Esportes
Greice Behm: Atleta da Leoas da Serra
Correio Lageano: Como foi seu início de carreira?
Greice Behm: Sabemos que existe um preconceito muito grande com o futsal feminino. Eu comecei a jogar com sete anos e saí de casa com 14. Comecei a jogar no internacional de Porto Alegre (RS), onde fiquei três anos. Então, decidi voltar para casa, quando o time de Santa Catarina me convidou para jogar em Criciúma, onde fiquei durante oito anos. E quando o time de Criciúma encerrou eu retornei para o Rio Grande do Sul, fiquei mais dois anos por lá. Em 2014, surgiu a oportunidade de jogar em parceria com o Inter de Lages e Criciúma, para jogar a liga nacional. E 2015 surgiu a proposta de vir jogar definitivamente para Lages. Desde 2015 estou em Lages.
Quais os títulos vocês já conquistaram com as Leoas?
Quando eu cheguei, a gente era um time que disputava Jocol, Interbairros e, aos poucos, nós fomos crescendo, alavancando e evoluindo. Foram chegando meninas que têm uma grande carreira e um grande nome, e isso foi um benefício para as Leoas. A consequência disso, foi a conquista de grandes títulos, de lotar ginásios e mudar o pensamento do povo lageano. Conquistamos a Copa do Brasil, Libertadores e, agora, a Copa Intercontinental. Acredito que estamos construindo uma história muito linda aqui em Lages, e cada um que passa pelo projeto deixa seu legado.
Ao que você atribui esse sucesso e crescimento do time?
São os fatores primordiais: treinamento, dedicação e foco. A gente sabe que quanto mais a gente ganha, mais a nossa responsabilidade aumenta. A gente sabe que precisamos dar além do nosso melhor. Ser atleta é ser diferente, você não tem descanso, seu corpo está sempre no seu limite, você não pode sentir dor e mesmo que sinta precisa treinar com dor mesmo. São fatores que você vai evoluindo e crescendo. Você faz com que a base te ajude e cresça junto com a gente. O futsal tem uma crescente muito grande, graças ao projeto Leoas da Serra, que vem evoluindo, tendo transmissão pela SporTV, e demonstrando o que realmente nós somos. A gente treina e batalha, tanto como o masculino, mas ainda não somos tão conhecidas quanto eles. Mas estamos no caminho certo. Não é fácil chegar ao auge, é um trabalho árduo, mas se manter no auge, é muito mais difícil. Precisamos continuar batalhando para manter a seleção das Leoas lá no auge e trazer orgulho para o povo lageano.
Um dos reconhecimentos deste trabalho foi a convocação de você e outras meninas para a Seleção Brasileira de Futsal?
Minha primeira convocação foi em 2017, mas eu rompi meu ligamento 10 dias antes de me apresentar para a Seleção. Fiz a cirurgia e retornei, e graças a Deus esse ano fui honrada com a convocação novamente, para o primeiro Grand Prix de futsal feminino. E junto comigo foram a Amandinha e Diana, mas elas já são fixas na Seleção. Fico muito feliz pela convocação, pois toda criança, quando começa a jogar tem o sonho de vestir a amarelinha. Espero continuar usando a camisa da Seleção, estou trabalhando firme para continuar dando orgulho para minha família e para as pessoas que gostam e trabalham comigo.
Como foi a experiência de jogar a Copa Intercontinental na Espanha?
Foi gratificante. Sabíamos da dificuldade que haveria na Espanha, sabíamos que chegaríamos lá e seria um time aguerrilho. Além da dificuldade da equipe, tivemos dificuldades com o fuso horário, alimentação, descanso, a quadra muito lisa e cheia de demarcações, cheia de linhas. Foram fatores que contribuíram para nossa derrota, não que tenha sido o motivo, pois o time delas é muito qualificado. Infelizmente, o resultado positivo não veio, mas voltamos para o Brasil, mais determinadas ainda, pois aqui o jogo seria diferente. A torcida lageana, da região e os estados vizinhos, foi primordial, para nossa vitória aqui.
E todo esse desempenho, contribui para vocês receberem mais apoio?
Temos um apoio muito grande de Lages e Região. Temos apoiadores muito fortes, que nos ajudam desde o início do projeto. O título mundial, isso ajuda para crescer o projeto, na valorização e melhoria do salário, aumentar as escolinhas. Toda vez que você ganha, todo mundo cresce, todo mundo evolui.
Como é o projeto das escolinhas das Leoas?
Elas são o nosso futuro, pois ninguém é eterno. Vai chegar uma hora que vamos encerrar a carreira e precisamos de meninas que nos substituam. As escolinhas são um motivo de criar jogadoras, mas também tornar seres humanos melhores, porque não cobramos só para ser atletas, mas para ser pessoas boas, na escola e na vida. Eu não sei se quando elas crescerem vão escolher ser atletas, mas fico feliz pois em uma fase da vida eu contribui com a evolução delas. O futsal é um esporte que só ele traz o que é a interação, trabalhar em grupo, saber perder e saber ganhar e respeitar o adversário. Além de termos grandes atletas em nossa escolinha, teremos grandes seres humanos. E que elas sejam felizes na escolha que elas fizerem durante a vida.
Colaborou: Marcela Ramos