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Pedido para reforma do Museu Thiago de Castro já foi encaminhado

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Foto: Camila Paes

As chamas que consumiram a estrutura e todo o acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, repercutiram no mundo inteiro. Vinte milhões de peças que contavam a história do Brasil e do mundo foram destruídas pelo fogo, que começou na noite do último domingo e demorou horas para ser controlado pelo Corpo de Bombeiros. Como símbolo de resistência, o meteorito Bendegó, encontrado no sertão da Bahia durante o século 18, resistente a altas temperaturas, permaneceu praticamente intacto em meio à destruição.

A tragédia ocorrida no Rio de Janeiro abre nossos olhos para a preservação da nossa história. Quem observa a estrutura do Museu Histórico Thiago de Castro, na esquina das ruas Benjamin Constant e Hercílio Luz, no Centro de Lages, logo percebe que o prédio precisa de uma reforma.

A estrutura, que chegou a abrigar o Fórum de Lages, está com a pintura gasta e algumas marcas do tempo. Tombado desde 2001 pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), o museu não recebe uma reforma externa desde 1995, ano em que passou abrigar o Museu Histórico. Por causa da chuva de granizo, que atingiu quase toda a cidade em 2014, o telhado e as calhas precisaram ser trocadas.

O superintendente da Fundação Cultural, Gilberto Ronconi, explica que não é possível realizar qualquer reforma ou restauração no prédio, devido ao tombamento. Até mesmo para pintar é necessário elaborar um projeto que precisa ser aprovado pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC).

Ele ressalta que, no ano passado, encaminharam um plano de restauração à FCC, para que sejam buscados recursos nas esferas estadual e federal. Neste ano, vigas de madeira que sustentam a estrutura foram trocadas.

Em relação à segurança contra incêndios e outras tragédias, Ronconi garante que mantém rigor e cautela para garantir a segurança da estrutura e do arquivo histórico. Um dos exemplos foi a revisão da parte elétrica, principalmente porque a fiação é muito antiga.

Uma diferença em relação ao Museu Nacional, é que não há materiais inflamáveis no Thiago de Castro. Entretanto, há muito papel, já que mantém um dos cinco maiores acervos documentais do País. Esses documentos são armazenados em um estilo de caixa de aço, que protege da ação do tempo e também a água e fogo. Há também o arquivo deslizante, que mantém parte da documentação.

Além disso, o Thiago de Castro possui monitoramento de câmeras 24 horas.Os equipamentos são conectadas aos aparelhos de celulares dos gestores da instituição, além de possuir um guarda noturno todos os dias. Ronconi ressalta que o alvará dos bombeiros está em dia e os extintores de incêndio passaram por vistorias em março deste ano. Essas vistorias são realizadas de cinco em cinco anos.

Uma das opções de melhoramento do espaço, seria a transferência da Fundação Cultural para outro local, assim, o museu poderia ocupar os dois andares do prédio atual. A ideia, segundo Ronconi, é que o Fundação seja transferida para o Casarão Juca Antunes após a reforma ou, se o Centro Administrativo for construído, a Fundação pode ocupar o espaço da atual Prefeitura.

Plano museológico

A museóloga, historiadora e presidente da Associação Amigos do Museu, Carla Nogueira de Souza, explica que o problema de diversos museus brasileiros é a falta de um Plano Museológico, divido em programas, sendo que um deles, seria o de segurança.

Neste plano, estariam definidas as ações a serem tomadas em casos de ocorrências, como a de um incêndio, por exemplo, onde ficaria definido quem seria o responsável pelos extintores. Além disso, neste plano, fica determinado quais partes do acervo devem ser retiradas primeiro. Carla ressalta que a realidade dos museus brasileiros é a falta de investimentos e de equipes especializadas.

Em  2014, na época em que o Thiago de Castro foi atingido pela chuva de granizo, parte do acervo documental foi atingido pela água, mesmo estando protegido nas caixas de aço. Mas com a dedicação integral da equipe, colocaram a prova os procedimentos necessários para salvar os documentos e nada foi perdido. A assessoria do museu confirma a existência de um Plano Museológico no Thiago de Castro, que é atualizado todos os anos, para poder participar de projetos de captação de recursos.

História do museu

O idealizador Danilo Thiago de Castro, começou a tarefa de reunir o acervo em 1937, com apenas 17 anos, coletando pedras e alguns animais conservados em formol, ninhos de passarinho e outros utensílios. E, com isso, acabou criando uma pequena coleção de objetos e fotos.

Em 1943, aos 26 anos, Danilo fundou oficialmente o Museu Histórico Manoel Thiago de Castro. Em 9 de junho de 1960, o prefeito Municipal de Lages, Vidal Ramos Júnior, declarou o Museu Histórico Particular Thiago de Castro de Utilidade Pública, conforme Lei Municipal de nº 281.

Fundador do museu, Danilo Thiago de Castro – Foto: Arquivo

Em 22 de maio de 1960, foi, oficialmente, aberto ao público, em uma exposição realizada no Clube 14 de Junho, em Lages, com a presença de autoridades e convidados, chegando ao total de 4.224 visitantes em apenas uma semana. Foi percebida a necessidade de espaço para abrigar o ainda pequeno, mas precioso acervo.

No dia 6 de janeiro de 1962 o Museu Histórico é aberto ao público em prédio de propriedade particular, sem cobrar entrada, e o acervo do museu foi sendo mantido com recursos próprios, servindo à comunidade como faz até a atualidade.

Naquele período as dificuldades foram se somando por falta de espaço e falta de mão de obra especializada para o trabalho operacional e técnico, que eram realizados de forma empírica e amadora. Em 1981, o museu fecha suas portas, assim permanecendo até 1984, quando foi novamente aberto ao público.

Durante todos estes anos, grande parte do acervo foi sendo adquirida com recursos próprios, outro tanto com doações ou coletas, a maioria delas de pessoas que iriam jogar fora estes materiais, e que Danilo ia buscar impedindo sua destruição e, deste modo, fazendo com que este amontoado de “lixo” resultasse em um precioso acervo histórico.

Primeira sede do museu Thiago de Castro – Foto: eprodução/ Divulgação

Novo espaço

No ano de 1993, novamente o Museu Histórico Thiago de Castro fecha suas portas até dezembro de 1996. Em 1996, foi disponibilizado pela Prefeitura de Lages um espaço mais adequado para abrigar o acervo, passando o museu a ocupar o andar térreo do prédio onde funcionava o Fórum Nereu Ramos, após sofrer uma ampla reforma.

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