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Wolny Della Rocca fez parte da história do Correio Lageano

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Foto: Vinicius Prado/ Arquivo CL

Morreu, na terça-feira (16), aos 89 anos, por volta das 12h30, em Lages, Wolny Della Rocca, ex-prefeito da cidade entre os anos de 1961 e 1965. O advogado Luciano Della Rocca, filho do ex-prefeito, informou que desde fevereiro deste ano, o pai lutava contra um câncer, era uma neoplasia que atingiu o coração e culminou com a morte do político.

Wolny era casado com Dolores Della Rocca, falecida em 2001, e deixou cinco filhos, netos e bisnetos. O velório está acontecendo na Capela São Benedito, desde a tarde de ontem, em Lages e, na tarde de hoje (17), ocorrerá a cerimônia de cremação.

Em 2017, Wolny Della Rocca concedeu uma entrevista ao Correio Lageano, no lançamento do CL Acervo, em evento no Centro Cultural Vidal Ramos. Na ocasião o ex-prefeito foi homenageado, juntamente outras pessoas que fizeram parte da história do CL. 

Confira a entrevista:

Correio Lageano: Como era ser prefeito na década de 1960?

Wolny Della Rocca: Era um período mais tranquilo de trabalhar, o povo ainda era exigente como hoje em dia, em certas situações. Não tinha calçamento [a cidade], não tinha coisa nenhuma, então, tudo o que fizesse era bem aceito. Evidentemente, que hoje está diferente, as pessoas querem asfalto, por exemplo, e têm razão. Em compensação, pagava-se pouco imposto. Basta dizer, que no meu período, vereador não recebia salário e honorário nenhum, era totalmente grátis. Era bem mais fácil de administrar, as exigências eram menores e tinha tudo por fazer. Pena que naquela época nós cometemos um erro fatal para a administração, que isso um dia tem de ser registrado, a falta de conhecimento do futuro, não se falava em desenvolvimento sustentável, nada disso. Foi no meu período e no dos meus sucessores que se acabou com o pinheiro de Lages, a Araucária. A gente tinha uma previsão de que a natureza era uma mãe, um saco sem fundo, que não ia acabar nunca, um dia acabou. 

O senhor fez tudo o que gostaria enquanto prefeito?

Fizemos diversas obras, por exemplo, o asfalto da Avenida Presidente Vargas foi feito no meu período, contando com a mão valiosa do 2° Batalhão Rodoviário do Exército que estava aqui em Lages, e que fez a BR-116, naquele meu tempo era BR-2. Fizemos a Avenida Duque de Caxias e o Cemitério da Penha, estou lembrando só daquele lado. Também a Praça da Catedral, era um barral, o pessoal ia à missa em dia de chuva e tinha de dar voltas. Fizemos aquele concreto que está até hoje. Levamos água ao Bairro Coral. Foi uma série de empreendimentos, de bom nível e bom porte, me sinto realizado com o que  fiz, nunca fui de inaugurar nada, mas foram obras importantíssimas para Lages. 

O senhor viveu o Golpe Militar (31 de março de 1964), era prefeito, o que o senhor lembra?

Foi um período bastante sério na história de Lages, porque, de repente, acordamos aqui, manhã de 31 de março de 1964, no Rio Grande do Sul o Leonel Brizola gritando de um lado, o pessoal de São Paulo do outro. O fato é que nós não tínhamos outra atuação a não ser a que tomamos, a de aderir ao movimento, ou, simplesmente, deixar o cargo e ir embora. Aderimos ao movimento revolucionário naquela época, meio a contragosto. Tivemos a visita de um oficial do exército para saber de que lado eu estava, claro que eu disse, estou no seu lado. Depois que se acertou isso, foi um período ótimo, o primeiro período, com o general [Humberto de Alencar] Castelo Branco no comando foi de calma para o Brasil, ninguém pode contradizer. Depois que veio o AI-5 (Ato Institucional número 5),  que foi instituída a tortura, aí degenerou tudo. A lei era, meio, ditatorial, fez alguma coisa errada pagava, não tinha perdão, as Forças [de segurança] estavam para isso mesmo. Alguns acham que houve exagero, eu acho que não. E uma coisa que se fala, que talvez precisasse de novo, porque o Brasil está igual estava lá no passado. Uma coisa que pergunto, onde vai parar do jeito que está indo, é greve, centenas de denunciados todo santo dia, uma roubalheira danada, 51 milhões dentro das malas, onde vamos parar?  

E como era a sua relação com o José Paschoal Baggio?

Foi através do partido, o PTB, o partido de Getúlio Vargas, junto com o doutor Edézio Caon, com o pessoal todo, lançaram minha candidatura com o PDS. Com o Zé Bággio, tive as melhores relações, ele tinha mais experiência em política, eu era novato, e entrei meio de gaiato.Tive ótimas relações com ele, e com toda a equipe, com os que adquiriram o Correio Lageano, os Caon, Sirth Nicolelli. Lembranças que a gente tem, já se passaram quase 60 anos…

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