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Famílias indígenas saem do RS para vender artesanato em Lages

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A filha de Penecho, Cleidiomara da Silva, e o marido Luciano Gardino, organizam o estande improvisado às margens da BR-282, para demonstrar os produtos - Foto: Núbia Garcia

O artesanato é uma importante representação da identidade das tribos indígenas remanescentes no Brasil. Segundo dados da Fundação Nacional do Índio (Funai), o artesanato produzido por cerca de 230 famílias indígenas, que vivem no noroeste do Rio Grande do Sul, é a principal fonte de renda e subsistência das aldeias Kaingang.

Isso faz com que todos os anos, entre o fim de novembro e meados de fevereiro, diversas famílias saiam de suas tribos e migrem temporariamente para outras cidades. Lages é um dos municípios que recebe estas famílias.

Acampada às margens da BR-282, bem próximo ao cruzamento com a BR-116, estão pelo menos nove famílias que vieram da região noroeste do Rio Grande do Sul, boa parte da cidade de Nonoai. A família de Luiz da Silva, o Penecho, saiu de sua tribo há pouco mais de uma semana, com destino a Lages, para comercializar artesanato.

Em seu acampamento, estão 12 pessoas, sendo três crianças. Penecho conta que, em 2017, a família já esteve em Lages, mas em 2018 preferiu ir para Florianópolis, na expectativa de comercializar mais produtos.

“Neste ano [2019], a gente veio de novo para Lages porque não foi muito bom em Floripa. A venda foi bem fraca lá. Aqui [em Lages] varia, não é muito, mas temos vendido. Não dá pra se queixar.”

Ele explica que, quando uma família sai da tribo para vender artesanato em outros locais, recebe do cacique um documento que especifica o tempo máximo que podem ficar fora. A família de Luiz tem licença para se ausentar da tribo e vender seu artesanato por 90 dias.

Apesar de estarem acampados em uma rodovia no perímetro urbano de Lages, durante o dia alguns membros da família caminham até a área central da cidade para vender o artesanato, enquanto outros ficam no acampamento, onde também há um estande improvisado para demonstrar os produtos. “A gente não quer incomodar. Queremos vender nosso artesanato”, afirma Penecho, quando questionado sobre como a população pode contribuir para ajudá-los.

Ele conta que o artesanato é a principal fonte de renda no período do verão. No restante do ano, em Nonoai, ele e seus familiares fazem pequenos trabalhos, os populares “bicos”, pois não têm emprego formal. Além disso, as viagens acontecem apenas entre o fim de novembro e meados de fevereiro para que as crianças da tribo possam frequentar a escola.

No acampamento de Penecho, situado próximo ao cruzamento das BRs 282 e 116, estão 12 pessoas, sendo três crianças – Foto: Núbia Garcia

Assistência

De acordo com a Diretoria de Proteção Social da Alta Complexidade, da Secretaria de Assistência Social e Habitação de Lages, a pasta auxilia as famílias indígenas que passam pela cidade por meio de atendimento feito pelos Centro de Referência da Assistência Social (CRAS).

O local que fará o acompanhamento destas famílias sempre é determinado de acordo com a localização do acampamento. A família de Penecho, por exemplo, é assistida pela equipe do CRAS 5, que atende o Caroba e o Santa Mônica.

“Lages oferta cestas básicas, lona, roupas, cobertores e, conforme o terreno onde estão, é possível oferecer ligação de água. Além disso, oferecemos encaminhamentos e atendimentos para a saúde, quando é preciso”, explica a diretora de Proteção Social da Alta Complexidade, Maria Tereza Ternes Bayer, ressaltando que “é o que eles buscam com a gente, não são de vir com exigências.

1 Comentário

1 Comentário

  1. Gabriella

    16/12/2019 at 12:11

    Isso é maravilhoso, o artesanato mudou minha vida também!

    Faz tempo que não sei o que é procurar trabalho depois que conheci as professoras do Ateliê Costure Todo Dia, hoje tenho meu emprego e melhor, trabalho em casa fazendo o que amo. COSTURAR 🙂

    Amo por isso indico para todas as meninas que querem mudar de vida também, o site delas é esse aqui: http://bit.ly/seja-uma-top-costureira

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