Esportes
Coronavírus muda rotina de ex-jogador do Inter Futsal
De férias no Brasil, o jogador e treinador de futsal Everton Guimarães Camargo, 37 anos, o Veto, mora na China desde 2018, onde atua como treinador de futebol, professor de Educação Física e jogador amador. Morando na cidade de Shenzen, localizada há cerca de mil quilômetros de Wuhan – onde a epidemia do coronavírus (Covid-19) surgiu, ele afirma estar tranquilo com a situação e acredita que o pânico é maior por aqui no ocidente, do que na própria China.
Veto está no Brasil desde o último 10 de janeiro, quando chegou para passar férias com a família, que mora em Capão Alto, na Serra Catarinense. Seu retorno ao país oriental estava previsto para 15 de fevereiro, mas já foi adiado duas vezes por causa das medidas tomadas pelo governo chinês para conter a epidemia. Por isso, acompanha de longe a repercussão do coronavírus.
“Por precaução, o governo chinês ordenou que todos ficassem somente dentro de suas casas pra evitar que esse vírus se espalhe ainda mais. Está tudo parado no país e nada funciona, apenas setores essenciais, como mercados e coisas desse tipo. De resto ninguém está trabalhando, as escolas não estão funcionando e o transporte público está muitíssimo limitado, como medida de precaução. Como ninguém trabalha nem pode fazer nada, por enquanto, o clube achou por bem que eu continue no Brasil”, explica. Veto está na expectativa e deve voltar para Shenzen nos próximos dias.
Em contato com os amigos que moram na China, Veto garante que, mesmo em alerta com a magnitude da epidemia, eles estão aparentemente menos amedrontados com o coronavírus do que os brasileiros, por exemplo. Ele se mostra preocupado com a repercussão que a epidemia tem recebido da mídia mundial e com a propagação de notícias falsas sobre o assunto.
“Tenho muitos amigos lá e todos falam no mesmo tom que isso é uma gripe como outras tantas que já tiveram, mas eles não se sentem tão desconfortáveis com a situação. Mesmo vivendo na China, que é onde começou a epidemia, não vejo tamanha preocupação dos chineses quanto a gente aqui no Brasil. A forma como as coisas são mostradas não me agrada, e me deixa triste ver como as pessoas gostam de anunciar tragédias. Alertar a população é uma coisa, mas assustar a população é outra”, comenta.
Fake news
O brasileiro pede cautela ao compartilhar informações sobre o coronavírus, pois elas podem ser falsas e contribuir para o pânico entre a população. “A população tem que ficar em alerta sim, tem que ter atenção, mas não precisa fazer disso o fim do mundo. Temos que tomar as devidas precauções, mas não espalhar notícias ruins dessa forma, como muitas pessoas infelizmente espalham, isso é muito triste”, diz, ressaltando ter esperança de que, nos próximos dias, a situação comece a normalizar na China.
Quando chegou ao Brasil, a epidemia do coronavírus já havia colocado vários países em alerta. Veto não precisou fazer exames porque não apresentou nenhum sintoma relacionado ao Covid-19 (como são conhecidas as doenças causadas pelo coronavírus). Ele está ansioso para voltar à China e retomar os trabalhos para a temporada 2020. “Sempre falo que depois que a gente descobre a China, a gente se apaixona por esse povo lutador, trabalhador, que tem muito a nos ensinar. Morar lá é uma experiência fantástica.”
Ligação com a Serra Catarinense
Veto morou em Lages em duas oportunidades: em 2009, quando defendeu o Inter Futsal, e em 2012, quando voltou para encerrar sua carreira no clube e se aposentou do futsal profissional. Na China, ele treina as categorias de base do Nanling Tielang, uma das maiores equipes de futebol da Ásia.
Além disso, dá aulas de Educação Física em escolas locais e ainda encontra tempo livre para jogar futebol de campo, futsal, futebol de 11 e fut 7. No ano passado foi convocado para a Seleção Brasileira de Futebol 7, disputou o Mundial de Consulados e foi campeão.
No Nanling Tielang Veto trabalha com outros quatro brasileiros, que já voltaram para a China para começar os preparativos para a temporada 2020. Casado com a Eliane e pai da Natália, de 16 anos, e do Nicolas, de 6 anos, Veto mudou-se sozinho para a Ásia para que os filhos pudessem concluir os estudos no Brasil.
Natural de Caxias do Sul (RS), depois que se aposentou do futsal profissional, ele e a família se mudaram para Capão Alto, onde Veto trabalhou como diretor de Esportes do Município. Com a sua mudança para a China, esposa e filhos ficaram em Caxias, mas no último ano decidiram voltar para Capão Alto, onde a família está atualmente. “Nós gostamos muito daqui, porque fomos muito bem recebidos pelo povo, fizemos grandes amizades”, completa.