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Marido tinha histórico de violência

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Karla Silva de Sá Lopes foi morta com um tiro na cabeça e enterrada em praia de Balneário Camboriú. Foto: Divulgação

Em uma entrevista divulgada em um vídeo em sua homenagem, a policial civil lageana Karla Silva de Sá Lopes, 28, se descreve como uma pessoa calma e que gosta de estar em contato com a família. Nesta sexta-feira, a família reuniu-se na capela São Benedito em Lages para velar o corpo de Karla, que na madrugada de quarta-feira (06) foi assassinada pelo marido, o policial militar da reserva, Luis Fernando Palhano Lopes, 52.
O tiro que atingiu a cabeça da lageana saiu da arma pessoal do policial, uma pistola calibre 38. Ele foi a pessoa que denunciou o sumiço da esposa ainda na quarta-feira. Karla e Luis estavam juntos há 10 anos. Ela era agente policial na delegacia de Correia Pinto. Como tinham uma casa em Itapema, havia pedido transferência para São João Batista, local mais próximo da residência. Nesta sexta-feira (8), seria o último dia da policial na cidade serrana. Na segunda (11), ela já assumiria o novo posto e se mudaria definitivamente para o litoral catarinense.

>> Exemplo_ O delegado da comarca de Correia Pinto, Fabiano Henrique Schmitt, relata que Karla sempre foi uma funcionária exemplar e uma ótima policial. “Não é porque ela se foi que vou falar isso, mas ela era realmente muito boa no que fazia”, exaltou ele. Fazia cerca de um ano que ela trabalhava em Correia Pinto. Fabiano ressalta que ela sempre foi uma pessoa muito reservada, profissional e inteligente.
No vídeo de homenagem, Karla revelou ser formada em Educação Física e que se preparou bastante para o concurso para policial civil, principalmente por não ter contato com a área do Direito. Ao descobrir que havia sido selecionada, ficou emocionada. Entre imagens do treinamento da policial e da entrevista em que destaca a importância da profissão, como o poder de salvar vidas, o amor de Karla pelo filho Cauã. “Ele é tudo pra mim, minha base, é por ele que batalho sempre”, revelou ela, que destacou que ele era sua motivação pelas conquistas. A mãe também foi um dos destaques da profissional. “Dedico a ela esse sucesso e essa conquista”, conclui Karla.

>> Investigação_ O delegado Fabiano explica que entrou em contato com o marido de Karla na quarta-feira, quando soube do desaparecimento. Ao ouvir o relato de Luis Fernando, achou as informações desencontradas e a história confusa. Foi quando entrou em contato com a Divisão de Investigação Criminal de Balneário Camboriú, onde relatou que achava que a história estava mal contada.
Segundo Luis Fernando, Karla saiu para caminhar de manhã, na quarta-feira, sem celular e não havia retornado para casa. Campanhas em busca de informações sobre a policial inundaram as redes sociais. Na quinta-feira, a Polícia Civil confirmou que o corpo de Karla havia sido encontrado na praia de Taquaras, em Balneário Camboriú. Estava enterrado na restinga da praia.
Nos dois depoimentos que prestou, Luis Fernando não confessou o crime. Entretanto, contou que foi o autor do disparo e desaparecimento do corpo para o comandante da Polícia Militar de Itapema, Geraldo Rodrigues. Além de fazer o relato, ele também apresentou um mapa informando onde estava o corpo de Karla. O delegado Vicente de Assis Mesquita Soares, da DIC de Balneário Camboriú, emitiu pedido de prisão preventiva para Luis, que foi encaminhado para o Batalhão da Polícia Militar em Itapema.

>> Feminicídio_ O crime foi enquadrado como feminicídio, o que pode resultar na pena de 12 a 30 anos de prisão. Além disso, segundo coletiva de imprensa realizada na manhã de ontem, em Balneário Camboriú, Vicente revelou que Luis também será indiciado pelo crime de ocultação de cadáver. O policial tinha histórico de violência doméstica e mais de uma denúncia feita pela ex-mulher.
Mesmo sem a confissão, as provas reunidas durante a investigação foram o suficiente para apontar Luis como autor do feminicídio.
O policial aposentado ficará detido no Batalhão da Polícia Militar até o julgamento. O delegado de Correia Pinto relata que a família de Karla estava indignada que mesmo preso, Luis estava ativo nas redes sociais. Para que seja encaminhado para um presídio antes do julgamento, ele precisa ser expulso da corporação.
O velório de Karla começou na tarde de sexta-feira. O sepultamento será às 8 horas deste sábado, no Cemitério da Penha.

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