Geral
Casa de Gente acolhe e profissionaliza
Ao passar na Rua Sebastião Euriques de Oliveira, que fica no Bairro São Pedro, e avistar o número 126, já é possível perceber algo diferente na residência. Bandeiras coloridas penduradas no portão denunciam que ali não é uma simples moradia.
No lote, há uma casa simples, com uma bandeira estendida e a palavra paz. Quem não conhece, nem imagina que o local chamado Casa de Gente – Rede de Desenvolvimento Comunitário, atua de diversas formas.
Promove cursos que profissionalizam; encaminha alguns casos para os órgãos competentes; acolhe, de alguma forma, quem precisa de moradia; combate o racismo e a homofobia; ajuda mulheres vítimas de violência; acompanha gestantes; pratica a economia solidária, desenvolve grupos de estudos, entre outras ações.
Criada em janeiro de 2017, por Diego Neto, 33 anos, e mais 20 pessoas, a instituição surgiu da necessidade de ajudar as pessoas de forma mais abrangente. Pois mesmo antes de se transformar em Casa de Gente, já amparava a comunidade.
“Quando voltamos a morar aqui no bairro, muitas pessoas vinham pedir ajuda e orientação. Pensamos em criar a instituição com projetos baseados na educação popular e no desenvolvimento comunitário.” Por isso, a entidade foca na transformação das pessoas, preparando-as para o futuro, que até então, parecia não ter como virar realidade.
Oportunidade de mudança
Cerca de 300 pessoas já foram atendidas pela instituição. Sem recursos e sem nenhum convênio, a casa se sustenta com rifas e vaquinhas. Hoje, são desenvolvidos três projetos: Casa de Marias, grupo de estudos comunitário Paulo Freire e coletivo Bapho.
Através da Casa de Marias, é desenvolvida a geração de renda, por meio da capacitação profissional das mulheres com um curso de corte, costura e modelagem. Os produtos são comercializados nas feiras de economia solidária.
O grupo de estudos Paulo Freire é preparatório para o Enem e para o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), que acelera a conclusão do ensino fundamental e/ou médio. Professores voluntários dão aulas uma vez por semana, o que já rendeu duas certificações do Encceja e quatro bolsas integrais pelo Prouni.
“Com o coletivo Bapho, damos apoio para pessoas LGBT, não só conversamos, também estamos planejando criar uma Feira da Diversidade para reunir os produtos que essas pessoas fazem, com o objetivo de ter uma renda”, explica.
Ele lembra que a casa já acolheu duas transexuais que se prostituíam e eram usuárias de drogas. Depois de morarem na casa por um ano, uma delas deixou de usar drogas e de se prostituir. “Vimos que o respeito, o acolhimento e o amor, transforma vidas.”
Mudança de mentalidade e de vida
Neuri Victor, 19 anos, participa do grupo de estudos Paulo Freire e, através dele, conseguiu bolsa integral do Prouni para cursar História pela Uniasselvi. Pretende continuar estudando no grupo porque quer trocar de curso e, para isso, precisa de uma nota melhor na prova do Prouni.
Além disso, fará o técnico de Análises Químicas no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). “Já fiz outros técnicos, mas parei de estudar. Hoje estou mais maduro e o grupo me fortalece a ideia de que é preciso continuar estudando”.
Maickon Barbosa, 34 anos, é outro estudante do grupo. Ele teve que parar de estudar Administração devido à questões financeiras, mas almeja passar no Enem, no fim deste ano. “Hoje não adianta saber trabalhar na área que tem conhecimento, se não tem formação. Trabalho como assistente administrativo, passei para um curso de Mecatrônica no IFSC e voltarei para a faculdade”.