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Presídio Masculino não produz mais lixo orgânico
São produzidos cerca de 200 quilos de lixo orgânico por dia no Presídio Masculino de Lages. E nada é jogado no lixo, tudo se transforma em compostagem, que vira adubo para uma horta cultivada sem agrotóxicos. Além de ajudar na preservação do meio ambiente, o alface, a salsinha e os temperos servem como alimento para os detentos e funcionários do presídio.
A nutricionista responsável pela alimentação do presídio, Tatiane Strade, explica que como faz compostagem em casa, já sabe como funciona o trabalho. A compostagem e a horta são monitoradas pelo professor Germano Güttler, do Departamento de Agronomia do CAV, que coordena o programa Lixo Orgânico Zero, em Lages.
Apesar de ter iniciado o trabalho há cinco meses, o presídio já possui seis espaços destinados para a compostagem e dois para cultivar a hora. Mas a ideia é aumentar a horta e, com o tempo, será necessário mais espaço para a compostagem. Um agente e um detento cuidam do local, geralmente duas vezes por semana, quando fazem o manejo.
Todos os dias, é preciso jogar o lixo orgânico em latões e fechar bem. Depois que enche, o lixo é colocado na compostagem. “Diariamente tem que cuidar para ver se é preciso colocar mais serragem ou fazer outra atividade, como furos para entrar oxigênio”, explica Tatiane.
Trabalho
Fábio Silva da Rosa está preso há três anos e desde que a horta começou, coordena as atividades com os outros detentos. “Eu já lidava na horta da minha avó, então já tenho um conhecimento”. Quando sair do presídio, o que deve acontecer, de acordo com ele, no segundo semestre do ano que vem, seus planos são de estudar engenharia civil. “Tenho família, duas filhas, e quero sair desse lugar rápido. Trabalhar aqui reduz minha pena e também me ajuda a pensar no futuro.”
Ele estudou até a sexta série e pretende fazer supletivo e faculdade. Quando olha para a compostagem e a horta, salienta que o trabalho no presídio, além de ajudar o meio ambiente, também dá ideias de que pode fazer a compostagem, quando ser livre.
Programa está crescendo
O professor Germano Güttler, do Departamento de Agronomia, conta que o 1º Batalhão Ferroviário também está fazendo compostagem. O objetivo é que o programa Lixo Orgânico Zero, amplie cada vez mais. Hoje, 109 escolas da rede estadual e municipal participam do programa, além de mais algumas entidades e um restaurante. “Queremos alcançar, pelo menos, 90% da rede pública de ensino, pois os estudantes propagam a ideia de ajudar o meio ambiente através da compostagem e da horta.”
Ele elogia o trabalho do detento Fábio Silva da Rosa. “Ele criou um manejo na compostagem, que melhorou o método que tínhamos. Com uma barra de ferro, ele faz furos e dá uns giros, fazendo com que a compostagem fique mais quente, criando uma maior oxigenação”.
Como começou o programa
O Programa Lixo Orgânico Zero, começou há cerca de 15 anos como um projeto de extensão do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Lages.
Em 2016, o programa, foi finalista do prêmio “Engie Innovation Trophies”, realizado em Paris, na França. E, em 2017, conquistou o 1º lugar, concorrendo com 320 projetos de todo o Brasil, em um edital do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) do Ministério do Meio Ambiente, que garante recursos do Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal. O banco reserva 2% do seu lucro líquido para custear projetos socioambientais.
O edital é específico para ações voltadas para a compostagem de resíduos orgânicos. A Udesc de Lages atua como executora do projeto e a prefeitura é a proponente, e além disso, contribuiu com R$ 33 mil.
A premiação nacional do programa foi de R$ 952 mil, divididos em três parcelas. A primeira, de R$ 477 mil rendeu sete bicicletas elétricas, três triciclos elétricos, uma caminhoneta Fiat Strada Hard Working, e um triturador de resíduos de podas, que está instalado no Horto Municipal, que fica no Bairro Várzea. Além de equipamentos para os 25 bolsistas do CAV e cerca de 10 voluntários, que atuam no programa.