Geral
Mistério sobre homem que vive embaixo da ponte permanece
Quem passa por cima da ponte da Avenida Presidente Vargas, no Bairro Coral, em Lages, nem imagina o que acontece por baixo. Cheguei ao local indicado, tentei comunicação com o homem que todos querem saber quem é.
Ele veio até mim, falei em português, inglês e usei até mesmo o Google Tradutor. O homem, que tem uma aparência muito jovem, idade entre 25 a 30 anos, olhou para mim e disse: cinco reais? dez reais? é isso? “brigadão”. E apontava com as mãos fazendo o famoso gesto de “beleza”.
Fiquei sentada no barranco, esperando que ele voltasse, continuei falando. Enquanto isso, quem passava pela ponte estava curioso, até mesmo os profissionais da Secretaria de Meio Ambiente queriam saber o que estava acontecendo. Claudinei, Sebastião e João, viram a minha dificuldade e decidiram ajudar. Claudinei desceu o barranco e foi até o homem, o chamou. Segunda tentativa, mais uma em vão.
O jovem é tranquilo, apesar de aparentar não saber muito sobre a nossa língua, consegue dizer o essencial para sobreviver. Embaixo da ponte, há muitos sacos de lixo, comida e litros de garrafa pet. Durante todo o tempo que estive lá, o jovem fumou alguns cigarros feitos à mão. O mistério em torno da história do homem se dá pelo fato da falta de comunicação e pela dificuldade que até os intérpretes do Haiti e Senegal têm em entendê-lo.
A Secretaria de Assistência Social tenta, há uma semana, contato com o morador. Mara Rita, coordenadora do Centro de Acolhimento POP, Ana Claudia, psicóloga da abordagem social e Beatriz Paggi, diretora de média complexidade, estiveram no endereço para explicar sobre as estratégias de atendimento e logística para retirá-lo da ponte. Todos os dias profissionais o visitam, conversam, fazem gestos para comer, tomar banho e dormir, mas sem resultados. Assim, as visitas serão intensificadas.
Um dos problemas que elas identificam é a quantidade de doações que chegam até o jovem, dessa forma, ele permanecerá no local, pois saberá que todos os dias terá alimentos. Assim, a orientação é que a população evite doar, ou se desejar muito fazer uma caridade, que entregue os objetos ou comidas no Centro POP, para que os profissionais façam a entrega e, dessa forma, fortaleçam o vínculo, ganhem confiança e consigam retirar o jovem debaixo da ponte. Mara frisa que a Secretaria de Assistência Social pode ofertar todos os serviços necessários pelo homem, porém, é necessário que ele aceite sair do local.