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Em 28 anos apenas três suicídios

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Lages, 15/06/2010, Correio Lageano

 


Em 28 anos, três suicídios e seis tentativas, dentro do presídio Regional de Lages. As vítimas, todas autoras de crime passional. O índice é um dos mais baixos dentre as unidades penais do Estado, segundo o diretor Edson Alves Pereira.


A morte de Edson José Córdova, por suicídio, numa cela da cadeia de Anita Garibaldi, levantou algumas questões a cerca das condições em que devem ser mantidos acusados de crime passional. Dados da unidade penal de Lages apontam que o último suicídio consumado foi em 1989. A vítima, assim como o caso de Anita Garibaldi, se matou enforcada e usou o lençol enrolado como corda.


Uma outra vítima de suicídio no presídio de Lages usou o cadarço do tênis para se matar. Depois de passar o laço no pescoço, amarrou na grade da cela e pulou da cama. “O primeiro caso desde que estou na direção do presídio foi um dependente químico preso por tráfico. Usou a lâmina do barbeador para cortar a artéria do pescoço. Mas em seis casos conseguimos evitar o suicídio e muitos agradecem até hoje aos agentes prisionais”, afirma Edson Pereira.


A última tentativa de suicídio dentro do presídio, segundo Edson Pereira, foi de um homem que matou uma mulher em Anita Garibaldi. Usou um saco de ráfia para fazer de corda. Só não morreu porque depois de resgatado o diretor do presídio fez massagem cardíaca e reavivou o preso.


“Ele já tinha parado de respingar. Teve lesão na traquéia e na coluna cervical. Ficou com sequelas, mas não morreu”, lembra o diretor. Ele observa que, em caso de crime passional a fuga do acusado é sempre o suicídio, na maioria das vezes. “O crime passional é um problema mais sério que os outros. Se o preso ficar sozinho, pode se matar. Se ficar com outros presos, pode ser linchado. É uma situação muito complexa e requer atenção especial do administrador do presídio”, explica.


A recomendação é que o preso passional seja vigiado por outros presos. E seja colocado em cela próxima da carceragem. “Se a autoridade custodiante não ficar atenta, o preso passional que tem o perfil suicida espera o melhor momento e acaba com a própria vida”, alerta Edson Pereira. Um dos últimos crimes passionais em que o acusado foi para o presídio de Lages, foi do jovem que matou a mãe e a irmã. Ele foi removido para o manicômio judiciário, em Florianópolis, onde está passando por tratamento.


Sobre o caso do homem que matou a mãe em Capão Alto, foi preso e se matou na cadeia de Anita Garibaldi, Edson Pereira disse que o correto seria que houvesse algum preso junto com ele e atento para socorrê-lo. “Não posso falar por Anita Garibaldi, nem seria ético. Às vezes os presos nem aceitam ficar junto com autor de crime passional. É uma situação realmente difícil. Mas eu desconheço autor de crime passional que não tentou o suicídio”, admite o diretor do presídio.

 

Fotos: Divulgação e Onéris Lopes

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