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Pacientes de neurologia também vão para Campos Novos
A alta demanda por consultas e procedimentos médicos faz com que os gestores de saúde busquem alternativas para o atendimento da população. Quando a oferta de serviços não é suficiente dentro do próprio município, é necessário encontrar outras formas de suprir a demanda, e uma delas é a compra estes serviços em outras cidades. Em Lages, isso acontece com diversas especialidades e procedimentos médicos, como as cirurgias de catarata (matéria publicada no fim de semana pelo Correio Lageano).
Contudo, além de mutirões para realização de procedimentos e exames, os pacientes também têm saído de Lages para passar por consultas médicas. Para suprir a demanda por consultas em neurologia, por exemplo, o município faz parceria com o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Associação dos Municípios da Região Serrana (CIS/Amures). Mensalmente, cerca de 100 consultas são compradas fora daqui, na tentativa de diminuir a fila de espera.
Em 11 de setembro, a reportagem acompanhou um grupo de pacientes que foi a Campos Novos fazer cirurgia de catarata. Neste dia, ao chegar na cidade do Meio-Oeste, acabou encontrando outro grupo de pacientes que também saiu de Lages, na mesma madrugada, para fazer consulta com um neurologista em uma clínica particular.
A comerciante Ilza de Fátima da Silva, 56 anos, é moradora do Bairro Santo Antônio, em Lages, e viajou acompanhada do filho para fazer a consulta. Depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), em junho, ela recebeu encaminhamento, pois precisa de acompanhamento médico constante.
“Até que foi rápido pra conseguir a consulta, mas a recuperação tá bem difícil. A viagem é confortável, mas se fosse em Lages seria melhor e mais rápido pra gente, e não precisaria ir longe”, comenta.
A situação da estudante Ana Carolina dos Santos, 16 anos, que mora no Bairro Dom Daniel, é pouco diferente. Ela nasceu com um problema neurológico e, por isso, faz acompanhamento médico regular. Neste dia, viajou com a avó Marta Pereira dos Santos, 53 anos, depois de ficar meses na fila de espera por uma consulta.
“A gente fez o pedido no final do ano passado e a consulta saiu em setembro. Ela toma remédio pro aneurisma e pra depressão, por isso sempre tem que ir no médico pra ver se tá tudo certo”, explica a avó, que contou não entender o porquê de não ser mais atendida em Lages.
Os atendimentos aos pacientes de Lages acontecem por meio do convênio entre o CIS/Amures e a clínica em Campos Novos. De acordo com a gerente da clínica, Ana Paula Klaus, este convênio acontece há cerca de oito meses, mas as consultas neurológicas estão sendo realizadas há aproximadamente cinco meses.
Fila de espera por neuro é uma das maiores
De acordo com a Secretaria da Saúde de Lages, a fila de espera por consulta neurológica é uma das maiores. Atualmente, mais de 1,4 mil pacientes esperam por atendimento. A diretora executiva do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Amures, Nalú Terezinha Júlio, explica que em Lages há sete neurologistas que atendem à população, contudo, apenas dois atendem pelo convênio firmado entre o município e o Consórcio.
Semanalmente, cada um deles faz entre 10 e 15 consultas, o que não é suficiente para reduzir a fila de espera. Por isso, segundo Nalú, o serviço tem sido comprado pelo Consórcio de uma clínica particular em Campos Novos. Lá, outros dois médicos atendem aos pacientes. No total, o consórcio disponibiliza para Lages cerca de 100 consultas por mês, fora da cidade.
O principal motivo para a baixa oferta de profissionais é valor pago pelo Consórcio: a cada consulta, o médico recebe R$ 50 (R$ 10 custeados pelo Sistema Único de Saúde [SUS] e R$ 40 pagos pelo município, por intermédio do consórcio).
“Se os outros [neurologistas de Lages] quiserem contratar conosco, nós contratamos, mas tem um valor máximo de consulta que podemos pagar, por isso, nem todos aceitam. Primeiro nós utilizamos a oferta que tem aqui, mas como a fila é grande, contratamos fora também. O objetivo é atender aos pacientes. Então, enquanto tiver paciente na fila e tivermos recurso financeiro, temos que atender o máximo que puder por mês”, afirma Nalú.