É preciso estudar muito para conquistar uma das 14,5 mil vagas

Conquistar um trabalho efetivo, com plano de carreira e vários benefícios, é sonho de muitos brasileiros. Hoje, pelo menos 190 concursos públicos estão com inscrições abertas no país para preencher quase 14,5 mil vagas. Há oportunidades para todos os níveis de escolaridade.

Mas quem, de fato, se prepara para e conquistar esse sonho quando a oportunidade surge? Os concurseiros, termo usado para nomear àqueles que tomam como meta de vida estudar para concursos, sabem muito bem a importância de se preparar com antecedência.

A busca por uma carreira estável fez Indianara Vieira, 26 anos, tornar-se uma concurseira. Ela terminou a faculdade em 2015 e sentiu dificuldades para conquistar espaço no mercado de trabalho como advogada. “Não tenho familiares nessa área e fica difícil começar do zero”. Desde então, ela tenta passar em concursos e quase conquistou vaga em dois deles para a Prefeitura de Lages. “Um pouquinho mais de estudo e teria dado certo.” 

Ela trabalha como advogada autônoma e consegue gerenciar melhor o tempo. “É importante que a família apoie financeiramente. Meu marido trabalha e me incentiva a estudar”. Indianara estuda cerca de 10 horas por dia, sendo que quatro horas são em um curso presencial. “Tem gente que consegue aproveitar muito mais os estudos em menos tempo, então, se dedicar o dia todo não quer dizer nada, não dá mais chance de passar”. 

A dica que ela dá é focar em uma área específica, como policial, jurídica, bancária ou outra. “Se você não define o que quer, fica mais difícil conquistar uma vaga.” Indianara escolheu a carreira policial e não pretende mais advogar quando conseguir passar no concurso.

Casal unido nos estudos

Em 2015, Phillipe Correia Ribeiro fez o concurso para ser policial militar, e quase passou, mesmo depois de ter estudado só dois meses. Ele chegou a ser aprovado nas fases teórica e física, mas na prova psicológica reprovou. Ele continua desejando a aprovação e estuda em torno de quatro horas em um curso presencial e, junto à esposa, mais duas horas. 

Essa rotina de estudos começou no ano passado, pois talvez seja sua última chance de ingressar na corporação policial, já que tem 29 anos e o concurso aceita candidatos até 30 anos, e, por enquanto, não há previsão de outros editais. 

A prova para ingresso na Polícia Militar de Santa Catarina será em agosto e Phillipe concilia o trabalho como empresário e os estudos. “Eu não escolhi essa carreira policial só pela estabilidade. Meu pai é bombeiro e sempre quis ser um, mas não deu.”

A esposa dele, Bruna Costa, 28 anos, também dedica seis horas por dia aos livros, e diz que aprende mais estudando com o marido. “Recebemos muita motivação no curso e também orientação. Em menos de um mês, consegui acertar, em um simulado, 33 questões de 58.”

Sonho forma profissionais de carreira

Matusalén Correia Júnior sempre quis ensinar as pessoas a passarem em concursos públicos e, em 2017, conseguiu formar a primeira turma do curso Papa Mikem, que teve 50% de índice de aprovação.

Ele conta que fica muito feliz quando seus alunos passam, pois considera que a vitória é também dele, que atua como policial e professor do curso. “A maioria dos nossos professores são policiais que têm muita experiência na área. Nossas aulas são motivadoras e, por serem presenciais, cuidamos dos alunos. Quando faltam, vamos atrás para saber o que houve.”

Ele diz que quando o aluno falta, ele não perde a aula, pois é tudo filmado e pode ser enviado depois. Dessa forma, conseguem atender alunos de outras cidades. “Não é porque consegui ser policial que sou mais inteligente que eles. A capacidade de estudar é o mais importante. Só não consegue, quem desiste.”