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Conquistas menores também marcaram a década do Inter de Lages
No futebol, a história costuma ser contada a partir dos troféus, mas nem só de títulos vive um clube de futebol. Outras pequenas conquistas do cotidiano, que muitas vezes são colocadas em segundo plano nos registros que ficam para a posteridade, são igualmente importantes para a construção de um legado – e o Inter de Lages (que somou dois títulos nos anos 2010) também alcançou alguns desses feitos “menores” ao longo da última década.
Um exemplo concreto é o do ranking da CBF. O levantamento da entidade foi criado em 2003 para comparar o histórico dos clubes brasileiros em competições nacionais e internacionais. O Colorado Lageano, que jamais havia figurado na lista da entidade que comanda o futebol brasileiro, apareceu nela pela primeira vez em 2015.
É verdade que, entre 2018 e 2019, o clube caiu do 84º para o 103º lugar – e cairá novamente em 2020, já que o Inter não disputará competições nacionais na próxima temporada -, mas uma retrospectiva da última década permite, também, uma outra leitura dos fatos: entre 2003 e 2014, o Inter nunca entrou na lista dos principais clubes brasileiros – e, entre 2015 e 2019, esteve em todas.
O Inter ficou quase meio século distante das competições nacionais. Essa ausência levou a um quadro de limitação geográfica: até esta década, o Colorado Lageano nunca tinha disputado uma partida fora da Região Sul do país.
A “estreia”, ocorrida 66 anos depois da fundação do clube, foi no dia 25 de julho de 2015, pela Série D do Brasileiro. Em Campinas (SP), a equipe perdeu para o Red Bull por 2 a 0. (E, em uma “estreia” adicional, para chegar à cidade paulista, o clube fez sua primeira viagem de avião.)
Também na Série D de 2015, o Inter marcou seu primeiro gol fora da Região Sul. Foi no dia 6 de setembro, contra o Resende (RJ), que venceu o confronto por 2 a 1. Alessandro fez o gol colorado.
Na temporada seguinte, o Internacional registrou uma das 60 maiores médias de público de todas as quatro divisões do Campeonato Brasileiro, que foram disputadas, ao todo, por 128 equipes. Em média, 2.185 torcedores pagantes assistiram aos jogos colorados em Lages.
Se há quem veja esse como um feito “menor”, mais uma vez a análise histórica coloca os dados em perspectiva – afinal, o Inter esteve fora do cenário nacional por 49 anos.
Em 2016, o clube disputou também a Copa do Brasil pela primeira vez em sua história – a competição foi criada em 1989. E foi nela que o Inter conquistou sua primeira vitória fora do Sul do país: no dia 20 de abril, a equipe derrotou o Sampaio Corrêa em São Luís, no Maranhão (primeiro jogo colorado na Região Nordeste).
A vitória por 1 a 0, com gol do meia André Gava, não foi suficiente para o Inter avançar no torneio, mas foi mais um marco do Colorado Lageano nesta década – e uma conquista para um clube que, até 2012, esteve ameaçado de encerrar suas atividades.
Em um só jogo, quatro marcos históricos
No dia 21 de outubro de 2013, o Inter de Lages enfrentou o Maga pela divisão de acesso (atual Série C) do Campeonato Catarinense. A partida não atraiu um grande público, a exemplo de outros jogos daquela temporada – foram, exatos, 993 pagantes – mas os colorados que acompanharam o confronto testemunharam um jogo em que o clube deixou novas marcas para a história.
Primeiro, o placar: o Inter derrotou a frágil equipe de Indaial por 13 a 0, resultado que é a maior goleada da história do clube. Com sete gols naquela tarde de sol no Estádio Vidal Ramos Júnior, o atacante Lucas Pando entrou para os registros como o atleta a fazer mais gols pelo clube em um só jogo.
Martinho Bin foi responsável por dois marcos registrados no jogo. O ídolo colorado, que estava então com 57 anos e 23 dias, havia sido inscrito na competição para uma temporada de despedida oficial dos gramados. Ao entrar em campo para substituir o zagueiro Erlon, Bin tornou-se o jogador mais velho a disputar uma partida oficial pelo clube.
Além disso, aquele foi, oficialmente, seu último jogo pelo Inter. A partir daquele dia, o número 594 – a quantidade de partidas de Bin pelo Inter -, passou a ser a marca a ser perseguida para quem quiser superar o atleta que mais defendeu o Inter na história.
Naquele dia, a equipe jogou com um uniforme rosa, em ação de conscientização sobre o combate ao câncer de mama. A iniciativa chamou ainda mais atenção para os marcos inéditos da partida, mas não foi a primeira vez que o Inter usou outras cores que não vermelho e branco. Em 1973, em um amistoso contra o Figueirense disputado em Brusque, o time atuou durante metade da partida com uniformes verdes. Foi uma homenagem ao Paysandu, clube local.