Geral
Preço do gás para a Indústria é mais salgado
O brasileiro acordou ontem com uma notícia nada agradável. O preço do gás de cozinha aumentou entre 4,2% a 4,6% na refinaria. Em Lages, o custo médio do botijão de 13 quilos, de uso residencial, deve ficar na casa dos R$ 74.
Em outros municípios, a exemplo de Correia Pinto, onde o consumidor já paga R$ 80 pelo produto, o preço deve se aproximar dos R$ 90. O impacto para quem utiliza gás industrial é ainda maior, situação que penaliza os empresários e, por consequência, toda a população que utiliza os serviços e produtos.
É que, enquanto o botijão de uso residencial teve o último reajuste no mês de abril, os os botijões P45 (45 quilos) e P20 (20 quilos) utilizados na indústria, sofreram três aumentos somente no último mês. Fátima Araújo, responsável pelo setor financeiro da distribuidora Liquigás, Índio José de Araújo, até a manhã de ontem não havia recebido informações de reajustes para o P13.
“Mantemos o mesmo preço desde abril. Nosso custo vive aumentando na forma de taxas e impostos, mas procuramos não repassar ao consumidor. A situação mais crítica é em relação ao gás industrial, que subiu várias vezes neste período.”
Geralmente, quando o consumidor opta por uma embalagem maior, proporcionalmente, paga menos pelo produto. Isso vale para grãos, refrigerantes, mas não se aplica em relação ao gás. Tomando como base o valor de R$ 70 para um botijão de 13 quilos, o valor do quilo fica em R$ 5,38. Assim, um botijão industrial de 45 quilos deveria custar no máximo R$ 242, mas está cotado entre R$ 280 e R$ 295.
Para se proteger contra os aumentos abusivos e, principalmente, de um desabastecimento, o empresário lageano Zenor José Zamban, do Restaurante Cansian Zamban, investiu na instalação de um reservatório para 1.680 quilos de gás. Assim, ele compra gás a granel, com preço inferior ao cobrado nos botijões. Ele avalia que foi uma decisão estratégica e que foi útil, inclusive durante a paralisação dos caminhoneiros.
Mas Zenor alerta que não é somente o valor do combustível que preocupa. “Trabalhamos com produtos de primeira linha e tudo está aumentando de preço. A situação é muito difícil, até porque para permanecer competitivo não podemos repassar tudo ao consumidor.”
Em 18 meses, os aumentos foram de 74,5%
Em 19 de janeiro de 2018, a Petrobras reduziu o preço do gás de cozinha em aproximadamente R$ 1, e as revendas não tiveram esse repasse em sua maioria absoluta. Em maio, outro desconto de, aproximadamente, R$ 1 foi concedido e, novamente, foi incorporado aos custos das distribuidoras. Já no Mato Grosso, o ICMS foi reduzido de 17% para 12% e, novamente, as revendas não viram este desconto. A informação é da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP.
“Citamos estes fatos para mostrar a população é nossa preocupação. O gás de cozinha não é mais tratado como um artigo de utilidade pública e sim como um produto de luxo, deixando o lugar para a lenha e o álcool,” argumenta Alexandre José Borjaili, presidente da entidade.
“Onde está havendo abusos? Na Petrobras, com seus aumentos que superam qualquer índice de inflação? No oportunismo das distribuidoras, praticando o índice percentual de aumento da Petrobras sobre o preço de compra das revendas?”
Já segundo o Sindigás, com o aumento anunciado ontem, o ágio praticado pela Petrobras está em 25,45% em relação ao preço praticado no mercado internacional e o preço do GLP empresarial vai ficar 57,52% acima do valor cobrado pelo GLP residencial.
Na avaliação do Sindigás, esse ágio vem pressionando ainda mais os custos de negócios que têm o GLP entre seus principais insumos, impactando de forma crucial as empresas que operam com uso intensivo de GLP.
Preços médios para botijão de 13 kg às distribuidoras sem tributos
5/7/2018 23,10
5/4/2018 22,13
19/1/2018 23,16
5/12/2017 24,38
Fonte: Petrobras
O botijão sai a R$ 23,10 da refinaria e depois de acrescido dos impostos, do custo de transporte e do custo do distribuidor, deve chegar a R$ 74,00 para o consumidor final