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Espera de sete meses chega ao fim

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O bebê Derick de 8 meses no colo de sua mãe Elaine Cristiane - Foto :SusanaKuster

Depois de sete meses de espera, o bebê Derick Vinicius Oliveira dos Santos, 8 meses, poderá tomar uma dose das duas que faltam da vacina tríplice bacteriana com o componente pertussis acelular (DTPa). Menos alérgica, essa vacina é especial. É que ele e seus dois irmãos têm reações adversas quando são imunizados com a vacina pentavalente (comum).

A necessidade foi percebida, quando aos dois meses de idade, Derick recebeu uma dose da vacina comum, teve febre de 40 graus, ficou com a perna, onde a vacina foi injetada, preta e não conseguia se mexer. Um dos irmãos dele, quando tomou, sofreu uma parada cardiorrespiratória.

Além de Derick, segundo a Vigilância Epidemiológica outros dois bebês de Lages aguardavam há sete meses pela vacina, espera que deve chegar ao fim até a próxima terça-feira. A coordenadora da imunização da Vigilância Epidemiológica, Juliana Barbosa Vieira, recebeu nesta quarta-feira (24), a informação de que chegaram três doses na Regional de Saúde. “Precisamos que o motorista, com um carro adequado na temperatura, busque as doses, como ele precisa ir a Florianópolis antes, acredito que até terça-feira, os bebês sejam vacinados”.

Em relação a outra dose que bebê precisa, Juliana explica que é preciso aguardar dois meses para ele receber. “Esperamos que não demore muito para vir”.

Além de Derick, outro filho de Elaine Cristiane Macedo Oliveira, 31 anos, também precisa ser imunizado, mas para ele ainda há um tempo maior, porque tem cinco anos e segundo a coordenadora da imunização da Vigilância Epidemiológica, o prazo máximo para tomar todas doses é até seis anos de idade. O cronograma das doses são aos dois meses, quatro meses, seis meses, um ano e três meses e quatro anos.

Motivo da demora

Elaine lutou para conseguir as duas doses para o filho, mas não obteve êxito, porque segundo a Vigilância Epidemiológica, a Regional de Saúde informava que a vacina estava em falta no Brasil. “O médico fez um relatório para justificar que ele tome a do outro tipo, que tem o mesmo efeito e não dá a reação nele. Mesmo assim eles dizem que não tem nem de forma particular”, lembra Elaine.  De acordo com o núcleo de comunicação da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), a falta da vacina é nacional e aconteceu, por problema de produção do laboratório. Por meio de nota, o órgão informou que “imunobiológico (vacina) está desabastecido na rede pública e até mesmo na rede privada”. Segundo informações do Ministério da Saúde, repassadas à Dive, o estado de Santa Catarina receberá doses da vacina no início de fevereiro.

No particular

O Correio Lageano entrou em contato com a clínica La Vita e foi informado que uma vacina chamada infanrix hexa substitui a que está em falta e seria até melhor, porque oferece uma imunização mais ampla. O valor da dose é de R$ 380. Era mais caro, mas recentemente foi comprado um lote maior e eles conseguiram um desconto.

Como funciona

A vacina pentavalente constitui em prevenir contra hepatite B, coqueluche, difteria, tétano, haemóphilus influenzae do tipo B. Ela pode causar reações como perna inchada e dolorida, caroço e febre. Porém há casos de convulsões, parada cardiorrespiratória e outros problemas de saúde. Nestes casos é preciso tomar a vacina Tríplice Bacteriana Acelular, mas depois de um médico orientar e preencher um formulário. A Secretaria de Saúde envia o documento para o Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), que analisa o caso e espera a dose ser enviada pelo Ministério da Saúde. Segundo a gerente de Vigilância Epidemiológica, Sumaya Pucci, a informação é de que a vacina está em falta no Brasil. Mesmo assim, a ordem é de que os relatórios sejam preenchidos para que o sistema tenha a informação da necessidade de doses em Lages.

Sem vacina, família não tem creche e nem recebe o bolsa família

As doses podem ser feitas até os seis anos, porém a criança não fica imunizada totalmente e por isso Elaine não conseguiu vaga na creche do Bairro Penha onde mora. “Disseram que não vão aceitá-lo porque ele não está imune aos vírus que a vacina protege e eles são responsáveis se algo acontecer”.  Além disso, Elaine conta que quase perdeu o benefício do Bolsa Família porque para receber, seus filhos precisam estar com a carteira de vacinação em dia. “Provei para eles com um relatório da secretaria que ele não tomou a vacina porque não tem. Assim não perdi a bolsa”. Ela conta que também precisou mostrar o relatório para o Ministério do Trabalho. Sem ele, o marido perderia o benefício do salário família, concedido a quem tem filhos.  Além desses problemas, por conta da falta da vacina o bebê anda muito doente. “Ele já fez vários exames porque andava com muita tosse e o médico suspeitou de coqueluche. Ainda bem que a tosse parou. Ele não tinha como tomar a outra vacina”. Sem creche, ela não pode trabalhar, porque precisa ficar em casa para cuidar do filho.

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