Formada em Fisioterapia e atuante na linha de frente durante a pandemia, a catarinense Maria Eduarda Guerra, conhecida como Duda, decidiu mudar completamente de trajetória. Ela trocou os hospitais pela gestão financeira da Banlek, startup fundada em Santa Catarina e hoje considerada a maior plataforma de fotógrafos da América Latina. Sua história é um exemplo de coragem, versatilidade e da força crescente da liderança feminina no setor tecnológico.
Notícias de Lages no seu WhatsApp
Fique por dentro de tudo o que acontece na cidade e região

Da saúde à inovação
A jornada de Duda Guerra começou em um cenário de pressão e aprendizado. Após se formar em Fisioterapia pela Universidade Veiga de Almeida, ela passou a trabalhar com pesquisa científica e reabilitação pulmonar, inclusive durante a crise sanitária da COVID-19.
O ambiente hospitalar ensinou a Duda a lidar com dados, processos e decisões sob pressão. “Na saúde, aprendi a importância de agir com precisão e analisar riscos constantemente. Isso me deu uma base sólida para qualquer área”, conta.
Com o apoio do marido, Jonathas, cofundador da Banlek, Duda começou a se interessar pelo universo das startups e pelas oportunidades de inovação que o setor oferecia. “Ele enxergou em mim um olhar analítico que poderia contribuir no financeiro. No início, achei que era uma ideia ousada, mas resolvi aceitar o desafio”, relembra.
Essa mudança de área, que parecia improvável, revelou-se um dos movimentos mais importantes de sua vida profissional.

Banlek: a startup catarinense que conquistou a América Latina
Criada em Santa Catarina, a Banlek nasceu com o propósito de facilitar a vida de fotógrafos profissionais e criadores de imagem. A plataforma conecta profissionais a clientes, oferece serviços financeiros, organiza fluxos de pagamento e simplifica a gestão de direitos autorais.
Hoje, a empresa atende toda a América Latina e se prepara para expandir suas operações para a Europa. Sob a liderança de Duda na área financeira, a Banlek passou a investir em estruturação administrativa, políticas de controle e sustentabilidade econômica.
“Startups vivem o tempo todo entre inovação e risco. Meu papel é garantir equilíbrio entre crescimento e responsabilidade financeira”, explica.
Além da expansão, a Banlek tem apostado em soluções que ampliam a renda de fotógrafos, como o sistema automatizado de comissões sobre produtos impressos, o que fortalece o ecossistema criativo da plataforma.

Liderança feminina e representatividade
Ao assumir o cargo de CFO, Duda passou a ocupar um espaço ainda raro entre mulheres. Segundo dados do IBGE, menos de 10% das lideranças financeiras no Brasil são femininas.
“Em algumas reuniões, ainda sou a única mulher na sala. Isso exige autoconfiança, mas também consciência de propósito. Quero que minha presença inspire e abra caminhos para outras profissionais”, diz.
Para ela, diversidade é mais do que um discurso: é um diferencial competitivo. “Mulheres trazem empatia, análise e criatividade para a gestão. Empresas diversas têm resultados mais sólidos e ambientes mais humanos.”

Maternidade e equilíbrio
Além da rotina executiva, Duda é mãe — e não vê a maternidade como obstáculo. “Aprendi a usar o tempo de forma mais eficiente e a priorizar o que realmente importa. A maternidade me ensinou sobre foco, empatia e resiliência”, afirma.
Na Banlek, ela defende políticas de trabalho que conciliam flexibilidade e produtividade. “Equilíbrio é fundamental. Quando as pessoas se sentem respeitadas, elas entregam mais.”

O papel de Santa Catarina na nova economia
A trajetória de Duda também reflete a força do ecossistema de inovação catarinense. De cidades como Blumenau, Lages e Jaraguá do Sul, têm surgido startups que ganham visibilidade nacional e internacional.
“Santa Catarina tem algo especial: uma cultura empreendedora baseada em colaboração. Aqui, inovação não é apenas tecnologia — é mentalidade”, destaca.
A Banlek, nascida nesse ambiente, representa essa nova geração de negócios: digitais, sustentáveis e com propósito.

Lições de carreira e futuro
Duda costuma dizer que a maior mudança não foi de profissão, mas de perspectiva. “A transição me ensinou que a gente nunca começa do zero. Tudo o que vivi na saúde me trouxe até aqui.”
Hoje, ela se tornou referência em finanças e inovação, participa de eventos sobre liderança feminina e inspira mulheres de diferentes áreas a acreditarem em suas próprias capacidades.
“Recomeçar é difícil, mas é libertador. Quando você entende seu valor, o medo perde força. O segredo é dar o primeiro passo.”

Como isso impacta sua vida
A história de Maria Eduarda Guerra mostra que a transformação profissional é possível em qualquer fase da carreira. Ela representa um novo tipo de liderança catarinense — inovadora, humana e conectada ao propósito.
Em um estado cada vez mais reconhecido pela inovação, exemplos como o de Duda fortalecem o papel de Santa Catarina como berço de talentos que unem técnica, sensibilidade e visão de futuro.