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Comunidades lutam para manter agências dos Correios nos municípios
População de Correia Pinto, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Câmara de Vereadores estão se mobilizando no sentido de reverter os critérios de funcionamento da Agência de Correios no município. Na última semana, o atendimento passou a ser oferecido em períodos alternados, em apenas três dias por semana: segunda, quarta e sexta. A falta do serviço continuado afeta e causa transtornos a todos os setores da sociedade.
Segundo a vereadora Beatriz Mesquita (MDB), não há indícios de que o problema se resolva tão cedo. Ela esteve, nesta sexta-feira (26), na Superintendência da Agência dos Correios em Florianópolis, onde entregou um ofício pedindo a providência de um gerente para agência de Correia Pinto, pois a alegação da Estatal é que não há servidor disponível para assumir a gerência, razão que fez reduzir o tempo de atendimento.
“A população não pode ficar desassistida. Tem de haver uma forma de resolver”, frisa, ao lembrar que se a agência for desativada, para encaminhar encomendas os cliente terão de se deslocar às agências de Lages ou Curitibanos. E, segundo a resposta da Ouvidoria da empresa, a orientação é que em dias que a agência não estiver aberta o cliente se dirija a Lages ou Ponte Alta em busca dos serviços.
Além do ofício, a população foi orientada a ligar na Ouvidoria dos Correios e registrar uma reclamação. O ato, pode ajudar para que a agência não feche definitivamente, pois dependendo do número de registro, aumentam as possibilidades de reversão.
“Imagine uma cidade sem Correios. As faturas, as encomendas, como chegarão ou serão postadas? Vai virar um caos. Começou a bagunçar depois daquele assalto em outubro passado. De lá para cá, só piorou,” argumenta Jane Silva, uma das moradoras de Correia Pinto. “É por causa disso, que ninguém quer assumir a gerência da agência,” alerta a moradora.
Sem ter o serviço na cidade, os clientes têm como opção o atendimento nas unidades, no caso, conforme determina a Portaria Interministerial nº. 4.474 em cumprimento à meta de universalização, de procurar as Agências de Correios, na Coronel Córdova, Coral, e AGF Carlos Jofre, em Lages.
Ordem veio de cima
Desde outubro do ano passado, os Correios iniciaram a desativação de agências pequenas em 15 estados. Das 41 que encerraram as atividades, nenhuma era de Santa Catarina. As unidades desativadas estavam em imóveis alugados, localizadas muito próximas a outras agências (menos de dois quilômetros) e não geravam lucros. A estatal informou que os funcionários que trabalham nesses locais foram realocados.
Na Serra Catarinense, as Agências Comunitárias dos Correios (AGC), unidades terceirizadas e conveniadas à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que prestam serviços básicos em localidades rurais ou urbanas, onde não há viabilidade econômica para os Correios abrirem uma agência própria, estão deixando de existir.
As AGCs de Índios e de Santa Terezinha do Salto, por exemplo, foram desativadas devido à nova Portaria Interministerial nº. 4.474, de 31 de agosto de 2018, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que define novas diretrizes para o funcionamento de unidades de atendimento.
As duas AGCs poderiam ser reabertas por meio de Acordo de Cooperação Técnica (ACT), uma parceria entre prefeitura e ECT, sem repasse financeiro pela empresa. No entanto, e segundo a assessoria dos Correios em Florianópolis, houve recusa da Prefeitura de Lages quanto à assinatura do ACT.
Questionado, o prefeito Antonio Ceron disse apenas que “Os Correios fecharam as unidades porque mantê-las seria inviável”. No que se refere à suposta recusa de um acordo em manter o atendimento postal, Ceron negou que houve tentativa por parte dos Correios. “É mentira deles”, limitou-se a dizer.
Ainda segundo a assessoria, não é a intenção dos Correios fechar as pequenas agências, mas para mantê-las, precisa-se firmar convênios com as prefeituras. O serviço em Bocaina do Sul está funcionando numa sala da Secretaria de Saúde e com atendimento somente nas terças e quintas pela manhã. A mesma servidora cumpre horário em Capão Alto, dois dias na semana. Em Palmeira e Rio Rufino os serviços estão funcionando normalmente.
Readequação
A assessoria da Estatal explica que está havendo uma readequação da rede de atendimento, e não uma política de fechamento de agências em Santa Catarina. Em nota, a assessoria garante que alguns processos são pontuais e se devem a problemas nas renovações contratuais de imóveis ocupados pelas unidades de atendimento – caso em que os Correios têm procurado parcerias com as prefeituras, visando à manutenção do atendimento postal na localidade.
Além disso, diz a nota, “a empresa vem realizando estudos pormenorizados sobre a sua rede física de atendimento, assim como novos canais digitais e outras formas de autosserviços. Busca-se, com isso, não apenas a melhoria na qualidade e na experiência do cliente, mas, também, maior eficiência na cobertura de mercado e a necessária racionalização de custos; tais estudos são acompanhados pelo Tribunal de Contas da União e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
Objetivos
Dentre os benefícios do projeto está contemplada a modernização da empresa para torná-la mais ágil, competitiva e sustentável, gerando não apenas benefícios para a sociedade como também resultados para o seu acionista controlador: o Tesouro Nacional.
É o mínimo que se espera de qualquer empresa que se proponha a prestar serviços de qualidade. “As conclusões alcançadas pelos estudos necessários a este projeto somente serão divulgadas após a exaustiva avaliação interna dos Correios e externa pelos órgãos competentes”, diz um trecho da nota.
Números
Os Correios têm pouco mais de 6,3 mil agências próprias em todo o país, além de 4,3 mil comunitárias, mil franqueadas e 127 permissionárias. O processo de remodelagem prevê a ampliação dos pontos de atendimento, dos atuais 12 mil para 15 mil, em todo o país, até 2021, melhorando os serviços para a população
Presidente dá sinal verde para estudo de privatização
Pelo Twitter, o presidente Jair Bolsonaro autorizou a realização de estudos para a privatização dos Correios. Bolsonaro lembrou, ainda, os casos e as suspeitas de irregularidades que envolveram a estatal.
“Demos OK para estudo da privatização dos Correios. Temos que rememorar para a população o seu fundo de pensão. A empresa foi o início do foco de corrupção com o mensalão, deflagrando o governo mais corrupto da história. O objetivo é enxugar a máquina pública e reduzir dívidas. A estatal teve lucro em 2017 e 2018, mas sofreu perdas de R$ 5 bilhões nos dois anos anteriores.
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Altimar
28/04/2019 at 21:49
É bom que a população, principalmente das pequenas cidades, se mobilizem junto aos políticos locais. Normalmente agencia dos Correios é a única opção para esses moradores. Se privatizar, o que estão achando ruim, pode e vai piorar e muito.
Roberto
28/04/2019 at 17:48
Isso já é parte do processo de privatização dos Correios. Ingênuas são as pessoas que acham que ao privatizar continuarão existindo agências em todas as cidades. Haverão onde ocorrer lucros. Em grandes centros o atendimento ocorrerá, mas em cidades pequenas é bom as pessoas se acostumarem a ir para as cidades vizinhas realizarem as postagens.
Alessandro Santiago Santos
28/04/2019 at 17:47
É um processo que já estão fazendo a algum tempo. Isso é o sucateamento da empresa para jogar lá contra a população. É só o começo, depois que privatizar piora. Municípios que dão prejuízo ninguém vai querer. O que a empresa está fazendo e isso já há algum tempo e limpar pra vender. Boa sorte pra todos. Em todo caso. Já era Correios.