Política
Demissão de Moro provoca reações de oposição e apoiadores de Bolsonaro
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, pediu demissão do cargo, deixando o governo do presidente Jair Bolsonaro após quase 16 meses à frente da pasta. Ao anunciar sua decisão, na manhã desta sexta-feira (24), Moro lamentou ter que reunir jornalistas e servidores do órgão em meio à pandemia do novo coronavírus para anunciar sua saída, mas esta foi “inevitável e não por opção minha”.
A Crise política que se instalou no Palácio do Planalto, durante esta semana, gerou reações de oposicionistas e apoiadores de Bolsonaro.
Carlos Moisés, governador de Santa Catarina em seu perfil do Twitter_ Brasileiros perdem com a saída de @SF_Moro do @JusticaGovBR. Moro é sinônimo de luta contra a corrupção, condição essencial para a construção de um melhor. Lamento. Seu trabalho sempre foi correto e ético. Agradeço as parcerias com #SantaCatarina. Será bem vindo aqui!
Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União, em Nota de Reconhecimento_ O CNPG, que congrega todos os chefes dos Ministérios Públicos do Brasil, vem a público externar o seu reconhecimento à atuação de Sérgio Moro que, à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública e também como Juiz Federal, sempre buscou prestigiar e fortalecer a independência do Ministério Público dos Estados e dos demais ramos do Ministério Público da União, contribuindo, assim, para o exercício de sua missão constitucional de defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
Deltran Dallagnol, procurador da República_ É gravíssima a denúncia de tentativa de escolha pelo presidente da República de dirigentes da Polícia para interferir em investigações e ter acesso a informações sigilosas. O combate à corrupção exige investigações técnicas que possam ser conduzidas sem pressões externas.
Rafael Horn, presidente da OAB/SC_ “Vemos com preocupação as graves afirmações feitas pelo então ministro da Justiça, Sérgio Moro. Esperamos que os fatos sejam apurados, principalmente no que se refere ao risco de interferência e obstrução da transparência no trabalho realizado pela Polícia Federal, bem como de combate à corrupção e às fake news. Lamentamos que o País esteja enfrentando mais uma crise política, quando nossos esforços deveriam estar concentrados para combater a maior crise de saúde vivida pela população desde a década de 20.”
Luciano Hang, empresário e apoiador de Bolsonaro_ A saída do Moro me deixa decepcionado. Neste momento estamos vivendo uma crise de saúde, política e econômica, e não temos que ter mais crises do governo. Temos que agora nos unir para passar esse momento. Estou muito triste. O Moro deixa um legado para o país inimaginável, sou fã de carteirinha dele, e ele é meu herói.
Carmen Zanotto, deputada federal pelo Cidadania_ Ao lamentar a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, afirmou que o governo e o Brasil perderam o seu principal “pilar” no combate à corrupção. E que todas as denúncias feitas por Moro devem ser investigadas. Lamentou que a crise política provocada pela demissão do ex-juiz da Lava-Jato ocorra em meio ao enfrentamento do coronavírus no Brasil. “No momento em que o país vive graves dificuldades, é hora de todas as forças políticas estarem unidas na redução dos efeitos dessa pandemia na saúde e na economia do nosso país.”
Luiz Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal_ “Eu acho que a Lava Jato e a luta contra a corrupção simbolizaram uma sociedade que deixou de aceitar o inaceitável. Há pessoas que gostam mais e pessoas que gostam menos do ministro Sérgio Moro, mas o fato é que ele é o símbolo desse processo histórico. E, portanto, eu acho que isso revela, como fatos já vinham revelando, um certo arrefecimento desse esforço de transformação do Brasil.”
Felipe Santa Cruz, presidente da OAB nacional_ “A OAB irá analisar os indícios de crimes, apontados por Moro”. “Mas preciso registrar meu lamento e minha indignação com as crises que o presidente nos impõe, por motivos extremamente suspeitos, em meio a uma crise pandêmica que, de tão grave, deveria ao menos ser a única.”
Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ex-presidente da República_ “É hora de falar. [Presidente] está cavando sua fossa. Que renuncie antes de ser renunciado. Poupe-nos de, além do coronavírus, termos um longo processo de impeachment. Que assuma logo o vice para voltarmos ao foco: a saúde e o emprego. Menos instabilidade, mais ação pelo Brasil.”
Dilma Rousseff (PT), ex-presidente da república_ “Se o sr. Moro tivesse 10% da sinceridade que tentou transmitir na entrevista-delação contra Bolsonaro, seu ex-chefe, teria aproveitado e pedido desculpas ao povo brasileiro por todas as mentiras que contou sobre Lula”, escreveu.
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