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Sem favoritos à Palma de Ouro, Bardem monopoliza apostas

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Cannes (França), 22 mai (EFE).- As apostas estão muito divididas neste ano sobre quem será o vencedor da Palma de Ouro de Cannes, que será entregue amanhã, a única unanimidade é com relação a Javier Bardem que deve levar o prêmio de melhor ator, com a permissão dos monges franceses liderados por Lambert Wilson.

Neste ano nenhum filme despertou fortes aplausos, nem grandes defesas e as apostas dos críticos incluem títulos como "Another year", de Mike Leigh; "Des hommes et des dieux" (De homens e deuses, em livre tradução), de Xavier Beauvois; "Poetry", Lee Chang-dong, e "Biutiful", do mexicano Alejandro González Iñárritu.

Mas o que todo mundo parece concordar é com relação à grande atuação de Bardem em "Biutiful".

Há consenso também de que a única alternativa a Bardem seria um prêmio conjunto para os monges do filme "Des hommes et des dieux" sobre o assassinato de sete religiosos franceses em Argel em 1996.

Lambert Wilson, como o principal da comunidade, mas, sobretudo, Michael Lonsdale como o irmão Luc e o veteraníssimo Jacques Herlin, de 83 anos, fizeram interpretações maravilhosas que poderiam receber um prêmio conjunto, o que já ocorreu várias vezes em Cannes.

Entre as mulheres, as apostas se concentram em dois nomes: a francesa Juliette Binoche e a coreana Yun Jung-hee.

A onipresente Binoche – é a imagem do cartaz desta 63ª edição de Cannes – interpreta sua Elle em "Copie conforme", do iraniano Abbas Kiarostami, uma história sobre a dificuldade de amar e para a qual a atriz se inspirou na italiana Anna Magnani.

Não menos brilhante está a veterana Yun Jung-hee em sua volta ao cinema após dez anos de ausência com a poética "Poetry".

Um filme que entra forte nas apostas para a Palma de Ouro, o Grande Prêmio e os prêmios de melhor diretor, roteiro e o especial do júri.

Um heterogêneo júri presidido por Tim Burton e que tem entre seus nomes o espanhol Victor Erice, o porto-riquenho Benicio del Toro e à atriz britânica Kate Beckinsale, será o encarregado de elaborar a lista de premiados que será conhecida amanhã à noite.

De seus gostos dependerá para quem vão os prêmios, sem esquecer que os grandes festivais tendem a levar em conta elementos que vão além das qualidades cinematográficas dos filmes no concurso.

Nesse esquema de elementos exteriores poderia entrar no histórico o filme de Kiarostami – que já levou a Palma de Ouro em 1997 com o "O sabor das cerejas".

O iraniano não está entre os favoritos, mas com um prêmio ao seu filme se enviaria uma mensagem de apoio ao cineasta iraniano Jaafar Panahi, detido em 1º de março acusado de fazer um filme contra o regime.

Panahi deveria fazer parte do júri desta edição de Cannes, mas sua detenção impediu sua saída do Irã. E, além disso, no domingo passado ele iniciou uma greve de fome.

Em um contexto político diferente poderia ser concedido um prêmio para "Des hommes et des dieux", um das obras que trata das tensas relações entre a França e a Argélia.

O outro é "Foras da lei", de Rachid Bouchareb, cuja exibição em Cannes esteve rodeada de enormes medidas de segurança pelas duras acusações contra si por ser considerado um filme antifrancês.

Fora das considerações políticas, a crítica internacional gostou muito do retrato de Mike Leigh, que já conseguiu em Cannes a Palma de Ouro, em 1996 por "Segredos e Mentiras" e o prêmio ao melhor diretor por "Naked" em 1993.

E também não fica fora das apostas, apesar da divisão de opiniões, o último trabalho de Iñárritu.

"Biutiful" agradou tanto quanto decepcionou, mas seu nome aparece em todas as apostas. Iñárritu já ganhou em Cannes o prêmio de melhor diretor em 2006 com "Babel" e agora poderia ir mais alto.

Levando em consideração que o presidente do júri é Tim Burton pode-se dizer com certeza que haverá alguma surpresa.

Uma hipótese é que poderá ser escolhido um filme mais experimental, como a história de relação entre humanos e fantasmas que o tailandês Apichatpong Weerasethakul conta em "Lung Boonmee raluek chat"; o drama da guerra africana em sua versão chadiana, "Um homme qui crie", de Mahamat-Saleh Haroun, e a potente "Schastye moe", do ucraniano Sergei Loznitsa.

O que parece mais distante é a possibilidade de que nomes tão veteranos como os de Bertrand Tavernier, Nikita Mikhalkov e Ken Loach figurem no histórico. Mas nem os mais veteranos no Festival de Cannes entendem a lógica dos prêmios, portanto qualquer coisa é possível. EFE

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