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Asfaltamento da Coxilha Rica impulsiona o desenvolvimento local
A chegada da infraestrutura à região da Coxilha Rica, em Lages e Capão Alto, mudou o cenário no local. A estrada de terra (SC-390), que desafiava os usuários, deu lugar a uma via de asfalto, em parte dela. Além de melhorar as condições de acesso dos moradores, a pavimentação da estrada deverá impulsionar o desenvolvimento local, favorecendo vários setores.
Com 27 quilômetros de extensão, o asfaltamento da estrada da Coxilha Rica se estende da localidade da Vigia, às margens da BR-116, em Capão Alto, até localidade de São Jorge, em frente à unidade da Cooperativa Agropecuária do Planalto Serrano (Cooperplan). O investimento foi de quase R$ 60 milhões, com investimento do Governo do Estado. Como parte da obra, três pontes novas foram construídas.
As obras começaram em 2017 e estão em fase final. De acordo com a Secretaria de Estado de Infraestrutura, o término do contrato da empreiteira responsável pelos serviços vai até o mês de setembro. Atualmente, estão em curso serviços complementares, como o plantio de grama e implantação de sinalização e sarjetas. Ainda não há uma data para a inauguração oficial da obra.
Neste sábado, o ex-governador Raimundo Colombo será um dos homenageados pelos produtores e moradores da Coxilha Rica, em ato que vai acontecer ao lado da Cooperplan, a partir das 9h30. Foi na gestão dele que a obra começou. Na ocasião, outras pessoas serão homenageadas. A atual gestão do Governo do Estado não tem nenhuma relação com o evento.
Famosa por sua beleza e pelo histórico Caminho das Tropas, Coxilha Rica é reduto de fazendas históricas destinadas à produção de gado e taipas centenárias. O local é um dos lugares mais bonitos de Santa Catarina, além disso, é considerado uma das últimas fronteiras agrícolas do estado. Estima-se que cerca de 30 mil hectares de toda a área podem ser usados para a agricultura.
Neste contexto, o asfaltamento da via beneficiará vários setores. A obra é considerada emblemática pelo valor ambiental da região e pelo potencial de desenvolvimento local. A pavimentação possibilitará, por exemplo, o incremento da produção de grãos; agilizará o transporte de gado e favorecerá a locomoção dos moradores locais, além de ampliar o turismo na região.
Osvaldo lembra que moradores ficavam ilhados
O pecuarista Osvaldo Ataide, de 70 anos, conta que nasceu e se criou na Coxilha Rica. Ele mora com duas irmãs, Rosa Maria Stack, 60 e Selva do Carmo Ataíde, 65, na Fazenda Roseira, onde produz gado de corte.
“O asfalto melhorou bastante a vida de todos os moradores. Antes, quando chovia bastante, a água passava sobre a ponte (do Rio Pelotinhas), os moradores ficavam ilhados e a gente precisava dar a volta por São Jorge, uma viagem que aumentava em mais de 20 quilômetros, para ir à cidade de Lages”, conta Osvaldo. Segundo ele, a viagem até Lages, que antes durava cerca de duas horas, é feita hoje em menos de uma hora.
Seu Osvaldo é pecuarista na região da Coxilha Foto: Adecir Morais
Asfalto já atrai investimentos agrícolas
Na área do agronegócio, a expectativa é de que, com o asfaltamento, a área agrícola na região aumente de maneira considerável, movimentando produtores rurais, não apenas de Lages, mas de outras regiões do País, inclusive do Rio Grande do Sul.
Atualmente, existem três unidades de armazenamento de grãos nas localidades de Vigia e São Jorge, duas da Copercampos e uma da Cooperplan. Ambas movimentam um grande volume de soja e milho, principalmente.
Responsável pela unidade da Copercampos, da localidade de Vigia, Willian Mendes Mota diz que a obra mudou o cenário da região do ponto de vista agrícola. Segundo ele, muitos produtores rurais da de Campos Novos e até do Rio Grande do Sul estão investindo na região.
Só os associados da cooperativa contam com uma área plantada de cerca de 5 mil hectares. “Hoje, os produtores têm uma visão melhor da Coxilha”, destaca Willian, salientando que, impulsionado pela obra, a Copercampos investiu 8 R$ milhões na construção da unidade de São Jorge.
Ele diz que a agricultura depende de acessos em boas condições, para evitar desperdício na produção. “Como diz o velho ditado, se o caminhão não chega até o gado, o gado chega até o caminhão. Já em relação à agricultura a situação é diferente: A lavoura depende de transporte para levar máquinas, adubo, calcário e sementes, abrir campos e, por último, retirar a produção e levar até a cooperativa”, comenta.
Produção de milho aumentou 200%
A pavimentação asfáltica da estrada da Coxilha já impulsionou, sobretudo, a produtividade de milho na região. De acordo com Willian, a produção deste tipo de cereal já aumentou cerca de 200% desde que as obras começaram a sair do papel. As melhorias das condições de escoamento da produção foram as principais causas deste crescimento.
“O milho, comparado a outras culturas, tem um volume de produção maior (de 150 a 200 sacas por hectares), sendo necessário mais caminhões para transportar a produção. Antes, com as estradas ruins, o que gerava um maior custo de transporte, o produtor plantava só o básico, mas agora a safra aumentou de maneira significativa tudo por causa do asfalto”, declara Willian.
Um dos sócios da Cooperplan, Arnaldo Moraes, informa que a área plantada pelos associados na região também é expressiva. Conforme ele, a cooperativa está ampliando a capacidade de armazenamento de 40 mil para 120 mil sacas na unidade da Coxilha. O investimento é de cerca de R$ 2 milhões.
Willian, que atua na Copercampos, diz que produção agrícola aumentou com o asfaltamento da estrada da Coxilha Foto: Adecir Morais
Estrangeiros já descobriram a região
O asfaltamento da SC-390 também vai beneficiar o setor de turismo da Coxilha Rica. Nos últimos anos, o local tem atraído a atenção de turistas de várias partes do Brasil e até do exterior. São pessoas que procuram a região para participar de cavalgadas, esportes de aventura, observação de pássaros, como o papagaio-charão; ou para apreciar os rios com águas límpidas, as taipas centenárias ou simplesmente para descansar.
Na região, mais precisamente na localidade de Vigia, estão em andamento as obras do Hotel Fazenda Cerro Azul, é uma iniciativa de investidores da construção civil da cidade de Blumenau. A construção do empreendimento de luxo começou em novembro de 2017 e já está com os serviços bem adiantados. Ao todo, são R$ 18 milhões de investimento privado.
O turismo equestre é um dos destaques da Coxilha. Em 2018, aproximadamente 200 estrangeiros visitaram a região, segundo a Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures). São americanos, canadenses, escoceses e ingleses, por exemplo. Os grupos costumam ficar até uma semana percorrendo, a cavalo, as fazendas históricas, onde param para almoçar, jantar e pernoitar.
Maria Helena Eberle possui uma pousada na localidade de Bodegão, cerca de 7 quilômetros de distância do asfalto. Ela recepciona visitantes de várias regiões, oferecendo comida e pernoite. Segundo ela, com o asfaltamento aumentou o número de visitante em sua pousada. “Aqui, quase sempre tem visitantes que vem para almoçar ou pernoitar”, destaca.
Na última quinta-feira, um grupo de 60 idosos visitou a pousada de dona Helena. “Esta é a terceira vez que a gente vem até aqui. A pousada está distante sete quilômetros do asfalto, ainda assim a obra vale a pena”, declarou Vera Lúcia Vargas, uma das líderes do grupo de idosos.
Dona Helena diz que, após a obra, aumentou o número de visitantes em sua pousada Foto: Adecir Morais