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Raimundo e Angela dão largada na disputa ao governo

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Florianóplis, 27/06/2010, Pelo Estado/CNR/ADI-SC/ Adriana Baldissarelli

 


O lançamento, durante o final de semana, das candidaturas de Angela Amin (PP) e de Raimundo Colombo (DEM) apoiado pelo PMDB já estabelece o eixo principal da disputa ao governo de Santa Catarina. Amanhã, no prazo final para as convenções partidárias, o PT vai homologar a candidatura de Ideli Salvatti, triangulando aquela que será uma das eleições mais nervosas e de maior presença feminina no Estado e no Brasil.

 


Também nesta quarta-feira, o PSDB e o PDT definem ao lado de quem estarão. Sobre estas escolhas, mais do que preferências regionais, vai pesar a polarização nacional. Em nome do palanque do presidenciável José Serra, a convenção tucana deve decidir seguir com Colombo. Em compromisso com o palanque de Dilma Rousseff, a executiva estadual dos trabalhistas deve fechar coligação com Ideli Salvatti.

 


Sem escapar, de um e de outro lado, de dissidências favoráveis a Angela Amin. E apesar do atual governador, Leonel Pavan, lamentar que a exigência nacional representa um “prejuízo pessoal muito grande” que implicará no fim de sua carreira política.

 


 
Situação – O ex-prefeito de Lages e atual senador Raimundo Colombo vai disputar pela primeira vez o governo na companhia de dois ex-governadores do PMDB. O presidente estadual da sigla, Eduardo Pinho Moreira, concorrerá a vice. Luiz Henrique da Silveira, depois de vencer a disputa sobre Paulo Afonso Vieira, com 60% dos votos dos convencionais, será o candidato ao Senado. A segunda vaga de senador caberá ao PSDB. O pré-candidato Paulo Bauer, inclusive, compareceu às convenções do PMDB e do DEM.

 


No sábado, enquanto o DEM aguardava numa convenção bem comportada e quase apática no plenário da Assembleia, a não ser pelo som de algumas vuvuzelas, as cornetas da Copa do Mundo, o PMDB agitava-se nas imediações, no Ginásio do Sesc. Luiz Henrique, que sonhava ver aclamada tanto a polialiança governista quanto sua candidatura ao Senado, mas teve de se submeter à disputa interna, na porta, recebeu um a um os cerca de 3 mil presentes. Entre eles, os 425 convencionais que, por maioria, desafiaram a ameaça de intervenção do diretório nacional da sigla e aprovaram a coligação com o DEM.

 


Apesar das vaias que contagiaram até o deputado federal e vice-presidente estadual, João Mattos, foram 288 votos pela reprodução da polialiança governista e 129 pela candidatura própria. O ex-prefeito da Capital Edison Andrino sustentou uma candidatura praticamente simbólica já que, na véspera o deputado federal Mauro Mariani, assim como Eduardo Pinho Moreira 15 dias antes, desistiu de registrar sua candidatura a governador.

 


Estimulado pelo compromisso da bancada federal do PMDB com o presidente nacional e candidato a vice de Dilma, Michel Temer, nas 48 horas anteriores, Mariani chegou a procurar o PSB, PSC, PDT e inclusive o PSDB, mas não conseguiu viabilizar nova candidatura. “Ele chegou onde eu tinha chegado. O problema é que esses partidos aqui em Santa Catarina estão sendo manipulados pelo PT em nível nacional. Isso aí que é não podia existir: estavam interferindo na nossa soberania, mas o PMDB reagiu, com muito vigor e com a participação expressiva dos seus convencionais”, explicou Moreira que, com 319 votos, assegurou a condição de candidato a vice de Colombo.

 


João Mattos retirou seu nome da disputa para evitar legitimar o que classificou de “farsa”. “Não posso concordar que Luiz Henrique e Eduardo negociem o partido como se fosse propriedade deles. O PMDB não tem dono. Eu agora só sou candidato a avô, quero sair da vida pública com a cabeça erguida”, protestou.  Sem deixar de prever uma migração de peemedebistas para a candidatura da petista Ideli Salvatti.

 


Por volta das 16h, já conhecido o resultado, Colombo dirigiu-se à convenção do PMDB. Ao lado do ex-senador Jorge Konder Bornhausen, subiu ao palco que, entre dirigentes e imprensa, concentrava maior lotação do que o auditório, então reduzido a uma centena de pessoas.

 

Colombo lembrou que “suas memórias com o PMDB sempre são muito fortes”. De 1985, quando participou do governo Pedro Ivo Campos; de 1994 quando, derrotado nas eleições para deputado federal, Paulo Afonso lhe ofereceu a direção da Casan e, principalmente, das eleições de 2006, quando Luiz Henrique teria lhe apresentado “como a um filho” aos catarinenses, abrindo-lhe as portas para uma votação histórica ao Senado.

 

“Estou muito feliz e consciente de minha responsabilidade. Vou dar o melhor de mim, tudo, tudo que puder. Meu coração é grande e cabem todos os peemedebistas aqui dentro. Estaremos todos abraçados para fazermos um grande trabalho, com fé e esperança, para o povo catarinense”, disse Colombo. Ao agradecer ao PMDB, manifestou confiança no apoio também do PSDB para reeditar a aliança que governa Santa Catarina nos últimos oito anos. E que, além de deter as maiorias parlamentares, conquistou dois terços das prefeituras em 2008.

 


“Agora é ir pra campanha, é ir pra rua. É eleição de morro abaixo”, disse Luiz Henrique, repassando a aposta de que Serra terá vantagem de mais de 1 milhão de votos em Santa Catarina.

 


 
Oposição – Angela Amin já disputou o governo em 1994, quando por muito pouco perdeu para o PMDB de Paulo Afonso Vieira. De lá para cá, administrou a Capital por dois mandatos e elegeu-se deputada federal. Enquanto o marido, Esperidião Amin, voltou a governar Santa Catarina por quatro anos. Neste domingo, com uma convenção que entusiasmou mais de 3 mil pessoas no Clube 12 de Agosto, no Centro da Capital, o PP confirmou sua candidatura ao governo do Estado. Ela, ao final, anunciou que se for disputar em chapa pura, seu vice será o empresário Moacir Thomazi, de Joinville.

 


“Todo esforço foi e está sendo feito para que o diálogo político avance em favor de Santa Catarina, mas se precisar, temos time, temos logística, e temos energia para fazer desse um projeto vitorioso”, garantiu Angela Amin, em alusão ao blecaute que deixou o clube por 40 minutos sem energia elétrica e à possibilidade de acordo com o PDT e, mais remotamente, com o PT. “No meio dessa lambança das coligações, sempre tivemos uma única certeza: queremos dar a Santa Catarina a possibilidade da mudança. Não para dizer que tudo está errado, mas para aproveitar melhor as possibilidades que o Brasil oferece e Santa Catarina está perdendo.

 

Já tivemos bons governadores, mas elegendo Angela Amin, teremos o melhor governo da história de Santa Catarina”, reconheceu o ex-senador. Ele se apresentou como candidato a “primeiro-damo”, função que já exerceu por oito anos na Capital, “sem chiliques, sem quebrar louça nem se descabelar”. De fato, inscreveu-se para disputar a deputado federal, já que a finalização da chapa majoritária foi delegada à Executiva Estadual.

 


Depois daquela que foi considerada a melhor e a maior convenção da sigla, “sem governo, sem cooptação e sem pressionar ninguém”, conforme destacou o presidente estadual, Joares Ponticelli, o PP terá mais alguns dias para finalizar a negociação de alianças e registrar as candidaturas. O evento contou com a presença  do presidente estadual do PDT, Manoel Dias, e do deputado estadual Dagomar Carneiro, além de tucanos resistentes à aliança com o DEM como o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, e o deputado federal Gervásio Silva.

 


Homenageada com depoimentos em vídeo que a distinguiram como uma mulher vencedora, que sabe dizer não e proteger as pessoas, e está preparada para governar Santa Catarina, Angela Amin fez um discurso firme e emotivo. Destacou a importância da família como base para enfrentar os desafios, agradeceu a presença dos pais Pedro e Petrolina Heizen, e demonstrou confiança numa onda de mudança que valorize a presença feminina nestas eleições. Nem o tempo de propaganda eleitoral reduzido a assusta, afirmou, confiante na capacidade da militância e nas oportunidades de outras mídias de campanha como a internet.

 

Foto: Luiz Augusto Del Moura/Divulgação

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