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Museu de las Intervenciones reaviva sentimento nacionalista dos mexicanos
Cidade do México, 12 jun (EFE)
Embora não seja o mais visitado, o Museu Nacional de las Intervenciones aviva o sentimento nacionalista dos mexicanos, pois lembra a perda da metade do território em guerras com Estados Unidos, entre a Independência e a Revolução, façanhas festejadas no bicentenário e no centenário.
O Museu Nacional de las Intervenciones abriu as portas 29 anos atrás, no ex-convento de Churubusco, que fica no bairro de Coyoacán.
Por seus salões passeiam alunos de ensino básico e médio, que veem com assombro as cenas de batalhas contra tropas espanholas, quando o México iniciava sua vida independente ou do período da resistência às invasões francesa e americana.
"Entre o bicentenário e centenário houve o século XIX com uma série de eventos que vão dando ao país seu perfil, construindo anação", disse à Agência Efe a antropóloga Enriqueta Cabrera, diretora do museu.
"Não há como negar que as intervenções foram dolorosas, principalmente a dos Estados Unidos (1846-1848), em que perdemos mais da metade do território, dois milhões de quilômetros quadrados", assinalou.
"Também é preciso dizer que a defesa contra as intervenções reafirmou a Independência do México", acrescentou.
No lugar onde está agora o museu havia um santuário a Huitzilopochtli, deus asteca da Guerra, sobre o qual os evangelizadores espanhóis construíram um convento que anos mais tarde foi um quartel mexicano onde ocorreu uma batalha contra as tropas invasoras dos EUA, em 1847.
Os canhões com que os mexicanos repeliram a agressão ladeiam a entrada do museu e as muralhas ainda guardam as marcas dos impactos das balas.
No interior há distintas bandeiras, uma máscara mortuária do imperador Maximiliano de Habsburgo (1832-1867), uma carruagem do presidente Benito Juárez (1806-1872), algumas armas e joias usadas nessas épocas.
Também está em exibição a vida cotidiana do convento no período em que foi ocupado pelos frades.
"Passou muito tempo" desde aqueles anos malditos e os mexicanos já sabem bem como é o México de hoje, disse Cabrera.
A perda do Texas, Nova Califórnia e Novo México é uma ferida aberta, mas a relação com os EUA nos últimos está sendo normalizada.
México é desde 1994 sócio dos EUA e do Canadá no Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta), e do lado americano há 30 milhões de pessoas de origem mexicana. Apesar dessas alianças e da convivência, ainda existem temas espinhosos na relação entre as nações, como a questão da migração.
Naquela época, o México estava surgindo como nação e não tinha um grande Exército para combater o dos EUA, país que despontava como uma potência mundial com uma política expansionista.
Os estudantes são em grande parte as pessoas que mais visitam o museu. Aos domingos, o local recebe famílias, poucos são os estrangeiros que se aproximam deste lugar.
As invasões estrangeiras ao México no século XIX serviram também para marcar a política externa mexicana, com princípios como a não-intervenção, a autodeterminação dos povos e o fortalecimento da soberania.
Houve duas invasões americanas em plena Revolução mexicana, a de 1914, ena de 1917, com a perseguição ao general revolucionário Pancho Villa que tinha atacado o povoado de Columbus.
México não só enfrentou as tropas estrangeiras, mas à ambição de seus políticos, alguns deles apoiaram as intervenções.
Ao sair do museu em uma visita, o adolescente Darío Albañez disse: "senti que antes (os mexicanos) eram muito egoístas e por isso perderam batalhas e perdemos nossos territórios".
Cabrera sugere como exemplo de ambição Antonio López de Santa Anna, quem foi considerado um herói por derrubar as tropas espanholas, e que depois foi presidente 11 vezes, em de suas gestões todo o território foi perdido.
"Um dos generais americanos dizia que se os mexicanos tivessem mantido a união, muito dificilmente (os estrangeiros) tivessem conseguido triunfar", lembrou Cabrera.
O mestre Eduardo Samano, do Instituto Kiel Hyre, disse que leva aos alunos ao museu para que conheçam esta parte da história e afirma que a reação dos estudantes é sempre de "assombro e incredulidade".
Foto: (EFE)