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Museu Malinverni ainda espera por reforma

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Situação do telhado do museu, devido a infiltrações - Fotos: Camila Paes

Com infiltrações nas paredes, telhado, problemas no piso e na pintura o Museu Malinverni Filho, no Centro de Lages, nem parece mais com um local que guarda as obras de um dos maiores artistas de Santa Catarina. A família do pintor e escultor falecido em 1971, espera por auxílios da Prefeitura de Lages e pelo recurso do Governo Estadual, para iniciar uma reforma urgente, para preservar o acervo e manter o prédio aberto ao público.

Jonas Malinverni, filho do artista, revela que a família não tem como manter sozinha o museu, que está aberto desde 1986, sem cobrar pela entrada do público. Anteriormente, recebia um apoio anual de R$ 30 mil, para manter o prédio e arcar com despesas mensais.

Com o Marco Regulatório no começo de 2017, a Associação dos Amigos do Museu deixou de receber esses recursos. Jonas ressalta que a Fundação Cultural já afirmou que logo voltam a receber o apoio, que é de extrema importância para que o museu permaneça funcionando.

Piso de madeira está cedendo

Dona Mariechen, esposa de Malinverni Filho e idealizadora do museu, ressalta que nunca pensou em fechar o museu, já que ele faz parte da história de Lages. “Tudo o que poupei nesses meus 91 anos de vida, estou precisando usar para manter o museu funcionando”, acrescenta.

Uma verba de R$ 250 mil foi destinada pelo Governo do Estado para a reforma estrutural do prédio. O dinheiro foi aprovado, mas não foi liberado. É que existem problemas com a prestação de contas da Festa do Pinhão de 2013, entre a prefeitura e a Fundação Catarinense de Cultura. Um outro recurso de R$ 200 mil, proveniente da Lei Rouanet, também deve ser encaminhado para o museu, para a restauração de duas obras do artista.

O superintendente da Fundação Cultural de Lages, Gilberto Ronconi, explica que irá a Florianópolis para saber se o recurso ainda está ativo. Ele ressalta que todas as prestações de contas necessárias foram realizadas e que é necessário saber se este dinheiro virá para a reforma do museu. Caso não venha, Giba enfatiza que será necessário a busca por novos recursos para a realização das obras emergenciais.

Sobre o auxílio da Prefeitura, Giba ressalta que estão trabalhando para que, em breve, o museu volte a receber as parcelas mensais. Além disso, ele ressalta que a instituição recebe o apoio para a manutenção e com pessoal para trabalhar no museu.

Rachaduras nas paredes no museu Malinverni Filho

O artista

Agostinho Malinverni Filho nasceu em Lages, em fevereiro de 1913, filho de imigrantes italianos. Pintou seu primeiro quadro aos 13 anos, com tinta preparada por ele mesmo e intitulado “Santa Luzia”. O artista também trabalhou com o pai, também escultor, esculpindo pedras na oficina de cantaria. Em 1943, iniciou os estudos na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde permaneceu até 1945.

Com dificuldades financeiras, pintava com material abandonado pelos colegas, no porão da escola, que transformou em atelier. Desta forma, pintou o quadro “Rua Taylor”, no qual recebeu o 1º prêmio na exposição coletiva da escola. Foi também durante três anos restaurador das telas do Palácio do Itamaraty e pintou em tamanho natural, o retrato de três governadores de estado.

Mais de 40 de suas telas se encontram em países como França, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Argentina, Uruguai, Alaska, Áustria, Portugal, Holanda, Estados Unidos, México. Criou a 1ª. Escola de Belas Artes do Estado de Santa Catarina que funcionou em Lages, com métodos e modelos organizados e criados por ele, mas que fechou as portas pela falta de apoio financeiro.

Malinverni morreu em janeiro de 1971, aos 58 anos, por doenças causadas pela intoxicação da tinta que usava para pintar suas obras.