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Filipinos apostam na Copa do Mundo dos Sem-teto do Rio de Janeiro

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Manila, 30/06/2010, (EFE)

 

Um grupo de jovens filipinos treina para disputar um mundial de futebol, mas não o da África do Sul, que envolve bilhões de torcedores, e sim a Copa do Mundo dos Sem-teto, que será sediada pelo Rio de Janeiro em setembro.

 


São oito os garotos selecionados em favelas de bairros humildes das Filipinas que diariamente correm atrás da bola e sonham em se tornar astros do futebol através da oportunidade de participar desse "outro Mundial".

 


Leopoldo Aragon tem 19 anos, é de pequena estatura, como Messi, e possui um drible elétrico parecido com o do argentino, mas só cobra 1,5 mil pesos (26 euros) por semana para trabalhar na obra de uma residência das proximidades de Manila, onde convive com seus sete companheiros.

 


Aragon é a estrela da equipe filipina de futebol sem-teto e seu treinador diz que ele vai arrasar com sua jogada parecida com a de Messi, mas ele nunca viu o argentino jogar e dá de ombros quando tocam nesse assunto.

 


"Meus favoritos são Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho e meu time preferido é o Manchester", diz o jovem que até algumas semanas atrás vivia com seus pais em um casebre no sul das Filipinas.

 


A rotina dos jogadores selecionados nos próximos três meses será trabalhar durante o dia na tal residência e treinar à noite durante mais de duas horas para se preparar para o campeonato.

 


Os irmãos gêmeos Abdullah e Hamid, dois dos jogadores, nem sequer farão uso do pagamento semanal, que depositam inteiro para financiar a escola dos sobrinhos.

 


"Esta é uma boa oportunidade para transformar suas vidas. Como diz o slogan do campeonato, uma bola pode mudar o mundo", diz Rudy del Rosario, treinador da equipe e ex-atacante da seleção de futebol das Filipinas.

 


Para ele, o trabalho com os jogadores, que têm entre 19 e 25 anos, não termina no Mundial do Rio em setembro: "Ali ele começa, porque faremos o possível para dar a estes meninos educação e trabalho".

 


A competição não é o fim principal da iniciativa, pois há outras aspirações de glória para o campeonato, no qual este ano se enfrentam 56 seleções formadas por jogadores de bairros humildes.

 


"Espero que possamos nos colocar entre os dez primeiros. No ano passado, ficamos em 29º lugar, mas desta vez temos três meses para treinar juntos", diz o treinador, enquanto o jovem Aragon não hesita em afirmar que o objetivo é a vitória.

 


Apesar de o futebol não ser muito tradicional nas Filipinas, alguns dos jogadores selecionados começam a ganhar certa notoriedade graças à sua aparição na versão local do programa "Big Brother", que colabora com uma campanha de arrecadação de fundos.

 


"Se for alcançado um bom resultado, será algo de muito destaque no país, que não está acostumado a ter muitos méritos esportivos", enfatiza Bill Shaw, um dos principais impulsores da iniciativa por meio da revista "The Jeepney".

 


Aragon já é popular em seu bairro. As crianças o reconhecem na rua e até pedem autógrafos.
No entanto, a fama não subiu à cabeça do chamado Messi dos sem-teto, que revela suas ambições após o campeonato: encontrar uma equipe para continuar jogando, terminar os estudos e depois conseguir um bom trabalho "em qualquer área".

 


O treinador está convencido de que o futebol "vai mudar a vida" tanto de Aragon como de seus companheiros.

 

Foto: (EFE)

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