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Lages investe na qualidade de vida da população com mais de 70 anos
Lages, 24/06/2010, Correio Lageano
O mestre de obras aposentado, C.D.R., 70 anos, passa as tardes sentado em um banco do calçadão da Praça João Costa, em Lages. Sua única filha o mandou embora de casa quando ele recusou entregar à ela seu cartão para recebimento da aposentadoria.
“Quando eu disse que não daria porque o dinheiro é meu, ela me trancou em um quarto por três dias, me agrediu e depois me mandou embora de casa. É triste alguém que é sangue da gente fazer isso. Sempre dei estudo e carinho pra ela e para o meu neto. E foi isso o que recebi em troca”, relata. Sem poder ficar na casa que construiu com seu próprio trabalho, ele mora hoje em uma pensão no centro da cidade.
A história deste aposentado é o retrato do que diariamente centenas de idosos passam em seus lares.
Atualmente, a população idosa de Lages é de aproximadamente 14 mil pessoas. De acordo com a secretária executiva do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Lages, Vera Márcia Branco, mensalmente os conselheiros recebem mais de 40 novas denúncias de casos de violência, maus tratos, negligência ou abandono contra idosos. “A realidade ainda é muito cruel, mas ao mesmo tempo que há um percentual de pessoas sofrendo e sendo mal tratadas, há um outro, cada vez mais crescente, de idosos que buscam qualidade de vida e sua inserção na sociedade”, revela.
De acordo com a presidente da Associação Lageana da Terceira Idade (Alteri), Rita Parizotto, o tema tem sido amplamente trabalhado e as mudanças já começam a aparecer. “Procuramos trabalhar a cidadania, o resgate à identidade e da alegria de viver através de orientações, palestras, grupos de dança e diversos eventos públicos”, conta.
Rita acredita que a situação do idoso já mudou bastante, entretanto, frisa que o problema não vai deixar de existir se não forem trabalhadas questões como a cultura da sociedade. “As pessoas ainda não aprenderam a respeitar o idoso e isso é fundamental para que possamos viver com idosos inseridos na sociedade e com vontade de viver”. A Alteri trabalha hoje com aproximadamente 800 idosos.
Fotos: Deise Ribeiro