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Feto foi encontrado em horário de grande movimento

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Feto estava em sacola, atrás do vaso sanitário do banheiro feminino da rodoviária de Lages - Foto: Camila Paes

A auxiliar de serviços gerais Vera Lúcia Lima Rosa, 49, cumpria suas funções diárias na Rodoviária Dom Honorato Piazera, em Lages, na madrugada de quinta-feira, quando encontrou uma sacola de pano na parte traseira de um vaso sanitário do banheiro feminino. Inicialmente, achou que se tratava de um cachorro e chamou um colega para conferir.  Ao abrir a sacola, veio o susto. Ali dentro estava o corpo de um bebê. Imediatamente, ela largou tudo, levou a criança para o fraldário e chamou os bombeiros. “Eu achei que estava viva, porque não tinha manchas de sangue, nem nada que mostrasse que fosse um aborto”, relata Vera.

Ela achou que o bebê estava vivo, mas os bombeiros confirmaram que a menina já havia morrido há algum tempo. “Ela era uma criança perfeita, tinha bastante cabelo e até cheiro de talco”, conta ela. Para proteger a criança, ela chegou a brigar com curiosos que tentavam tirar fotos do corpo. Até os profissionais chegarem ao local, Vera protegeu a menina no fraldário da rodoviária.

O caso aconteceu por volta das 3 horas, um horário considerado de muito movimento na rodoviária, já que os ônibus que transitam entre estados costumam fazer paradas em Lages. Neste horário, há três funcionários que fazem limpeza e manutenção no local. Vera reveza o serviço com uma colega. Entre as atividades estão cuidar dos banheiros e do salão principal. Elas começam a trabalhar às 19h e terminam às 7h.

Dentro da rodoviária não há câmeras de seguranças. Para Vera, isso é uma razão para se sentir insegura. “Eu adoro o meu trabalho, mas já fui ameaçada com caco de vidro. Ficamos muito vulneráveis. Precisamos de mais segurança”, ressalta ela. Na hora da ocorrência, a auxiliar afirma não ter percebido movimento estranho no local.

>>Perícia_ O perito criminal do Instituto Geral de Perícias (IGP) de Lages, Rafael Gazoza, informou que a necropsia revelou que se trata de um feto, ou seja, que nasceu após um aborto. A gestação seria de cerca de 7 meses. Agora, o caso segue para a Polícia Civil, que deverá procurar por responsáveis.

>>Aborto_ No Brasil, o aborto ainda é considerado um crime. No mês passado, uma comissão especial da Câmara dos Deputados votou o Projeto de Emenda Constitucional nº 181, que proíbe a interrupção da vida desde a sua concepção. Com isso, até mesmo os casos em que os abortos são permitidos no país, como em caso de estupro, feto anencéfalo ou que traga risco de vida para a mãe, ficariam proibidos. O texto passa por análise de uma comissão especial. Mesmo sem a sua total liberação, anualmente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 1 milhão de brasileiras realizam abortos. E segundo a Pesquisa Nacional do Aborto, a cada dois dias, uma mulher morre vítima de aborto inseguro no Brasil, sendo que as mulheres que abortam são, em geral, casadas, já têm filhos e 88% delas se declaram católicas, evangélicas, protestantes ou espíritas.

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