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Mesmo interditada, motoristas se arriscam na Serra do Corvo Branco

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Caminhão de bebidas quebrou na subida da Serra - Foto: Juliano Elmar Borges/ Divulgação

“A Serra do Corvo Branco, tecnicamente, está interditada para trânsito de veículos, principalmente de veículos pesados, pois as condições não são ideais para esse tipo de veículos”. A afirmação é do engenheiro civil do Departamento de Infraestrutura de Santa Catarina (Deinfra) em Lages, Narciso Leal Narciso, em relação a SC-370.

Confirmando a preocupação do profissional, na madrugada de terça-feira (15), um caminhão de bebidas quebrou na Serra, em Grão Pará. Ele seguia sentido Urubici, na Serra Catarinense.

Há algum tempo, o Deinfra chegou a colocar barreiras para impedir o trânsito no local, entretanto, as pessoas retiraram. Os motoristas utilizam o local porque ele encurta a distância entre a Serra Catarinense e o Litoral. “O trecho é precário e não é autorizado transitar por lá”, garante Narciso.

Segundo ele, há sinalização ao longo das rodovias da região, informando que a Serra do Corvo Branco está interditada, mas não há como o Deinfra fazer a fiscalização de interdição. “O ideal é que os motoristas evitem passar por lá, porque é uma rodovia com trânsito muito precário”, alerta.

Com a possibilidade de frio intenso para os próximos dias, na Serra Catarinense, o fluxo de veículos na região tende a aumentar. Segundo o engenheiro, o turista nem sempre está preparado para dirigir na adversidade. O Deinfra fez algumas obras emergenciais que minimizaram, mas não resolveram os problemas. O risco e a interdição persistem.

O secretário de Indústria Comércio e Turismo de Urubici, André Monsores, acredita que a Serra deveria ser um atrativo turístico, com proibição de passagem de caminhões, pois o local é muito perigoso. Muitos turistas que vão a Urubici, de acordo com o secretário, programam o GPS para o caminho mais curto e acabam correndo riscos na Serra. “Essa Serra é mais complexa que a do Rio do Rastro”, alerta.

Mobilização pela pavimentação

Segundo Márcio de Bona, organizador do Movimento Asfalto Corvo Branco Já, em 10 dias foram duas interdições no local pelo mesmo motivo, caminhões quebrados nas curvas mais acentuadas. Na terça-feira o caminhão de bebidas trancou parcialmente a pista, mesmo assim, motoristas de automóveis se arriscaram pelo local.  

Uma audiência pública, no dia 26 de abril, contou com a presença do presidente da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa, deputado João Amin (PP), e discutiu o porquê da morosidade da obra na Serra. Segundo Bona, cerca de 350 pessoas participaram do evento organizado pelo deputado, com apoio do Movimento Asfalto Corvo Branco Já. “O objetivo foi discutir a conclusão da obra de Grão Pará até ao pé Serra do Corvo Branco e consertar os defeitos da rodovia”, afirma.

Entenda o problema

A rodovia SC-370 está praticamente pavimentada entre Urubici e Grão Pará, com exceção de um trecho de 10 quilômetros que passa pela Serra do Corvo Branco. O problema é que as obras pararam em 2015, por supostos entraves ambientais. Não há previsão para a sua retomada.

Urubici é um dos maiores produtores de hortaliças e frutas do estado. Parte da produção é comercializada na região de Braço do Norte. Pela Serra do Corvo Branco o trajeto é de 60 quilômetros. Contornando por Bom jardim da Serra a distância aumenta para 160 quilômetros. Distância significa prejuízo, já que amplia o custo com combustíveis e parte da carga pode se perder no trajeto.