista e também porque o atendimento nas unidades encerra às 17 horas. Ana Paula Scott, chegou às 8 horas de quarta-feira, com suas duas filhas e sua neta de cinco meses no colo. “Chegamos às 8 horas, pegamos senha às 10 horas, passamos por uma triagem às 11h30 e a consulta era às 13 horas, mas são 14h30 e nada”. 

Ela saiu com a família no fim da tarde e afirma que só foi no hospital, porque não tem médico especialista em pediatria, no posto de saúde. O caso não era de urgência, pois sua filha tinha uma consulta pediátrica para acompanhar a evolução do quadril, depois de ter passado por uma cirurgia.

Como funciona o atendimento básico de saúde

O atendimento nos postos de saúde de Lages ocorre das 8 horas ao meio dia e das 13 horas às 17 horas. Das 8 horas até às 10 horas, ocorre a classificação dos atendimentos, em que são avaliados os pacientes. “Conforme o caso vai para o médico, às vezes, até o enfermeiro (a) pode atender, pois é preparado (a) para isso”, explica a diretora de atenção básica, Francine Formiga.

Pode acontecer de alguns pacientes serem encaminhados para o Hospital Nossa Senhora dos Prazeres (HNSP) ou para o Hospital Infantil Seara do Bem, tudo vai depender do quadro clínico. “Caso alguém não foi atendido com a estratificação de risco e não foi encaminhado, pode denunciar na ouvidoria do município que fica na Secretaria de Saúde e também na prefeitura”.

Ela explica que há 49 equipes de atendimento nos postos de saúde, sendo que faltam 18 médicos para atender pelo SUS, no município. “Fizemos um processo seletivo, somente três médicos se inscreveram. Falta interesse deles. Para você ter uma ideia, três se demitiram porque foram agredidos por pacientes de forma verbal e alguns fisicamente”. Ela conta que alguns também se demitem, porque terminaram a residência médica ou por outros motivos. 

Francine frisa que nenhuma unidade fica sem atendimento por falta de médico. “Temos médico de produção, eles vão até a unidade, atendem à demanda e vão embora. Todas as unidades têm enfermeiro (a), que podem solucionar muitos casos”.

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