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Entrevista com Amarildo Farias (PT)

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Foto: Marcela Ramos

Colaborou: Suzane Faita

No início do mandato, o senhor apesar de ser do PT, partido que fez campanha para outro candidato adversário do prefeito Antonio Ceron, ficou na situação. Inclusive, dando a presidência para a vereadora Aida; agora, o senhor é oposição, pode explicar de que lado o senhor está?

Somos oposição. O motivo é o seguinte, em 2017, quando estivemos na coligação junto com o doutor Roberto Amaral, fazíamos parte da coligação, na época, com o MDB e diversos partidos, que faziam parte daquela gestão. Eu mesmo fui secretário municipal de Assistência Social. Mesmo sendo o Roberto Amaral do PSDB, na época, com a desistência do Elizeu (Mattos, ex-prefeito), em não concorrer, ficamos de ultima hora, realmente, sem estrutura, sem candidato a prefeito, e com um número insuficiente de candidatos a vereadores. Participamos, sim, da coligação com o PSDB, na época, e fomos juntos na campanha do Roberto Amaral. Eleito, desde o início, fazemos uma oposição coerente, coisas boas da cidade de Lages elogiamos e, quando não é boa, criticamos, porque a gente faz parte da fiscalização, pois tenho ido em várias Unidades de Saúde, Unidade de Pronto Atendimento (UPA), para fazer o que é o nosso papel e dever; vamos também nos Centros de Educação Infantil (Ceim). Estamos fiscalizando e cobrando do Executivo e elogiando quando são coisas positivas, com coerência como coloquei, desde o primeiro dia. 

Como que o senhor faz o levantamento das pautas que apresenta, faz estudo? Tem uma equipe para pesquisar e elaborar projetos? Um exemplo é a do monumento do Marco Zero que gerou certa polêmica porque o senhor não tinha dados para embasar o pedido. Como o senhor faz nessa questão?  

O Marco Zero na verdade foi uma moção, um encaminhamento; até tentamos fazer um projeto, mas não passou na Comissão de Justiça, mas encaminhamos para o Executivo a moção e fica a critério do prefeito e acho que ele está olhando com ‘bons olhos’. Conversei com ele e com o superintendente da Fundação Cultural de Lages (FCL), o Giba [Gilberto Ronconi]. Mas eu discordo, porque tinha suporte, foi baseado principalmente no escritor Cláudio da Silveira, que relata. Houve alguns questionamento na questão da história da fundação, mas a gente tem apoio e suporte, e foi feito sim com pesquisadores, com o livro 250 anos de Lages, do Claudio da Silveira, que a gente conhece e tivemos o embasamento.  Polêmica é importante e faz parte do nosso papel, nem tudo o que a gente elabora na Câmara é 100%, temos questionamentos e que bom que a comunidade participa. Às vezes, vem o questionamento, e a gente faz encaminhamentos, indicações, melhorias, pavimentações e boca de lobo, mas a questão do patrimônio histórico é importantíssima, no meu entendimento. A questão do Marco Zero, tomara que o Executivo faça esse encaminhamento, que foi a moção que a gente fez. Tenho duas assessoras preparadas, uma jurista e uma psicóloga, e colaboradores do nosso partido, o Partido dos Trabalhadores, que toda semana tem algum encaminhamento, alguma sugestão de projeto, moção ou indicação. 

O Partido dos Trabalhadores têm posicionamentos claros, e as bandeiras defendidas são conhecidas por todos. O senhor compra a ideia do seu partido? Por que, às vezes, é difícil perceber o senhor como vereador do PT. 

Olha, eu defendo sim a esquerda, por isso que escolhi o partido. Trabalhei por 23 anos na Uniplac; quando saí para a atividade política escolhi o Partido dos Trabalhadores, e não me arrependo, pois é um partido que sempre está do lado, além dos trabalhadores, das pessoas em situação de vulnerabilidade social. Hoje, criou-se no Brasil um ódio contra o nosso partido, mas que na verdade já está mudando. As pessoas estão verificando que quando tem uma questão que está prejudicando milhares de pessoas, como a Reforma da Previdência, quem está do lado, geralmente os parlamentares do Partido dos Trabalhadores e dos partidos de esquerda; a maioria da direita ou da extrema direita são favoráveis. Vejo aqui na Câmara de Vereadores, não é crítica aos demais colegas, mas, geralmente, quando tem um assunto mais do ‘povão’ ou do trabalhador quem está mais próximo são os parlamentares de esquerda. Houve erros, mas faz parte do processo, tanto que colocam muito o partido no envolvimento com a corrupção, mas quando a gente olha os índices, o Partido dos Trabalhadores está em nono no país, tem muitos outros partidos que estão acima. Enfim, dou sempre o exemplo regional, nunca tivemos envolvimento, e tivemos vários vereadores, secretários e diretores no Poder Executivo e nenhum caso desonra os nossos militantes e região serrana. 

No final do mês (agosto), o senhor deve se licenciar da Câmara e quem assume é o suplente Sargento Sobrinho (DEM), que está desde o ano passado esperando espaço. Mas o Sargento Sobrinho é do partido da base do governo Jair Bolsonaro, não é meio contraditório ter essa pessoa como suplente?

É uma boa pergunta. Quando a gente fez a coligação em 2016, foram quatro partidos, o PT, Democratas – partido do Sargento Sobrinho -, PSDC e mais um aprtido que não lembro. Foi feita a coligação e o ‘vereador Amarildo’ não se elegeu somente com os votos ‘dele’, teve vários, em torno de 24 candidatos. Todos ajudaram e colaboraram. Se é uma coligação, a gente definiu que ia abrir espaço para o primeiro e segundo suplentes. O Moisés Savian [na época], presidente do Partido dos Trabalhadores, assumiu por 60 dias, agora, [o sargento Sobrinho]. Mesmo sendo contrário às nossas ideologias, pois defende o presidente Jair Bolsonaro, o PSL, envolve, provavelmente, a defesa da ideologia de partidos de direita, mas como teve votação, é justo que tenha participação, até porque houve entendimento de que o primeiro e segundo suplentes assumiram. Como tenho de fazer uma cirurgia e tenho de me afastar 60 dias, ele vai ocupar esse espaço [o vereador se afastou no dia 16 de agosto], justiça pela votação que fez, e pela coligação que nós formamos que deu certo, que tivemos êxito de eleger um vereador e por pouco não elegemos mais um. 

Mesmo o senhor não concordando com o posicionamento político é necessário por conta da votação?

Isso mesmo, porque todos contribuíram, tanto dos Democratas, como do PSDC, todos contribuíram para a votação. Foi assinado [um documento], na época o presidente do partido era o professor Domingos [Rodrigues], que era vereador, e assinou com os demais presidentes de [partido].  

O suplente Moisés Savian, do seu partido, assumiu por 60 dias, e parece que teve mais destaque que o senhor em todo o seu mandato. Inclusive, com um projeto aprovado que acabou com a pensão especial vitalícia para vereadores, e o Projeto de Emenda à Lei Orgânica, que ainda não foi votado, que pretende reduzir o teto de gastos do legislativo de 6 para 3%. Como o senhor observa a atuação do Moisés? 

Olha, o Moisés é um grande parceiro meu e ele, realmente, aproveitou os 60 dias. Às vezes, quem é suplente faz de tudo para mostrar o trabalho em 60 dias. Mas eu tenho quase 20 projetos, quase mil indicações, quase 200 moções e quase 100 requerimentos. Além de trabalho na Comissão dos Regimentos e da lei Orgânica. Infelizmente, a presidência não colocou essa discussão que a gente tem cobrado, como tem cobrado também o que o vereador Moisés, na época, colocou a questão do duodécimo de 6% para 3%. Faço parte da mesa diretora, tivemos uma discussão ali na mesa, mas tem data para ir ao Plenário. No meu entendimento, tem de reduzir. Mas a gente tem de respeitar a maioria, e a maioria da mesa diretora definiu que não, e fui voto vencido. Como também, já foi aprovada, a pensão vitalícia, que não vai ter mais. A minha relação com o Moisés é excelente e a gente tem um bom entendimento, e isso é importante, porque outros pares do partido, com pensamentos diferentes e metodologia diferente de atuação. O Moisés tem uma metodologia eu tenho outra. Tenho um projeto que é vereador ouvindo a comunidade para estar próximo. Talvez, o destaque do duodécimo, foi importante, não só para o Moisés mas para nós do Partido dos Trabalhadores, que defendemos uma economia dos gastos públicos. Para dar um exemplo, nunca usei um centavo de diária, e temos direito. Quando eu tenho de viajar vou com recursos próprios. Isso também mostra que a gente está com responsabilidade, zelando pelos nossos recursos que é de toda a comunidade. 

Há um acordo na Câmara para o senhor assumir a presidência no ano que vem, mas o senhor acha que o vereador Vone vai cumprir o combinado?

Eu assinei um acordo para o primeiro e segundo suplentes assumirem, fiz a minha parte. Existe o acordo, nove vereadores assumiram compromisso e vai depender dele, estou tranquilo porque o acordo está assinado, e não vejo motivo de não cumprir. Mas se não cumprir, a gente continua nosso trabalho com responsabilidade, mas se tiver essa chance poderemos fazer algo mais na presidência, porque tenho experiência de quatro anos na gestão da Secretaria Municipal de Assistência Social e tenho certeza que se ficar um ano na [presidência] Câmara de Vereadores poderei fazer um trabalho útil.  

A corrida para o Executivo está grande, bastante pessoas estão se considerando capacitadas, o senhor também considera disputar o Executivo ou vai continuar no Legislativo?  

Eu já deixei claro para o partido que não. A gente colocou o nome do Moisés a disposição, não sei se ele vai aceitar, se tem esse interesse. Não quero ficar muito tempo, acho que tem de abrir espaço para outras lideranças e coloquei, desde o início que no máximo seria a reeleição. Dois mandatos é suficiente, porque você já demonstrou seu trabalho e deve abrir espaço para novas lideranças, falei até na Câmara e alguns vereadores não entenderam porque alguns estão no terceiro mandato, têm aqueles que ficaram cinco anos, e a gente respeita, pois cada um tem posicionamento diferente. No nosso partido que pode até três anos, mas eu quero só dois, sabendo que reeleição também é difícil e espero ter êxito.

 

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