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Calçadão João Costa: Data da inauguração está definida, quem ocupará a praça não
Iniciada há 10 meses, a obra de revitalização do Calçadão da Praça João Costa, em Lages, deve ser entregue à comunidade no dia 23 de novembro, em comemoração aos 253 anos de fundação do município (22 de novembro). Apesar do tempo transcorrido desde o início das obras, ainda há muita indefinição sobre como ficará a situação dos profissionais que comercializavam alimentos neste local (pipoqueiro, sorveteiro, vendedor de churros, etc).
O que se sabe, até o momento, é que, após revitalizada, a praça contará com duas novas edificações: uma com espaço para livraria e cafeteria no mesmo ambiente, banheiros públicos, central da Polícia Militar e um ponto de Informações Turísticas; e outra que receberá um restaurante. Para ocupar ambos os espaços, a prefeitura abrirá licitações aos interessados. O processo licitatório da livraria e cafeteria deve ser aberto nos próximos dias, porém, ainda não há previsão para início da licitação para o restaurante.
Por outro lado, nem a prefeitura, tampouco entidades representativas, sabem qual será o destino dos empresários que comercializavam alimentos na praça. Muitos destes comerciantes estiveram naquele espaço por décadas, e agora o que lhes resta é a incerteza sobre seu futuro. Quando a obra começou a ser realizada, em novembro do ano passado, Banca Central, pipoqueiro, sorveteria e demais estabelecimentos que ficavam distribuídos pela praça, foram realocados para a parte de baixo do calçadão, formando um “corredor”, para que pudessem continuar comercializando, sem interferir na obra.
Há algumas semanas, com a previsão de que as obras logo chegariam a este “corredor”, estes comerciantes foram transferidos para a Praça Vidal Ramos Sênior (Terminal Urbano). Por medo de represálias, alguns dos comerciantes mais antigos preferem não conceder entrevista. Porém, em off, contaram que estão preocupados com seu futuro.
Um deles relatou que o movimento caiu cerca de 80% com a mudança do local de trabalho. Outro contou que, nos mais de 30 anos em que trabalhou na João Costa, vendia diariamente cerca 80 a 90 produtos (alimento), mas agora, estando na Praça do Terminal, tem vendido pouco mais de 10 unidades por dia. “Minha renda caiu tanto, que ainda não consegui nem pagar a luz do mês passado”, lamenta.
Empresário quer permanecer onde trabalha há mais de 30 anos
Proprietário da Banca Central, o empresário Hernani Luiz Vieira, 64 anos, acredita que tem chance de voltar para o calçadão. Isso porque ele pretende se inscrever na licitação para a livraria e cafeteria (caso se enquadre nas exigências).
Hernani e a esposa, Márcia Longhi Vieira, 60 anos, compraram o ponto comercial da banquinha da Praça João Costa em 1986, um estabelecimento que existia desde a década de 1970 e, até então, era conhecido pelo nome de seu proprietário. Sob nova direção, a revistaria recebeu o nome pelo qual é conhecido até hoje: Banca Central. Desde então, o casal trabalhou diariamente na praça, até a sua interdição para o início das obras.
“Confesso que estou preocupado se, por exemplo, a gente não tiver sucesso na licitação. Temos uma história com o Calçadão, ainda mais a minha esposa, ela anda nervosa com isso. Foi uma vida inteira de dedicação, de segunda a segunda, sem feriados e tudo mais. A banca sempre esteve aberta”, comenta.
A banca sempre teve o mesmo formato, apenas sua fachada mudou ao longo dos anos. Por muitas décadas foi vizinha do pipoqueiro, do sorveteiro e do vendedor de churros, dentre outros. O que mudou nestes 33 anos foi o espaço da cidade no entorno da praça: um imóvel histórico desmoronou (casa do político Aristiliano Ramos, na Rua Nereu Ramos), uma escola foi demolida (EEB Aristiliano Ramos), novas edificações surgiram, árvores e flores deram uma cara diferente para o espaço a cada estação.
“Qual é a praça no mundo que não tem uma banca de revistas e uma pipoca? Mesmo em Paris, que já tive a oportunidade de conhecer, é a mesma coisa que acontecia no calçadão de Lages: pipoca, banca de jornais, pomba andando pra tudo que é lado… isso é história.” Hernani afirma que está esperando a prefeitura lançar o edital da livraria e cafeteria para saber quais serão as exigências e o que poderá fazer para cumpri-las.
“Não sou contra a licitação. Reconheço que o procedimento da revitalização do calçadão tem que ser feita sim. Nosso calçadão era o pior do estado. Quanto à licitação, acho que a equipe que vai definir isso precisa ver com muito carinho. Não é porque minha esposa trabalhou por 33 anos na banca, mas a Banca Central foi, por muitos anos, o Centro de Informações turísticas de Lages. Ali foi um ponto de referência para o turismo da cidade e também ponto de encontro dos jovens.”
Próxima etapa será no Túlio Fiúza
A obra no calçadão da Praça João Costa faz parte da revitalização do Centro de Lages, que teve início com a instalação da rede de cabeamento subterrâneo. Após a conclusão da etapa atual, prevista para o fim de novembro, a obra terá sequência no calçadão Túlio Fiúza de Carvalho.
De acordo com a Secretaria de Planejamento e Obras, até a última sexta-feira (6), cerca de 70% da obra na João Costa já havia sido concluída. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Lages informou que a licitação da livraria e cafeteria está sob análise da Procuradoria-Geral do Município (Progem) e deve ser lançada nos próximos dias.
Sobre a ocupação do espaço pelos comerciantes que trabalharam na praça por anos (pipoqueiro, sorveteiro, vendedor de churros, etc), o secretário de Planejamento e Obras de Lages, João Alberto Duarte, informou que, por se tratar de um espaço público, eles não podem simplesmente voltar a ocupar a praça. Segundo ele, há a possibilidade de que seja aberta uma terceira modalidade de licitação, para contemplar estas ocupações.
“Tem algumas questões que a gente tá trabalhando com relação a mais espaços pra pipoqueiro, picolezeiro, mas ainda não está bem definido. E não está bem definido também a questão da ocupação depois [do fim da obra]. Tem que ser licitado, daí a gente vai ver se tem alguma maneira.”
O secretário de Turismo de Lages, Luiz Carlos Pinheiro, ressalta que há uma comissão, formada pelas secretarias de Turismo, Planejamento e Obras, além da Progem, que foi criada para contribuir com a elaboração do edital de licitação.
“Qualquer ocupação de espaço público precisa passar por um processo público de seleção. Não tem como fugir disso, infelizmente. Eu nutro pelas pessoas que estavam ali [na Praça João Costa] uma amizade muito grande, sempre tive um relacionamento muito próximo e sei que essas pessoas construíram a vida ali. Evidente que a gente fica tocado por essa situação, mas não tem como promover a ocupação daquele espaço sem fazer um processo aberto, amplo, irrestrito”, avalia.
Entidades opinam
De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Lages, na última semana o prefeito Antonio Ceron recebeu um ofício da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Lages (CDL) e da Associação Empresarial de Lages (Acil), levantando pontos que devem ser avaliados para a elaboração do edital.
Segundo release da prefeitura, dos quatro itens apontados pelas entidades, três já estão contemplados (espaço para a implantação de um bistrô com café; estrutura para um restaurante com pratos típicos da Serra; e espaço para revistaria). Apenas o último item é novidade: refere-se a um espaço para o artesanato da cidade.
No documento, Acil e CDL também manifestam-se contra o comércio ambulante, “principalmente os que atuam de forma irregular no município”, na praça revitalizada.
Cleiton Silva Dutra
10/09/2019 at 00:23
O mais estranho nessa reportagem é a prefeitura nao saber nem onde nem quando nem quem…
Tbm com o atual prefeito na cidade nao era d se esperar outra coisa! Mas se a obra foi empenhada pela prefa como q a prefa nao sabe de nada? Eeee país da piada pronta