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Estudo aponta que trânsito mata mais que crimes violentos
A lageana Vanessa Cristina Lima, de 33 anos, estava na garupa da motocicleta do seu marido, Lucas José da Silva, de 25 anos, quando sofreram um acidente na BR- 282. Lucas morreu na hora e ela foi encaminhada para o hospital com múltiplas fraturas.
O acidente os colocou nas estatísticas de um cenário em que o trânsito mata mais que crimes violentos. O levantamento foi realizado pela Seguradora Líder que compara as indenizações por morte pagas pelo Seguro Dpvat e dados das Secretarias Estaduais de Segurança Pública. Além disso, as motocicletas estiveram entre os veículos com maior participação nos acidentes fatais.
Os números foram notados em nove estados do país, São Paulo e Minas Gerais lideram a lista com 5.462 e 4.127 sinistros pagos por acidentes fatais no trânsito contra 3.464 e 3.234 óbitos por crimes violentos. Números referentes a 2018. Santa Catarina aparece em quarto lugar. Foram 1.537 mortes em acidentes contra 840 por crimes violentos (homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte).
Na sequência os estados que lideram a lista, estão: Paraná (2.712 sinistros X 2.088 mortes violentas); Santa Catarina (1.537 X 840); Mato Grosso (1.143 X 978); e Piauí (1.111 X 615). O estudo compara o total de indenizações pagas por morte pelo seguro obrigatório.
Os nove estados somaram mais de 17 mil pagamentos do Seguro Dpvat destinados à cobertura por morte, representando 46% do total de sinistros pagos por acidentes fatais em todo o país no ano passado. Já os crimes violentos somaram 12.559 óbitos no mesmo período.
Na contramão
A pesquisa reforça a distância do Brasil em relação ao cumprimento da meta fixada junto à Organização das Nações Unidas (ONU), em 2011. Na época, quando o país selou o compromisso de reduzir pela metade o quantitativo de vítimas fatais no trânsito, eram registradas 24 mortes a cada 100 mil habitantes. Em 2018, a dois anos do fim do acordo, a média foi de 21 mortes por 100 mil pessoas.
Acidentes estão reduzindo
Apesar do crítico cenário, os dados indicam que os acidentes vêm diminuindo. Em 2017, nos nove estados citados, foram pagas mais de 19 mil indenizações do Seguro DPVAT à cobertura por morte. Em comparação ao ano passado, houve uma queda de 8%.
Os números da Polícia Rodoviária Federal (Lages) (BR- 282 do km 118 ao km 292, BR- 470 do km 197 ao km 270 e a BR-116 do km 160 ao 310) mostram a comparação dos últimos três anos no primeiro trimestre que a quantidade de mortes se manteve, houve diminuição de acidentes, mas por outro lado houve aumento de feridos graves.
Mortes no país
Em 2018 foram registrados 69.114 acidentes de trânsito nas rodovias federais de todo o país. Deste total, 5.259 foram fatais. Já em 2017, foram contabilizadas 89.547 ocorrências, com o óbito de 6.245 vítimas.
Dados da PRF apontam que, no ano passado, as principais causas das ocorrências foram falta de atenção à condução, desobediência às normas de trânsito pelo condutor e velocidade incompatível com o limite. Ainda é importante lembrar que o país obteve, pela OMS, a pior classificação referente ao limite de velocidade em áreas urbanas.
Vanessa não recebeu seguro
O acidente com a lageana Vanessa e que vitimou o esposo Lucas aconteceu dia 2 de novembro do ano passado. Ela quebrou sete fios de costelas, clavícula, braço e antebraço e pulso da mão direita perdeu 80% do fígado e teve lesão no L5 (comanda os movimentos das pernas) e já fez duas cirurgias.
Recebe auxílio-doença e por enquanto ela está com o braço direito imobilizado, pois perdeu os movimentos. Não usufruiu do Seguro Dpvat, pois ainda não recebeu alta médica. “O pedido foi recusado e seguradora disse que tem que esperar eu dar alta para avaliação por causa da lesão” explica, ao acrescentar que ainda é doloroso falar do acidente. “Foi muito difícil. Mudou a minha vida por completo”, assegura.
O que é Dpvat
O Dpvat é um seguro obrigatório de caráter social que protege os mais de 209 milhões de brasileiros em casos de acidentes de trânsito, sem apuração da culpa. Ele pode ser destinado a qualquer cidadão acidentado em território nacional, seja motorista, passageiro ou pedestre, e oferece três tipos de coberturas: morte (R$ 13.500), invalidez permanente (até R$ 13.500) e reembolso de despesas médicas e hospitalares da rede privada de saúde (até R$ 2.700). A proteção é assegurada por um período de até 3 anos.
Dos recursos arrecadados pelo seguro obrigatório, 50% vão para a União, sendo 45% para o Sistema Único de Saúde (SUS) para custeio da assistência médico-hospitalar às vítimas de acidentes de trânsito, e 5% são para o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), para investimento em programas de educação e prevenção de acidentes de trânsito. Os outros 50% são direcionados para despesas, reservas e pagamento de indenizações.