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Janeiro Branco: Campanha para cuidar da saúde mental

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Tratar a depressão e as doenças mentais é um fator primordial para que diminua a quantidade de suicídios - Foto: Divulgação

Cuidar da saúde física é primordial, mas se você não tomar conta da sua mente, seu corpo poderá sofrer com várias doenças, chamadas de psicossomáticas.

Elas são causadas ou pioram com distúrbios emocionais ou sentimentos como raiva, ansiedade, angústia, medo ou desejo de vingança. Para chamar a atenção sobre o tema e alertar as pessoas e órgãos de saúde, este mês é chamado de Janeiro Branco.

Tratar a saúde mental ainda é visto por muitos como algo secundário ou até como frescura, mas a psicóloga Claudia Barbosa salienta que morre muito mais gente se suicidando do que de câncer. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio anualmente no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos.

Os dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que o índice de suicídios cresceu entre 2011 e 2015 no Brasil. Segundo o órgão, esta é a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 e 29 anos.

Em 2011, foram 10,4 mil mortes: 5,3 a cada 100 mil habitantes. Já em 2015 o número chegou a 11,7 mil: 5,7 a cada 100 mil. Estima-se que, até 2020, haverá um incremento de até 50% no número anual de mortes por suicídios.

Claudia Barbosa alerta que a depressão não escolhe raça, cor, religião ou classe econômica – Foto: Susana Küster

Taxas alta

Os números mostram que os moradores da região do Sul do Brasil morreram mais por conta de suicídio, enquanto os índices do Nordeste são os mais baixos. Isso pode ser explicado, em parte, pelo tipo de depressão chamada sazonal, que ocorre em épocas de outono e inverno. No Sul, o tempo fica, em grande parte do ano, mais frio.

Os homens são os que apresentam as maiores taxas de mortalidade, 79% do total. Enquanto o número de mulheres é 3,6 vezes menos, 21%. As pessoas viúvas, solteiras e divorciadas também foram os que mais morreram por suicídio (60,4%). Mas, em relação às tentativas de suicídio, as mulheres são maioria (69%) e 31,1% tenta mais de uma vez.

Redução

O estudo também mostrou que a existência de um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) nas cidades reduz em 14% o risco de suicídio. Porém, essas instituições estão presentes em apenas 2,4 mil dos quase 6 mil municípios brasileiros.

Por isso, a intenção do governo é criar um Plano Nacional de Prevenção ao Suicídio, além de disponibilizar ligações gratuitas para o número 188, que é o Centro de Valorização da Vida, nos estados de Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Piauí, Roraima, Acre, Amapá, Roraima e Rio de Janeiro.

O plano da Organização Mundial da Saúde (OMS), também visa diminuir o número de suicídios em 10% até o ano de 2020. Sendo que atualmente, 800 mil pessoas cometem suicídio por ano.

Importante

Os números podem ser maiores do que os divulgados porque existe uma subnotificação que ocorre devido ao preconceito com relação a quem tem algum transtorno mental. “Estamos vivendo o mal do século, que é a depressão, que é um dos motivadores do suicídio.

Também temos um alto índice de doenças mentais. Mesmo assim, ainda escuto que psicoterapia é para pessoas com cabeça desocupada ou frescas”, salienta Claudia.

Distúrbios afetam a saúde

  • Dor de cabeça: Ocorre frequentemente em pessoas com depressão e ansiedade, principalmente as dores de cabeça de tensão. São causadas pela contração dos músculos do pescoço e couro-cabeludo, uma reação física comum quando a pessoa está sob estresse.
  • Diarreia ou constipação: A ansiedade está ligada à síndrome do intestino irritável, que pode se manifestar como diarreia ou constipação. É possível que a ansiedade cause espasmos no cólon ou que afete o sistema imunológico que, por sua vez, pode desencadear o quadro de intestino irritável ou outras doenças de intestino.
  • Náuseas ou vômitos: Esses podem ser considerados sintomas do distúrbio do humor. Um estudo revelou que 41% das pessoas que mais se queixam de náuseas foram diagnosticadas com um distúrbio de ansiedade um ano depois e outros 24% tiveram diagnóstico de depressão.
  • Doenças do coração: Desenvolver depressão após um ataque cardíaco aumenta o risco para um segundo ataque. Aqueles que não possuem doenças, ao ficarem depressivos, tem um risco de desenvolver doenças cardíacas. E quem está ansioso ou deprimido são menos propensos a realizar atividades físicas, que são saudáveis para o coração.
  • Osteoporose: Pessoas com depressão maior podem ter uma menor densidade mineral nos ossos (osteoporose/osteopenia) em relação às pessoas que não possuem distúrbios de humor.
  • Pressão Alta: Evidências sugerem que a ansiedade crônica pode propiciar a elevação da pressão arterial. A ansiedade pode proporcionar picos de pressão elevada mais frequentemente do que hipertensão arterial persistente, esses picos de pressão podem danificar seus vasos sanguíneos, coração e rins, e aumentar o risco de acidente vascular cerebral.

Corpo humano absorve tudo

O movimento Janeiro Branco começou em Uberlândia, em 2014, e teve reflexos. Segundo a psicóloga Claudia, a escolha do mês é proposital. Em dezembro, ela conta que o movimento em sua clínica aumenta.

“Quando chega o fim do ano, a pessoa faz um balanço do que fez, do que planejou e não conseguiu realizar. Isso desencadeia vários sentimentos, como ansiedade, tristeza, frustrações, medo, traumas. Em janeiro, todos se reorganizam e viram a página”.

Ela frisa que o corpo humano precisa ser visto como um todo, “o homem é biopsicosocial”, completa. Há o lado mental, espiritual e social. Se uma dessas partes está afetada, interfere no físico e aí surgem doenças.

“O equilíbrio de tudo começa quando a pessoa se conhece e se for preciso busca ajuda profissional, não adianta economizar com psicólogo e gastar com remédios, consultas e exames”, alerta.

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