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Frio intenso beneficia cultivo de maçã
Os produtores de maçã de Santa Catarina estão satisfeitos com as baixas temperaturas que atingiram o estado nos últimos dias. Isso porque as macieiras precisam de frio para se desenvolver e gerar frutos de qualidade. A expectativa é de que o frio continue em julho e agosto, animando ainda mais o setor e trazendo uma boa safra no ano que vem.
O diretor executivo da Associação dos Produtores de Maçã e Pêra de Santa Catarina (AMAP), Maurício José Montibeller informou que as baixas temperaturas dos últimos dias trouxeram benefícios para os produtores de maçã, que estavam preocupados com as temperaturas acima da média para esta época do ano, isso porque o frio é essencial para o desenvolvimento da maçã.
Ele explica que, durante o período de dormência, a maçã precisa de 700 horas de frio, com temperaturas abaixo de 7,2°C, para ter um bom desempenho. Até na semana passada, porém, os pomares da região da São Joaquim tinham menos de 100 horas de frio. “Se continuar assim (temperaturas baixas), acho que vai atingir a quantidade de frio necessária para a fruta”, prevê Maurício.
Santa Catarina é o maior produtor de maçã do Brasil. O estado, segundo Maurício, responde por 40% da produção da fruta. Na safra 2018/2019, os cerca de 16 mil produtores catarinenses produziram aproximadamente 600 mil toneladas. São Joaquim é o maior produtor, com cerca 330 mil toneladas. Só em Santa Catarina, o setor gerou um Valor Bruto de Produção Agropecuária (VBP) de R$ 536,7 milhões no último ano.
Possíveis danos na agricultura
Se, por um lado, o frio animou os produtores de maçã, por outro trouxe preocupação para outros setores agrícolas da região. Em Lages, após as geadas fortes que atingiram a região, possíveis estragos em plantações na zona rural do município estão sendo avaliados. A maior preocupação é em relação à produção de hortaliças.
O diretor da Secretaria de Agricultura de Lages, Ozair Coelho (Polaco), disse que a pasta ainda não tem um levantamento dos possíveis danos causados pelo frio na agricultura do município. “Até agora (segunda à tarde), nenhum produtor nos procurou para reclamar, mas por determinação do secretário Osvaldo Uncini, um técnico da secretaria está visitando as propriedades para avaliar a situação”, disse.
O extensionista da Epagri em Lages, Pedro Donizete de Souza declarou que, geralmente, a produção de hortaliças é a que sente mais os efeitos do frio. Ele observou, no entanto, que hoje em dia muitos produtores optam pelo cultivo em abrigo, assim, a produção fica protegida. “Se teve algum dano, foi pouco. A maioria dos produtores cultiva em abrigo”, reforçou.
Previsão
As previsões do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Epagri/Ciram) são para um inverno ameno e com temperatura acima da média no estado.
A maioria das massas de ar frio devem chegar ao Sul do Brasil com menos intensidade e com menor duração sobre a região, intercaladas com períodos mais aquecidos, devido ao fenômeno El Niño.
Isso, não quer dizer que não ocorrerão eventos de frio significativo no estado, com temperatura próxima de zero grau e negativa nas áreas altas, resultando na formação de geada ampla. Episódios de neve podem ocorrer, especialmente em julho e agosto, com maior probabilidade para as áreas altas do Planalto Sul, onde fica a Serra Catarinense.