Crianças pedem material escolar ao Papai Noel

Não foi brinquedos, nem comida, mas sim materiais escolares que os filhos de Roseli Aparecida Silva, estão pedindo de presente de Natal. São coisas simples que eles precisam, e se a educação e o conhecimento são a esperança para um futuro melhor de uma nação, certamente eles fizeram a escolha certa. Canetas, lápis de cor, cadernos, apontador, tesoura, borracha, cola e estojo, esses são os itens que definem “materiais escolares”.

Com apenas 28 anos, Roseli é mãe solteira  de cinco filhos, mora em uma casa simples, no Bairro Morro Grande, em Lages. E foi ela quem escreveu a carta e levou até a Árvore dos Desejos, da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Na carta, ela relata sua situação de vida, e faz o pedidos dos filhos. 

Brenda Silva Amaral, com 13 anos,  é a filha mais velha e, em 2020, vai para o 8º ano. Conforme a mãe conta, o sonho da menina é ser advogada, para poder dar uma condição melhor de vida para a mãe. 

Emerson tem 12 anos e vai para o 7º ano. Seu maior sonho é ser médico, com o mesmo objetivo da irmã: ajudar a família. Everson, de nove anos, vai para o 4º ano e ainda não tem um sonho em mente, mas, segundo a mãe, é muito criativo e inteligente. O quarto filho, é o Everton, com apenas cinco anos. Além dos materiais escolares, ele pede uma mochila dos PJ Masks, pois gosta muito do desenho animado. 

O mais novo dos filhos de Roseli é o pequeno Braian, com apenas dois anos. A mãe relata que ele precisa de fraldas tamanho G. Além disso, Braian tem anemia, e precisa de alimentos específicos para combater a doença, como beterraba, feijão, mucilon, vitaminas, dentre outros alimentos que, muitas vezes, ela não tem condições de comprar. 

Na carta, Roseli conclui com o último pedido: uma ceia de Natal. “Eu gostaria de fazer uma ceia de Natal para eles. Me corta o coração ver eles todos os anos tristes, por não terem o que comer ou brincar.” 

Visita

Durante a manhã de segunda-feira (2), o Correio Lageano foi até a casa para ver de perto a situação família, e foi com muita hospitalidade e alegria que Roseli recebeu o CL. 

É na Rua Sebastiana Pereira da Silva, no Bairro, Morro Grande, que ela reside com sua família, a casa é simples, fica nos fundos, e para chegar até ela, não é possível ir de carro,  deve-se subir a pé por um barranco com algumas pedras e lama.

No mesmo terreno, ao lado da casa de Roseli, mora seu pai e a madrasta, e mais para os fundos reside sua irmã. No pátio, não há grama ou flores, apenas o barro com um pouco de cascalho, e alguns cachorros deitados por ali. 

Os quatros filhos estavam na escola, e o pequeno Braian no colo da mãe, com uma olhar curioso e meio tímido. Ela relata que o motivo de terem pedido materiais escolares, é a vergonha que passam na escola por não terem material para estudar e fazer as atividades. “As vezes, tenho que pedir coisas nos vizinhos, tem dias que eles não têm lápis ou até mesmo caderno para escrever”, relata. 

Roseli relata que faz sete anos que mora ali com os filhos. Sobrevive com o dinheiro que ganha do bolsa família, mas seu cartão foi bloqueado há dois meses, pois os agentes de fiscalização do governo não encontraram a casa. Para ajudar na renda, ela vende grampos na rua, mas conta com a ajuda de vizinhos e amigos para sobreviver.

“A Brenda e o Emerson estão naquela fase de querer celular, mas se tirar dinheiro pra isso, falta para a comida. Estou sem gás para cozinhar, apenas com alguns paus de lenha para usar no fogão [à lenha].” E completa: “Meu sonho para o ano que vem, é ter um emprego, para melhorar nossa situação. Quero sair dessa casa e ter uma vida nova”, conclui.