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#CLentrevista o prefeito Antonio Ceron
Correio Lageano: Neste final de ano, completam-se três anos que o senhor está à frente do munícipio de Lages. Gostaria que o senhor fizesse uma breve avaliação, do que que foram esses três anos.
Antônio Ceron: Primeiramente, tivemos a fase de transição, entre a eleição e a posse, mas, na verdade, você só conhece os detalhes no momento em que assume. A partir daí, se tomam todas as providências, a proposta de governo que foi aprovada nas ruas, pela sociedade e adequando à realidade que a gente encontrou, preparando e dando nosso modelo, nosso estilo de gestão. Então, a gente conseguiu, com a situação bastante difícil da prefeitura que foi herdada. A Prefeitura de Lages tinha um passivo exageradamente alto, o que impossibilitou que no primeiro e no segundo ano, se não fosse o aporte de recursos de fora, não pudéssemos fazer praticamente nada, com os recursos da prefeitura. Mas a gente pode terminar com três anos e dizer que a educação funciona bem, nós tivemos ressalva nas últimas prestações de contas, agora, na semana passada,o Tribunal [de Contas] entendeu que estamos investindo demais em educação, e na contrapartida o nosso Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] está abaixo da média, é um problema que temos que começar a trabalhar já nesse início do ano de 2020.
O senhor já conversou com a secretária de Educação [Ivana Michaltchuck]? Já traçaram algum plano para mudar essa situação?
Não objetivamente, depois da avaliação, da análise do Tribunal de Contas, não. Eu só comuniquei, mas vamos começar a trabalhar pontualmente, essa que é uma questão bastante grave.
O LagesPrevi é, talvez, o principal problema da administração.
É o maior problema das finanças da prefeitura. Agora, em 2019, foram R$ 20 milhões de aporte. É um dinheiro da prefeitura que deixa de ser investido em outras áreas, para pagar aposentados, que têm o direito e a prefeitura precisa honrar. Mas a prefeitura tem como obrigação também, aproveitando a Reforma Previdenciária, feita em Brasília, tentar tomar medidas.
A Reforma da Previdência não atingiu os municípios. O senhor pretende levar o assunto à Câmara de Vereadores?
Nós temos a obrigação de propor à Câmara, discutir com os sindicatos, porque uma coisa é certa, eu não sei o dia, mas eu tenho certeza que se não for feito nada, não demoram muitos anos e a prefeitura não poderá honrar com a folha de pagamento dos funcionários. O LagesPrevi é o grande gargalo que temos hoje,mas estamos com a saúde funcionando, conseguimos reativar todas as obras que estavam em andamento, e eram bastante, eram creches, unidades de saúde, unidade escolar, a UPA, a revitalização do centro, o mercado público, enfim, a malha viária, tanto urbana quanto do interior também, em estado bastante difícil, e hoje, poderia dizer que está indo a contento. Tem muita coisa a ser feito, temos mais um ano para fazer, mas eu posso dizer que, graças a Deus, à equipe, à população de Lages, a gente pode chegar no final de 2019, digamos não com nota 10, mas uma nota para passar sem recuperação.
O ano que vem é ano eleitoral, esses últimos meses o senhor tem entregado bastantes obras, e também tem feito ruas, praças, mercado, que está em andamento. O ano que vem continuam as obras?
Com certeza. O que eu tenho falado é que eu vou procurar não iniciar nenhuma obra que não possa concluir. Evidentemente, haverá casos excepcionais, mas a regra é essa, e a regra é cumprirmos todas as obras que estavam em andamento. Uma que não vamos concluir é o Ponte Grande. A obra é mais complexa, e dada a sua complexidade, estava praticamente paralisada. Mas, hoje, temos a certeza de que vamos fazer a prorrogação do contrato, que era uma das pendências que tínhamos. E um compromisso que a nossa gestão tem é, de até o dia 31 de dezembro de 2020, a parte do saneamento básico e aí envolvendo todo o complexo Ponte Grande, estará completo, a parte de urbanização que é o asfalto da Avenida Ponte Grande, com certeza vai estar iniciada, mas não vai estar concluída. Então, das obras grandes, eu poderia dizer que essa, com certeza, eu vou deixar num ritmo aceitável, mas não concluída. As demais, queremos concluir todas. E na questão do projeto Finisa, Lages Melhor, Minha Rua Melhor, que estamos aí com uma quantidade bastante grande em obras, essa nós queremos ver se até o final de 2020, podemos completar, atingido, praticamente, todos os bairros de Lages, não atendendo toda a demanda, porque temos dois terços da malha viária urbana ainda sem asfaltamento, mas com um avanço significativo, trazendo mais conforto e mais qualidade de vida para nossa pessoas.
O senhor se sente satisfeito com os trabalhos que vêm sendo feitos até agora? Estão de acordo com aquilo que o senhor previu ou tinha intenção enquanto fazia sua campanha?
Com muita franqueza, só tem noção real [do que é a administração pública] quem senta na cadeira, você imagina, você prospecta, projeta, mas só depois que você assume, e vendo a realidade, a grandeza da capacidade de soluções, mas de demanda que também tem. Eu posso dizer que me sinto feliz, porque 90% do plano de governo nós já executamos, mas a gente fica frustrado quando vê ainda muitas questões sem soluções, mas fico feliz, por outro lado, porque eu entendo que o maior compromisso do Executivo, do município, no caso de Lages é, além da gestão do dia a dia, prospectarmos o crescimento econômico da nossa cidade, com a geração de emprego e renda, que é onde dá mais dignidade às pessoas e, nesse aspecto, conseguimos implantar novas empresas, inclusive, atrair o maior investimento, que é a Berneck, que deve estar até final de 2020 funcionando. Posso dizer que é uma área que o próximo prefeito tem que continuar, exatamente nessa linha, fazer com que Lages retome economicamente a sua atividade para gerar mais oportunidade de emprego e renda à nossa cidade, para não acontecer aquilo que aconteceu no passado, de muitas pessoas e talentos saírem de Lages para fazer sua vida fora da cidade.
Nessa questão de geração de emprego e renda, há alguns dias o senhor fez a seção de terrenos do município para empresas aqui de Lages. Durante muito tempo, isso vem acontecendo, os terrenos são cedidos, as empresas pegam os terrenos e acabam não se instalando, não gerando emprego, não gerando a renda. De que forma o senhor pretende fiscalizar isso, para fazer que realmente essas empresas cumpram com seus contratos, mesmo porque, depois para tomar o terreno de volta é bastante difícil.
São problemas difíceis, mas precisa ter coragem de enfrentar. E você acaba contrariando interesses, e até de pessoas, amigos pessoais, mas você precisa separar o que é a tua obrigação, e isso a gente tem feito. Fizemos a reversão de alguns, mas a burocracia e a própria justiça acaba sendo lenta, mas é o sistema democrático que assim o faz. Não fugimos da nossa responsabilidade, e fizemos a reversão de alguns e deixamos muito claro quando a gente faz a seção, é a seção de uso de terreno, um bem público não pode ser doado pela lei de responsabilidade fiscal, sobre qualquer pretexto de título, passado à iniciativa privada, é a seção de uso em cima daquele terreno. Como exemplo, a empresa cria aquele projeto, até o dia que essa atividade deixar de existir e quando isso acontecer, obrigatoriamente, por lei, esse terreno deve retornar ao poder público. Tivemos casos de empresas que ficaram 20 anos, e agora conseguimos fazer a reversão, e aqueles que não conseguimos é por tramitação da justiça e a gente precisa respeitar, não foi possível.
Prefeito, como vai ser o ano que vem, o senhor vai ser candidato?
Eu vou trabalhar esse processo com muita responsabilidade, independentemente de quem eu venha apoiar, eu quero apoiar um grupo que eu entenda que esteja preparado para altura do cargo que esteja, sem o lado ideológico, partidário, eu vou procurar apoiar um projeto que eu entenda que nesse momento, esse projeto, essas pessoas, esse grupo esteja preparado para administrar com muita responsabilidade. Acima do Antonio Ceron está Lages e acima dos meus interesses pessoais, que era ser prefeito, isso Deus e o povo me deram essa oportunidade, vamos fazer uma transição e um ‘apoiamento’ a um grupo que possa vir, e fazer uma boa gestão. Isso é importante, porque Lages é muito política partidariamente, isso nem sempre ajudou e, em muitas das ocasiões até atrapalha, que o próximo prêmio seja realizado em alto nível, dentro da burocracia, e que sejamos o projeto vencedor, que venha ao encontro dos interesses de Lages.
Colaborou: Jordana Boscato