Economia e Negócios

Pagamentos automáticos de pedágio podem diminuir índice de acidentes

O número de veículos com tag de pagamento cresceu quase 67% nos últimos dois anos no Brasil, passando de 9 milhões em 2023 para 15 milhões em 2025, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Pagamento Automático para Mobilidade (Abepam). A projeção é que esse volume chegue a 20 milhões nos próximos dois anos, impulsionado pela expansão das concessões rodoviárias e pela adoção do sistema de pedágio free flow.

Este sistema substitui as tradicionais praças de cobrança por pórticos eletrônicos e pode trazer diferentes benefícios no trânsito. Entre eles, a redução do índice de acidentes, segundo a pesquisa “Avaliação dos impactos tarifários da implantação do sistema free-flow em rodovia federal”, realizada na Universidade de Brasília (UnB).

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Também estão entre as vantagens apresentadas pelos pesquisadores, que analisaram um trecho de 270 quilômetros da BR-101 entre Itaguaí (RJ) e Ubatuba (SP), a diminuição dos processos de combustão provocados pelas paradas e retomadas de marcha, a economia de tempo para os motoristas e a maior facilidade de arrecadação para as concessionárias.

O sistema free flow já está em operação em vários trechos importantes do país. Na rodovia Rio-Santos (BR-101), pórticos foram instalados nas cidades de Itaguaí, Mangaratiba e Paraty. O contorno Sul da Rodovia dos Tamoios, que conecta Caraguatatuba a São Sebastião, também adotou recentemente o modelo de pedágio eletrônico.

Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a cobrança automática pode ser feita de duas formas. A primeira é por meio da leitura da etiqueta eletrônica, conhecida como tag. Um dos benefícios da tag de pedágio é a possibilidade de desconto gradual, de acordo com a frequência em que é utilizada, conforme o órgão regulador. 

A segunda acontece através da leitura da placa do veículo. Neste caso, após passar pelo pórtico, o motorista deve procurar os canais de atendimento da concessionária para quitar o valor devido e evitar a configuração de evasão.

A ANTT também destaca as vantagens dos pedágios automáticos para os motoristas, como tarifas mais justas, recuperação da estrada, maior segurança, instalação de marcos quilométricos e placas de sinalização, além de atendimento 24 horas nos Serviços de Atendimento aos Usuários (SAU).

Já pensando em uma logística nacional, a medida representa maior fluidez no tráfego, com menos congestionamentos, maior eficiência no transporte de cargas e passageiros, assim como a redução da emissão de poluentes. 

Sendo assim, investir no sistema free flow é como investir dinheiro em modernização para beneficiar a população brasileira, já que garante economia tanto para motoristas individuais, quanto para empresas de transporte que utilizam rotas pedagiadas com frequência.

Estudo aponta desafios do sistema free flow

Apesar das vantagens, os pesquisadores da UnB alertam que o modelo de pedágio automático também traz desafios. Entre eles está a inadimplência, já que não existem barreiras físicas que impeçam a passagem sem pagamento.

“Sem um controle rigoroso da inadimplência, o sistema pode não ser sustentável. Por isso, precisamos de penalizações rígidas e políticas públicas eficazes para controlar e evitar que o sistema se torne inviável”, enfatiza a pesquisadora Isabela Reichert.

Para enfrentar possíveis impontualidades, a ANTT determina que, caso o pagamento da tarifa eletrônica não seja realizado durante a passagem pelo pórtico, o usuário deve regularizar a cobrança junto à concessionária em até 30 dias.

Após esse período, além de acrescido de encargos, o não pagamento configura infração grave de trânsito, de acordo com o artigo 209-A do Código de Trânsito Brasileiro, caracterizando evasão de pedágio. A penalidade prevista é multa de R$ 195,23, além de cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).