Eleições
Mesmo com cotas, representatividade feminina ainda é pequena
Mesmo que esteja na legislação brasileira a obrigatoriedade de 30% dos candidatos dos partidos serem mulheres, a representatividade feminina no Brasil é pequena. De acordo com o Projeto Mulheres Inspiradoras, o Brasil ocupa a 161ª posição em um ranking de 186 países sobre a representatividade feminina, atrás de todos os outros países do continente americano.
Em uma pesquisa realizada pelo Ibope/Instituto Patrícia Galvão, em 2013, 71% dos entrevistados consideram a reforma política muito importante para garantir 50% de homens e 50% de mulheres nas listas de candidaturas dos partidos, 74% acreditam que só há democracia de fato com a presença de mais mulheres nos espaços de poder e de tomada de decisão e 78% concordam que os partidos deveriam apresentar uma lista de candidatos composta por metade de homens e metade de mulheres.
A doutora em Educação e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Gênero, Educação e Cidadania na América Latina (Gecal), Mareli Graupe, ressalta que deveria, por lei, serem aprovadas as candidaturas, independentemente da quantidade de votos, de 50% de mulheres e 50% de homens.
Historicamente, as mulheres nunca tiveram o direito de estar nos locais de poder é por isso que ainda sofrem tantas violências e há poucas políticas voltadas para as mulheres. “Nós temos poucas mulheres em cargos de decisão, política e em direção de grandes empresas. Por isso, precisamos de mulheres na política, para que sejam aprovadas leis que possibilitam a inclusão efetiva em todos os campos de saber”, acrescenta.
Entretanto, um dos problemas é que muitas mulheres são candidatas apenas para cumprir as costas. Mareli enfatiza que não uma proposta de apoio ou empoderamento pessoal, social, político e financeiro, com propostas para que as mulheres possam realmente se empoderar e fazer uma campanha com objetivo. “O certo é que 50% dos candidatos sejam mulheres, para que o maior número possível sejam eleitas. Precisamos pensar em várias coisas em termo nacional”, acrescenta.
Em relação à cota, Mareli ressalta que é necessário analisar como ela é aplicada. Um das soluções seria os partidos apresentarem relatório do que realmente trabalharam nessa perspectiva de empoderar as mulheres que estão nos seus partidos políticos, que estejam preparadas psicologicamente e socialmente e claro com conteúdos. Não basta ser mulher não basta entender de políticas públicas para as mulheres, também precisam de uma formação sobre as diversas áreas que demandam.
Panorama na Serra
Para entender a dimensão, podemos olhar para nossa região. Em todos os 18 municípios da Serra Catarinense, somente uma mulher ocupa a cadeira de prefeita municipal, no município de Palmeira. Em Lages, por exemplo, apenas uma mulher chegou ao Poder Executivo, como vice-prefeita.
Terezinha Carneiro participou do mandato de 1997 a 2000. Nas 18 legislaturas de Lages, 15 mulheres ocuparam cargos de vereadoras, sendo a primeira em 1973, com Margarita Matiotti. No Governo do Estado de Santa Catarina, nenhuma mulher chegou ao Poder Executivo e, neste ano, há uma candidata ao Governo do Estado e duas candidatas a vice. Dos 20 candidatos a deputado federal e estadual que representam a Serra Catarinense, apenas quatro são mulheres.