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Obesidade e sobrepeso infantil preocupam em Lages

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Alice tem 10 anos, e procura se alimentar adequadamente - Foto: Patrícia Vieira

O sobrepeso e a obesidade infantil vem apresentando prevalência crescente, tanto nos países desenvolvidos, quanto nos em desenvolvimento. A Organização Mundial da Saúde (OMS) detectou índices alarmantes, em que 124 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos apresentam obesidade, e mais de 42 milhões de crianças até 5 anos possuem diagnóstico de excesso de peso em todo o mundo. Infelizmente Lages faz parte deste contexto.

A obesidade atinge um em cada cinco brasileiros, segundo dados do Ministério de Saúde. Em dez anos, passou de 11,8% para 18,9% e isto pode ter colaborado para o aumento de casos de diabetes e hipertensão.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 15% das crianças brasileiras, com idade entre 5 e 9 anos têm obesidade atualmente. Entre os jovens de 10 a 19 anos, a obesidade atinge 5,9% dos garotos e 4% das garotas.

A Sociedade Brasileira de Pediatria, alerta para o crescimento da obesidade infantil no país com consequente aumento de doenças relacionada as alterações metabólicas, como dislipidemia, hipertensão e a intolerância à glicose (considerados fatores de risco para o diabetes melitus tipo 2 e as doenças cardiovasculares como hipertensão e aterosclerose precoce).

Em Lages, não há registros estatísticos da obesidade na cidade, mas a pediatra Maria Cristina Martins, explica que a quantidade de casos é alta, junto com o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis.

Alice Oliveira Goulart, de 10 anos, faz parte dessa estatística. Ela apresentou sobrepeso a partir do 2 anos de idade. Desde então, começou a luta da família por uma qualidade de vida melhor.

Com o passar dos anos, por recomendação da médica, Alice precisou até tomar medicamentos para a redução de peso. “ A pessoa tem que emagrecer e não ser emagrecido” diz a mãe, Tatiane Oliveira.

De acordo com a mãe, os medicamentos não surtiram o efeito esperado. Até porque, Alice ainda era muito pequena. “Hoje, mesmo com o sobrepeso, está crescendo saudável”. Avalia Tatiane.

Ela conta que nunca teve problemas por causa do peso. Mas comemora a eliminação dos quatro quilos nas últimas semana. “Estou feliz, meu calção número 42 fechou” disse a menina.

Alice está no 6° ano do Ensino Fundamental no Colégio Policial Militar Feliciano Nunes Pires, em Lages. Ela atribui a redução de peso às atividades físicas que são realizadas no Colégio.

Projeto

Embora não se tenha os números exatos, a médica pediatra Maria Cristina Martins, notou que nos últimos anos cresceu o número de crianças com diagnóstico de sobrepeso e obesidade.

“A partir dessa constatação iniciamos uma série de palestras e trabalhos educativos nas rádios e, além disso, foi desenvolvido um projeto de pesquisa em parceria com a Secretaria de Saúde e Uniplac com o objetivo de conhecermos em números a real situação da obesidade e sobrepeso em Lages”.

A pediatra ressalta que o projeto aguarda apenas pela aprovação do comitê de ética da Universidade para que se inicie efetivamente. O objetivo dele será, além de saber a prevalência desses casos em Lages, escolher um bairro e desenvolver um projeto piloto auxiliando essas crianças e adolescentes a saírem dessa situação. “Com o sucesso que imaginamos ter através do projeto piloto, as atividades serão estendidas para toda a cidade” finaliza

IMC

Tanto o excesso de peso quanto a obesidade são definidos de acordo com o índice de massa corporal (IMC): um cálculo que divide o peso pela altura ao quadrado. Pessoas com resultado acima de 25 são consideradas com sobrepeso e, acima de 30, obesos.

Hábitos alimentares

Entretanto, os fatores que podem explicar este crescente aumento do número de indivíduos obesos estão mais relacionados às mudanças no estilo de vida e aos hábitos alimentares.

O aumento no consumo de alimentos ricos em açúcares simples e gorduras, com alta densidade calórica e a diminuição da prática de exercícios físicos são os principais fatores relacionados ao meio ambiente.

De acordo com a pediatra, alguns estudos brasileiros, opontam que a obesidade está associada com níveis elevados de escolaridade dos pais; alta renda familiar; presença nas residências de televisão, computador, telefone e vídeo game; frequentar escola privada e ser unigênito.

As preferências alimentares das crianças, assim como a realização de atividades físicas, são práticas influenciadas diretamente pelos hábitos dos pais e familiares, que persistem frequentemente na vida adulta, o que reforça a hipótese de que os fatores ambientais são decisivos na manutenção do peso saudável.

Alimentação

A pediatra comenta que que nos últimos anos as pessoas estão se perdendo na sua relação com a comida, não cozinham mais em casa, não comem mais comida de verdade, preferem alimentos industrializados que são muito mais palatáveis (afinal indústria trabalha anos para desenvolver bom alimento que dê prazer e que “vicie”quem estiver ingerindo), ricos em calorias, açúcares, sódio, corantes e conservantes.

Dicas

  • Reaprender a comer, cozinhar, ter prazer no alimento desde o seu preparo, o servir e o comer.
  • Resgatar a alimentação como um momento familiar (e não cada um comendo na frente da TV ou no celular, sem conversar, sem contar como foi o seu dia).