As motivações do crime:
“Encontrei diversos indícios de que o crime não foi passional, porque o Domingos nem estava em Lages na primeira visita de Ernesto Canozzi à cidade, onde dizem que ele dançou com a Emília Ramos. O Canozzi era noivo no Rio Grande do Sul”. Percebeu em sua pesquisa, que o Canozzi, como comerciante, desestabilizou algumas relações no comércio local de Lages no início do século XX.
Canozzi não eram irmãos:
A pesquisadora acredita que a confusão em tratar Olintho e Ernesto como irmãos, tem relação com o fato dos acusados da morte, os Brocatto, serem irmãos. Outro fato curioso foi que quando Thomaz foi enterrado, no Cemitério, ao lado de Ernesto. As pessoas iam acender velas para o Thomaz porque era médico e tinha uma relação com a questão da cura. Com o tempo, o túmulo do Thomaz foi completamente destruído. “O imaginário popular criou os irmãos Canozzi, e sim, a invenção das tradições sempre tem um passado histórico, nesse caso, o passado são os irmãos Brocatto, acusados do crime, mas o imaginário das pessoas construiu os “Irmãos Canozzi”. Nem toda a construção de memória é inocente, muitas vezes existe a manipulação do uso do passado para que certas coisas não sejam lembradas”, reflete Sara.
Religiosidade:
Sara observa que o comportamento de fé, em relação aos Canozzi, é o resultado da mistura cultural e religiosa da região Serrana. A região, colonizada por portugueses, deixou marcas de um catolicismo popular e das manifestações culturais, que acaba por construir crenças. “Os devotos não conhecem a história do crime com propriedade, mas por conta da morte violenta dos dois, a crença nos milagres faz parte do imaginário popular”, comenta.