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Pacientes de neurologia também vão para Campos Novos

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Ilza sofreu um AVC em junho e precisava de acompanhamento médico, mas apenas em setembro conseguiu a consulta - Fotos: Núbia Garcia

A alta demanda por consultas e procedimentos médicos faz com que os gestores de saúde busquem alternativas para o atendimento da população. Quando a oferta de serviços não é suficiente dentro do próprio município, é necessário encontrar outras formas de suprir a demanda, e uma delas é a compra estes serviços em outras cidades. Em Lages, isso acontece com diversas especialidades e procedimentos médicos, como as cirurgias de catarata (matéria publicada no fim de semana pelo Correio Lageano).

Contudo, além de mutirões para realização de procedimentos e exames, os pacientes também têm saído de Lages para passar por consultas médicas. Para suprir a demanda por consultas em neurologia, por exemplo, o município faz parceria com o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Associação dos Municípios da Região Serrana (CIS/Amures). Mensalmente, cerca de 100 consultas são compradas fora daqui, na tentativa de diminuir a fila de espera.

Em 11 de setembro, a reportagem acompanhou um grupo de pacientes que foi a Campos Novos fazer cirurgia de catarata. Neste dia, ao chegar na cidade do Meio-Oeste, acabou encontrando outro grupo de pacientes que também saiu de Lages, na mesma madrugada, para fazer consulta com um neurologista em uma clínica particular.

A comerciante Ilza de Fátima da Silva, 56 anos, é moradora do Bairro Santo Antônio, em Lages, e viajou acompanhada do filho para fazer a consulta. Depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), em junho, ela recebeu encaminhamento, pois precisa de acompanhamento médico constante.

“Até que foi rápido pra conseguir a consulta, mas a recuperação tá bem difícil. A viagem é confortável, mas se fosse em Lages seria melhor e mais rápido pra gente, e não precisaria ir longe”, comenta.

A situação da estudante Ana Carolina dos Santos, 16 anos, que mora no Bairro Dom Daniel, é pouco diferente. Ela nasceu com um problema neurológico e, por isso, faz acompanhamento médico regular. Neste dia, viajou com a avó Marta Pereira dos Santos, 53 anos, depois de ficar meses na fila de espera por uma consulta.

“A gente fez o pedido no final do ano passado e a consulta saiu em setembro. Ela toma remédio pro aneurisma e pra depressão, por isso sempre tem que ir no médico pra ver se tá tudo certo”, explica a avó, que contou não entender o porquê de não ser mais atendida em Lages.

Os atendimentos aos pacientes de Lages acontecem por meio do convênio entre o CIS/Amures e a clínica em Campos Novos. De acordo com a gerente da clínica, Ana Paula Klaus, este convênio acontece há cerca de oito meses, mas as consultas neurológicas estão sendo realizadas há aproximadamente cinco meses.

Ana Carolina tem um problema neurológico desde o nascimento, e esperava por consulta desde o fim do ano passado

Fila de espera por neuro é uma das maiores

De acordo com a Secretaria da Saúde de Lages, a fila de espera por consulta neurológica é uma das maiores. Atualmente, mais de 1,4 mil pacientes esperam por atendimento. A diretora executiva do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Amures, Nalú Terezinha Júlio, explica que em Lages há sete neurologistas que atendem à população, contudo, apenas dois atendem pelo convênio firmado entre o município e o Consórcio.

Semanalmente, cada um deles faz entre 10 e 15 consultas, o que não é suficiente para reduzir a fila de espera. Por isso, segundo Nalú, o serviço tem sido comprado pelo Consórcio de uma clínica particular em Campos Novos. Lá, outros dois médicos atendem aos pacientes. No total, o consórcio disponibiliza para Lages cerca de 100 consultas por mês, fora da cidade.

O principal motivo para a baixa oferta de profissionais é valor pago pelo Consórcio: a cada consulta, o médico recebe R$ 50 (R$ 10 custeados pelo Sistema Único de Saúde [SUS] e R$ 40 pagos pelo município, por intermédio do consórcio).

“Se os outros [neurologistas de Lages] quiserem contratar conosco, nós contratamos, mas tem um valor máximo de consulta que podemos pagar, por isso, nem todos aceitam. Primeiro nós utilizamos a oferta que tem aqui, mas como a fila é grande, contratamos fora também. O objetivo é atender aos pacientes. Então, enquanto tiver paciente na fila e tivermos recurso financeiro, temos que atender o máximo que puder por mês”, afirma Nalú.

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