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“Lobo do Mar” é rap de Lages no YouTube

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Arit e Cinké fazem rap juntos há mais de cinco anos. Eles lançaram em julho seu primeiro videoclipe com a música “Lobo do Mar” - Foto: Núbia Garcia

Música urbana que consiste na declamação rápida e ritmada de um texto, o rap ainda é uma cultura marginalizada e sem muito espaço por aqui, apesar de ser um estilo em ascensão no mercado. Para quem não conhece, pode até parecer que tudo gira em torno do improviso e que as letras são desconexas e sem sentido. Mas o que poucos sabem, é que a produção de uma música de rap envolve tanto ou mais estudo, preparação e busca por referências quanto qualquer outro gênero.

Trabalhando juntos há mais de cinco anos, os amigos Thiago Nandi (Arit), 24 anos, e Bruno Silveira (Mosif Cinké), 21 anos, já compuseram e produziram várias músicas. “Produzimos uns dois CDs, que nunca saíram, mas a gente já fez bastante coisa”, comenta Cinké.

Mais recentemente, passaram meses trabalhando para concluir o primeiro single. O videoclipe de “Lobo do Mar” foi lançado nas plataformas em julho deste ano, depois de muito empenho para que a produção tivesse qualidade e um bom acabamento. “Faz quase dez anos que eu faço rap, mas este é o primeiro audiovisual que a gente consegue fazer aqui em Lages, com recursos próprios”, conta Arit.

Cinké escreve suas letras a partir de experiências pessoais e críticas sociais. Arit sempre busca inspirações para basear sua composição. O novo single, por exemplo, é inspirado em um clássico da literatura mundial, o livro “Lobo do Mar”, escrita por Jack London.

“Tô sempre estudando para aprimorar a minha arte e também para aprender a trabalhar de maneira independente. Quero me tornar independente e lucrar através de direito autoral”, afirma Arit, que também assina a produção de diversas músicas, algumas delas com artistas reconhecidos nacionalmente.

Cinké é acadêmico de Psicologia e trabalha em uma loja. Arit é historiador formado e barbeiro de profissão. Os amigos contam que há muita dificuldade em fazer de sua arte uma profissão, pois é preciso ter um emprego para se manter, por isso, acabam levando a arte, sua grande paixão, como um hobby.

“É muito complicado ser artista independente, poder gravar a própria música e ter o mínimo de qualidade possível. Porque, pra você entrar em um estúdio pra gravar é muito caro, demanda muito esforço de tempo e dinheiro, coisas que quase nenhum músico independente tem”, analisa Cinké.

Os amigos, que se conheceram e começaram a fazer rap juntos porque suas mães são amigas, contam que o estilo musical e moral ensinado através da batida e das rimas ajudou a construir seu caráter e personalidade. “O rap, essencialmente, mexe com discurso e empoderamento. A pessoa pode cantar melodicamente, mas sobretudo é discurso. Não é [uma música de] um verso ou uma estrofe que você repete duas vezes e acaba. A música tem profundidade maior”, completa Arit.

Os artistas

Arit faz parte de um grupo de artistas independentes que buscam o desenvolvimento autônomo de suas carreiras. Produz instrumentais há 10 anos. Acumula em seu currículo produções como o álbum “Mal dos Trópicos, Construindo a Ponte da Prata Quebrada”, do rapper florianopolitano Makalister.

Neste álbum, produziu os singles “A era do amor virtual” e “Spyce Girl”, que conta com participação do rapper Froid, de Brasília. Também compôs o instrumental do hit “Planos”, presente no álbum “Gigantes”, do rapper fluminense BK.

Mosif Cinké atua como MC e é um dos principais colaboradores de Arit. Escreve rimas desde os 12 anos. Uma breve experiência no curso de história da Udesc, em Florianópolis, o ajudou a construir um discurso contundente para sua música.

Vê na cultura negra uma importância singular para a afirmação da sociedade vista mais à margem, principalmente na região da Serra. Ao lado de Arit, tem trabalhado para desenvolver o selo 2074, composto integralmente por artistas independentes.

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