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As asas de seus sonhos, ele mesmo faz

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Lages

 


Em um hangar, no Aeroporto Federal de Lages, encontra-se um dos mais experientes pilotos do Estado ainda envolvido com a aeronáutica. Mas o que torna Victor Holtrup diferente dos demais é a execução de um trabalho minucioso, detalhista e quase que inimaginável atualmente, ele constrói aviões de maneira artesanal.

 


Hoje Holtrup completa 75 anos, dos quais dedicou 56 à aviação. Aos 18 anos, ele fez seu primeiro voo solo, desde então, contabiliza mais de cinco mil horas de voos e calcula ter feito cerca de 50 aviões convencionais, chamados de CAP ou Paulistinha.

 


Seu Victor, como é carinhosamente chamado pelos amigos, nasceu em Blumenau. Em 1957 foi para São Paulo aprender mecânica de aviões no Campo de Marte, onde trabalhou por anos e construiu a sua primeira aeronave. “Com 25 anos, eu não tinha carro nem bicicleta, mas já tinha meu próprio avião, e feito por mim”, brinca.

 


Em 1964 chegou a Lages, se encantou com a cidade e mora aqui até hoje. Ele recorda que ao chegar na cidade o aeroporto ficava onde é a Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), e que quando a nova pista foi inaugurada, em 1973, acompanhou todo o processo, sendo um dos primeiros a construir um hangar no local. “Fiquei em Lages sempre lidando com aviões, pilotei muitos anos para empresários e fazendeiros indo a Goiás e Mato Grosso, mas não estou mais na atividade direta, só trabalho com mecânica”, conta ao revelar que gosta de voar, mas a mecânica de aviões é sua grande paixão”, conta.

 


Atualmente, Seu Victor ocupa seu tempo com a montagem de dois aviões. “Fiz peça por peça artesanalmente e não tenho pressa de terminar, pois não tenho compromisso com ninguém”, esclarece, ao lembrar que o que executa é por amor à aviação. “Não posso ficar um dia longe de meus aviões, o meu sonho eu realizo todos os dias, aqui dentro”, fala.

 


Sua experiência é conhecida por centenas de pilotos pelo Brasil, tanto que é procurado por muitos para dar dicas e orientações. Solidário e prestativo diz que sua mecânica não tem dono e qualquer aviador de qualquer parte do país pode chegar e ficar à vontade.

 


Organizado e detalhista, sabe exatamente onde se encontra qualquer peça que precise, e deixa claro que em suas criações não usa nada que esteja fora do catálogo aeronáutico, “nem mesmo um parafuso”, completa.

 


Entre seus ensinamentos, não cansa de repetir aos mais jovens que aeronaves não têm idade, têm manutenção. “A maioria dos aviões que pilotei e deram problema, tinham menos de 100 horas de voo, então a conservação é o que mantém um avião no céu”, afirma.

 


Para celebrar tanta experiência ele vai receber os amigos e os filhos para uma comemoração. Sobre os presentes, já adianta que não quer saber de nada, só precisa dos amigos por perto. “Este sim é o grande presente que a aviação me deu”, revela.

 

Fotos: Edinara Kley

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