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Prefeitura pensa em deslocar monumento do Getúlio Vargas

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Foto: Camila Paes

Em frente a um dos maiores símbolos de Lages, a Catedral Diocesana, está o monumento a Getúlio Vargas, instalado na Praça João Ribeiro há 60 anos. Não há como separar no imaginário dos lageanos os dois patrimônios culturais, que formam um par há anos. Entretanto, a Prefeitura de Lages, com a revitalização do Centro, tem pensado em mover o monumento, porque a estrutura estaria atrapalhando a visão para a igreja.

O prefeito Antonio Ceron explicou que não tem nada definido, mas está sendo analisada a possibilidade de mover o monumento. Por outro lado, Ceron confirma que será mantido na Praça João Ribeiro. A ideia é deslocar a construção uns 10 metros, para que a visão da Catedral seja mais completa. Ceron ressalta que recebeu centenas de reclamações de turistas sobre o local do monumento.   

Para isso, a prefeitura analisa a situação e o prefeito pretende conversar com o arquiteto João Argon Preto de Oliveira, responsável por projetar a Praça João Ribeiro e o monumento em homenagem a Getúlio Vargas. A estrutura, que foi inaugurada em 1958, começou a ser projetada em 1955. Ceron ressalta que respeita a história e que a movimentação da construção será vista com calma, sem agredir a trajetória da mesma.

Falta manutenção

Antes de ser movido de lugar, o que é visivelmente necessário para o monumento, é uma restauração. As lâmpadas estão quebradas – e é difícil lembrar da última vez que estiveram acesas -, as pastilhas estão arrebentadas e é preciso a boa limpeza no busto de Getúlio Vargas. Ceron explica que a intenção é reformar o monumento.

O historiador e arquiteto Fabiano Teixeira ressalta que é preciso pensar em duas questões: o contexto histórico e também no ganho de imagem da Catedral. No quesito histórico, Fabiano lembra que há uma lenda urbana de que o monumento foi instalado em frente à Catedral propositalmente, com a ideia de afrontar a Igreja Católica.

Fabiano ainda acrescenta que a construção faz parte do folclore lageano e pode representar a perda da memória de uma geração, que costumava e ainda costuma brincar no local. Já no ponto de vista arquitetônico, ele quebra o eixo da Catedral. Porém, a demolição seria algo incontestável e a mudança de local deveria ser discutida com a população, já que faz parte da memória lageana.

Sobre o projeto

O arquiteto João Preto explicou em entrevista ao Correio Lageano, em abril, que quando projetou o monumento pensou numa estrutura que compusesse com o prédio da Catedral. Segundo ele, os dois juntos compõem um visual harmônico. A decisão do local para a implantação do monumento não foi exclusiva de João Preto, mas sim de um conjunto de pessoas. O busto do ex-presidente foi comprado, e o projeto previa que fosse maior.

História

No dia 26 de setembro de 1958, o então vice-presidente da República, João Goulart, desembarcou em Lages, exclusivamente, para a inauguração do monumento. Na edição do Correio Lageano do dia 27 de setembro do mesmo ano, foi publicado que Jango – como era conhecido – desfilou em carro aberto pela cidade e parou na praça João Ribeiro, onde realizou discurso.

O texto lembra que “o Dr. João Goulart, em emotiva e brilhante oração, traçou o alcance da política econômica e social implantada no Brasil por Getúlio Vargas, definindo a linha democrática e cristã do Partido Trabalhista Brasileiro. O discurso do Vice-Presidente da República repercutiu fundo na imensa massa popular que se concentrou na praça da Matriz para homenagear Getúlio Vargas”, ressalta.

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