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Iniciativa Projeto quer frear o êxodo rural
Em menos de 60 anos, a população rural em Santa Catarina caiu de 77% para menos de 20%. Sem oportunidade no campo, ou atraídos pela modernidade existente nas cidades, jovens incham os grandes centros. Migração que nem sempre dá certo.
Vários são os projetos para frear esse movimento. Atualmente, entidades, governo e Assembleia Legislativa estudam uma forma de flexibilizar a legislação, facilitando a produção e a comercialização da agricultura familiar, de produtos de origem animal.
Esse projeto foi discutido, essa semana, em evento na Câmara de Vereadores em Lages. A proposta está para avaliação do Governo do Estado e a expectativa é que seja encaminhada para votação na Assembleia Legislativa, onde a aprovação deve ocorrer ainda este ano.
Nas condições atuais o agricultor não tem como competir com a indústria de alimentos, não pode sequer cumprir as exigências de produção ou comercialização.
Para o deputado Dirceu Dresch, presente à discussão,a nova legislação permitirá tratamento diferenciado para o pequeno agricultor. Atualmente, cerceado pelos limites impostos pelas leis, o agricultor tem poucas opções.
Ou se filia a uma cooperativa, onde fará parte de uma cadeia de produção, ou produz e vende na clandestinidade, correndo o risco de ver seus produtos apreendidos.
Com a aprovação da lei, Dresch acredita que os produtos da terra serão valorizados, a exemplo do que ocorre nos países europeus. “Quando um turista visita um lugar, encontra um queijo, um salame ou outros produtos diferenciados, existentes apenas naquele local. Isso agrega valor, pode ser feito em Santa Catarina e, principalmente, na Serra Catarinense.”
O êxodo e seus motivos
Santa Catarina possui apenas 185 mil famílias vivendo no campo. Na Serra Catarinense, dos mais de 400 mil habitantes, segundo o IBGE apenas 73 mil vivem no meio rural, isso que a região possui o maior território do Estado.
Ao andar pelas propriedades, percebe-se, basicamente, a presença de crianças e pessoas idosas. Os jovens são raros.
É que, sabedores das dificuldades em se viver no campo, logo que se formam, ou na primeira oportunidade, migram para as cidades.
Os apelos são inúmeros, desde a possibilidade de trabalhar em outras áreas, até mesmo a modernidade viabilizada pela internet, que ainda não alcançou todos os locais. Há uma década, muitas propriedades sequer tinham energia elétrica.
Quando não encontram colocação nas cidades, filhos de agricultores passam a engrossar as estatísticas de pobreza. Vivem em imóveis sem condições e dependem de subempregos.
O caminho inverso
Mas, nos últimos anos, já se percebe um tímido movimento de permanência ou retorno ao campo. Na Serra Catarinense, um dos termômetros é o Cedup Caetano Costa, em São José do Cerrito. Jovens disputam vagas. O objetivo é modernizar as propriedades onde nasceram ou viveram.
Para cumprir esse objetivo, contam com o apoio de outros órgãos, a exemplo da Epagri, Cidasc, Senar, que oferece vários cursos gratuitos voltados ao setor.
Existem, ainda, linhas de crédito e programas de apoio. Um deles é o SC Rural, Programa do Governo do Estado, que já disponibilizou R$ 700 milhões em investimentos para modernizar as propriedades.