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Hiragami atravessa o oceano para vencer no Brasil

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A história de Hiragami e sua família é considerada case de sucesso no Japão - Foto: Núbia Garcia

Em 16 janeiro de 1959, um navio de imigrantes chegava ao porto de Santos, em São Paulo, trazendo centenas de japoneses que decidiram apostar em outro continente para construir suas vidas. Depois de semanas em alto-mar, viajando em um navio de carga, em condições precárias, a agricultora Akiko Hiragami desembarcou em terras tupiniquins acompanhada de seus três filhos, de 6, 9 e 12 anos.

Assim começa a história de Fumio Hiragami, 69 anos, no Brasil. Hoje ele é considerado um dos maiores empresários da fruticultura brasileira, reconhecido por sua produção de maçãs, em São Joaquim, e pela exportação de vinhos para sua terra natal, Wakayama, no Japão.

Ele era o garoto de 9 anos que desembarcou em Santos com dona Akiko. De origem humilde, sua mãe era uma agricultora no Japão. Ela cuidava da pequena produção da família, que era suficiente apenas para sustentá-los. Após se separar do esposo, no fim da década de 1950, ela decidiu recomeçar a vida longe de sua terra natal, em busca de novas oportunidades.

“No Brasil a gente trabalhou como boia-fria e também como meeiro, que é quando trabalha na colheita pro patrão e ele divide a produção com os trabalhadores, como pagamento. Foi como meeiro que conseguimos juntar um pouco de dinheiro e comprar uma pequena parte de terra, em Mairinque (SP), onde eu e meu irmão Hiroyasu iniciamos um plantio de pêssegos”, conta Hiragami, com seu inconfundível sotaque japonês.

Esta guinada na vida financeira começou dez anos após a chegada da família Hiragami ao Brasil. Mais tarde, em 1974, Fumio foi convidado para participar de um projeto para desenvolvimento do cultivo da maçã em Santa Catarina, na região de São Joaquim. Foi por aqui que ele construiu sua vida ao lado da esposa Shizuka e onde nasceram os quatro filhos do casal, Yumi, Keiko, Yoshihiro e Hiroko.

Destaque

Além de construir sua história pessoal, Fumio também contribuiu para o desenvolvimento econômico do município. Atualmente, a Hiragami’s Fruit produz diversas frutas, como pera, kiwi e maçã, esta é o carro-chefe da produção com 350 hectares de terras plantadas, o que faz da empresa uma das maiores produtoras da fruta no país. Além disso, a empresa também produz vinho.

Este último tem produção aproximada de 30 mil garrafas por ano e cerca de 10% é exportado para Wakayama, no Japão, terra de origem da família Hiragami. “O pessoal de lá sente orgulho em receber um produto feito por um japonês que conquistou sucesso fora do país. Por causa da exportação, tive a oportunidade de visitar por três vezes a cidade onde nasci e vivi até os 9 anos”.

Case de sucesso

A história de Fumio e sua família é considerada um case de sucesso em seu país de origem. “No Japão, quem não nasce com posses, dificilmente muda essa condição na vida. Se eu tivesse lá, talvez tivesse dinheiro, mas talvez estivesse trabalhando em alguma fábrica e não seria patrão”, comenta.

O case de sucesso chama a atenção da imprensa japonesa, que já contou a história em diversas oportunidades, em canais de televisão nacionais e em veículos impressos. Um destes veículos é o Jornal São Paulo Shimbum, editado em japonês, que vai transcrever a matéria para a segunda edição do livro: “A Verdadeira Face dos 50 Empresários Nipo-Brasileiros”, e será lançado pela Kanno Agency, em comemoração aos 110 anos da imigração japonesa.

“O pessoal fala mal do Brasil, mas para nós imigrantes foi um grande país. Aqui tivemos chance de crescer. Como imigrante, a gente agradece ao Brasil que nos recebeu tão bem. Por isso, hoje, nossa obrigação é devolver o que o país fez por nós”, completa Fumio.

Princesa japonesa no Brasil

Neste fim de semana acontecerão, por todo o Brasil, eventos para comemorar os 110 anos da imigração japonesa. Uma das atividades relacionadas à comemoração é a visita da princesa Mako de Akishino, 26 anos, neta do imperador japonês Akihito, de 84 anos. Fumio fez parte do seleto grupo de convidados para um encontro com a princesa, que aconteceu na sexta-feira (20), em Maringá (PR).

Mako chegou ao Brasil na terça-feira (17) e ficará até o dia 28 de julho. Seu itinerário prevê passagem por 14 cidades do Amazonas, Pará, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Os eventos da sua agenda focam em conectar-se com a comunidade nipo-brasileira.