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Elisabete Anderle contempla cinco projetos na Serra

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O projeto de Daniela vai ampliar a disponibilidade de informações sobre a rota de pousos de São João Maria, em Campo Belo do Sul - Fotos: Núbia Garcia

Cinco projetos da Serra Catarinense foram contemplados no Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, que em 2019 chega à quinta edição. Promovido pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), neste ano a premiação distribuirá R$ 5,6 milhões a projetos de três áreas: Artes, Artes Populares e Patrimônio Cultural.

Dos contemplados na Serra Catarinense, quatro são projetos sobre produção e difusão (patrimônio imaterial, culturas populares e diversidades, música e artes visuais) e um é de pesquisa e formação (teatro). Os produtores proponentes são de Lages, contudo, os trabalhos serão desenvolvidos em diversas cidades da região.

De acordo com a FCC, a quantidade de contemplados na Serra poderia ter sido maior, porém, o número de inscritos foi relativamente baixo, se comparado com outras regiões do estado.

Em categorias como restauração e conservação, museus e bibliotecas públicas, segundo o órgão, não houve projetos inscritos pela região, por isso, os valores que seriam destinados para a Serra foram remanejados para outras partes do Estado.

A FCC divulgou no início do mês os trabalhos aprovados na etapa de análise, avaliação, classificação e seleção, dentre eles, os cinco representantes da Serra.

Dia 31 de outubro, a fundação divulgou o resultado da segunda etapa, a de aceitabilidade dos documentos complementares. Os recursos desta etapa podem ser apresentados até o dia 7 de novembro e o resultado final do prêmio deve ser anunciado no próximo dia 13.

Conheça os contemplados

Os pousos de João Maria em Campo Belo do Sul

Integrantes da Associação Cultural Matakiterani inscreveram cinco projetos no Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura e tiveram dois contemplados: “Identificação e salvaguarda dos pousos de São João Maria em Campo Belo do Sul”, de autoria de Daniela Carneiro Máximo de Oliveira; e “A semântica do espaço cênico: pesquisa de competências integradas”, de Morgana Cristina de Oliveira.

Uma característica em comum é que ambos os trabalhos contemplados são projetos complementares a pesquisas que já foram iniciadas anteriormente. O trabalho de Daniela é a ampliação de uma pesquisa realizada em 2012.

Intitulado “Memória no Rumo de São João Maria”, à época o levantamento identificou 17 locais de pousada de São João Maria no município de Campo Belo do Sul e, a partir disso, foi desenvolvido um mapa pictórico para indicar a localização dos pontos de parada desta figura mítica.

O projeto, que agora foi selecionado pelo Elisabete Anderle, propõe uma ampliação deste mapa pictórico – que é utilizado basicamente para o turismo.

O novo mapa será incluído em um software e disponibilizará informações adicionais (que não integram o atual mapa pictórico), como acesso e estado de conservação de cada local, identificação de localização (se em área urbana ou rural), e a identificação de propriedade privada ou não.

“Dessa maneira a gente pode elaborar ações que são efetivas em relação a esses lugares. Locando estes pontos no software, o intuito é a geração de mapas temáticos, que são ferramentas de planejamento regional, para entender quais são os pontos de interesse. A partir daí, pode surgir uma articulação para o turismo de base comunitária”, comenta.

Cenografia teatral pela ótica da arquitetura

“A semântica do espaço cênico: pesquisa de competências integradas” é basicamente uma continuidade do trabalho final de Morgana no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), encerrado neste ano.

No projeto acadêmico, ela desenvolveu um trabalho sobre cenografia para espetáculos teatrais, no qual apresentou uma proposta de cenário para o espetáculo teatral “Eles não usam black-tie” – escrito por Gianfrancesco Guarnieri no final da década de 1950 – focando na parte teórica da arquitetura.

Em sua defesa de banca, surgiu a proposta de aprofundar o tema estudando como seria possível transformar o estudo em realidade. E foi justamente este o projeto que ela desenvolveu para concorrer ao Elisabete Anderle.

Dramaturga e cenógrafa, Morgana tem o intuito de transformar seu conhecimento cenotécnico em um cenário palpável para ser montado. Como resultado final, serão desenvolvidas plantas, pranchas e vistas do cenário.

Com isso, Morgana explica que terá em mãos um cenário, um plano de direção e um plano de dramaturgia montados, faltará apenas selecionar o elenco para montar e apresentar o espetáculo.

“Essa continuidade da pesquisa traz um dramaturgo e um diretor teatral e tenta evoluir essa ideia, analisando como tornar viável e aplicável na realidade de hoje, tornando mais contemporâneo”, explica.

A contrapartida deste projeto será a realização de um workshop sobre a experiência, ministrado pelo dramaturgo Afonso Nilson Barbosa e pelo diretor teatral Lourival Andrade Junior.

A arquiteta Morgana transformará seu conhecimento cenotécnico em um cenário palpável para ser montado

A história de lugares esquecidos contada por fotografias

Outra entidade de Lages, a Associação de Arte e Cultura Circula-Dô, também concorreu com mais de um projeto ao Prêmio Elisabete Anderle: o contemplado foi o projeto fotográfico “Terras de Santo”, de autoria do produtor cultural Márcio Machado. A associação também concorreu com a proposta para a gravação do CD da banda Blues In Box – que não foi aprovada.

“Terras de Santo” consiste em um foto documentário que abordará o dia a dia de duas comunidades da Serra Catarinense. A primeira é o Divino Espírito Santo, no município de Rio Rufino, e a segunda a comunidade de Beneditos, em Cerro Negro.

“São comunidades com aspectos ímpares, que se assemelham a recantos quilombolas. Apesar de não serem denominados quilombolas, elas têm suas características, como serem as mais pobres de suas cidades e estarem distantes da área urbana”, comenta Márcio.

Para realizar este foto documentário, Márcio pretende fazer uma imersão, passando ao menos uma semana em cada comunidade, com o intuito de conhecer e registrar os hábitos de sua população. As fotografias resultantes integrarão uma exposição, que vai circular por escolas das áreas urbana e rural de vários municípios da Serra (além das próprias comunidades fotografadas).

Com este registro fotográfico da história destes lugares e das pessoas que vivem neles, Márcio pretende fazer com que toda a Serra Catarinense conheça as peculiaridades destes locais, bem como fazer com que os moradores dos Beneditos conheçam os moradores do Divino Espírito Santo, e vice-versa, fortalecendo sua identidade cultural. O trabalho será desenvolvido com o apoio de uma equipe técnica.

Márcio pretende fazer uma imersão nas comunidades para realizar o foto documentário

Canções com temática regional para o público infantil

O cantor serrano Éder Goulart foi selecionado com o projeto “Cantilenas”, que tem como objetivo produzir um extended play (EP) e um CD com oito faixas musicais.

As canções têm temas regionais de Santa Catarina e visam a despertar interesse do público infantil, utilizando linguagem lúdica e simples. “É uma forma de valorizar o folclore local em um verdadeiro mosaico de cultura, raiz, história e lendas deste interior do Brasil”, comenta.

As letras e melodias das oito canções são de autoria do próprio Éder, que atua há duas décadas retratando a cultura serrana através de músicas, poesias e temáticas.

A contrapartida do seu projeto será a realização de apresentações gratuitas em escolas públicas municipais de Lages. “É importantíssimo o fomento de projetos que possam valorizar as diferentes formas de arte de nosso Estado e o Cantilenas será uma realização que leva o regionalismo às novas gerações.”

Éder atua há 20 anos retratando a cultura serrana em música e poesia

Exposição com fotos com alto-relevo e descrição em braille

O projeto de “Tacto Esthesia: O Tocar da Paisagem Serrana”, desenvolvido pelo fotógrafo Carlos Wolf, consiste em uma exposição fotográfica inclusiva, direcionada para deficientes visuais. Com o prêmio do Elisabete Anderle, Wolf utilizará fotos feitas ao longo de sua carreira para criar a exposição.

As fotos que integrarão o projeto serão impressas em alto-relevo e terão descrição em braille. “Existe em nosso estado uma comunidade muito grande de pessoas que estão isolados do acesso às artes pela falta de opções. Poucas pessoas lembram de incluir os deficientes visuais, parece que a única dificuldade deles é com calçadas ou sinais de trânsito. Quero tê-los participando ativamente das exposições.” O projeto foi desenvolvido em parceria com a Associação dos Deficientes Visuais Planalto Serrano (Adevips).

Imagens já capturadas por Carlos serão reimpressas em alto-relevo e terão descrição em braile

 

Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura – Contemplados 2019

  • Patrimônio Imaterial – Produção/difusão
    Daniela Carneiro Máximo de Oliveira – Identificação e salvaguarda dos pousos de São João Maria em Campo Belo do Sul 
  • Teatro – Pesquisa/Formação
    Morgana Cristina de Oliveira – A semântica do espaço cênico: pesquisa de competências integradas 
  • Culturas Populares e Diversidades – Produção/difusão
    Márcio Machado – Projeto Fotográfico Terras de Santo 
  • Artes Visuais – Produção/difusão
    Carlos Alberto Wolf de Matos – Tacto Esthesia: O Tocar da Paisagem Serrana 
  • Música – Produção/difusão
    Éder Rosa Goulart – Cantilenas

Fonte: https://elisabeteanderle.idcult.com.br/

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