Essencial
#CLentrevista a cantora Drik Barbosa
O #CLentrevista recebe a cantora e compositora paulista Drik Barbosa, em turnê por Santa Catarina, na Rede de Teatros Sesc e apresenta ao público as músicas de seu primeiro EP, Espelho (2018).
Correio Lageano: Fala um pouco sobre a sua turnê por Santa Catarina, um estado que você não conhecia?
Drik Barbosa: Não conhecia o estado e é uma correria muito louca, um dia a gente está em uma cidade e no dia seguinte em outra. Tenho encontrado pessoas maravilhosas que estão vivendo a energia do show e quando acaba temos um retorno que adoraram. Pessoas que conheciam o trabalho ficam super felizes de a gente fazer esse show, que é gratuito, no Sesc. Pessoas que não conheciam meu trabalho estão gostando também e isso é ótimo para a gente, me sinto abraçada.
Você tem muitos fãs em Santa Catarina, pessoas que conhecem suas músicas.
Muito massa, porque a internet dá essa possibilidade de se comunicar com as pessoas que estão em outras cidades e em outros estados, mas eu não sabia que em Santa Catarina tinha tantas pessoas e fiquei muito feliz.
Em outubro você lança um novo disco, com músicas autorais. Fala um pouco para a gente o que tem nesse disco?
O EP é um disco com menos faixas, vamos dizer assim, tinha cinco faixas, agora estou vindo com o dobro de faixas, colocando um pouco de tudo que gosto, falando musicalmente, de gêneros musicais. Tem muitas músicas autorais, convidei pessoas em quem me inspiro para ajudar a compor esse disco. Se chama Drik Barbosa, exatamente, porque quero mostrar mais um pouco do que acredito, do quanto eu amo a arte e o hip-hop. Tem música para tudo, para refletir, para dançar e para chorar junto. Estou muito feliz e muito ansiosa para o lançamento.
Você tem parceria com outros rappers conhecidos nacionalmente, como Emicida e Karol Conka, fala um pouco sobre isso.
Eles são maravilhosos. Eu trabalho com o Emicida, faço parte da Laboratório Fantasma que é a gravadora dele. A Karol Conka já sou fã há muitos anos, fazer essa música, ‘Quem tem joga’, que está no disco, com a participação dela é super incrível. Fui abençoada nesse disco por trazer pessoas que são inspiração para mim. Tem várias outras pessoas como a Gloria Goove e a Luedji Luna que é uma cantora baiana incrível. Todas essas pessoas que estão participando do disco têm uma importância na minha vida.
O rap é um estilo que tem discurso político, que passa uma mensagem de resistência. Como você encara ser uma rapper, cantar e se posicionar?
Vejo como uma responsabilidade que escolhi ter. A partir do momento que escolhi fazer e escrever rap, e levar a bandeira do movimento hip-hop, sinto uma responsabilidade quando estou com o microfone na mão, de que preciso falar sobre coisas que precisam ser faladas, e coisas que precisam ser transformadas para que a gente consiga viver melhor em sociedade. Para que eu, que sou mulher negra, consiga viver com mais liberdade exigir o respeito que mereço, como mulher, preta e artista. O meu meio de comunicação com o mundo é o rap e não posso deixar essa responsabilidade de lado, é parte da minha missão transformar as coisas que acredito que precisam ser transformadas.
O que representa ser uma cantora negra e feminista no Brasil?
É resistência para caramba. A palavra é essa. Importante dizer, também, que a gente não está feliz em ter que resistir, mas é uma necessidade. Eu queria muito cantar só sobre amor, alegria e coisas boas, mas a gente sabe que não é assim. Estamos vivendo um momento muito tenso no nosso país e não posso me calar sobre isso. No meu dia a dia, passo por situações por ser preta, por ser mulher e que eu não posso me calar sobre isso, é uma resistência necessária.