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Dinamarca e França entregaram muito pouco e, satisfeitas, se classificam para as oitavas

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Foto: Fifa/ Getty Images/ Divulgação

As rodadas finais de cada grupo seguiam uma lógica: jogos simultâneos no mesmo horário para evitar a combinação de resultados. Isso não aconteceu, mas o resultado da partida sonolenta entre Dinamarca e França acabou interessante para as duas seleções. Menos para quem assistiu.

Sob vaias, o 0 a 0 foi o reflexo da falta de ímpeto da França, que apresenta um futebol aquém do que pode entregar e precisa tomar providências para as oitavas de final, e da precaução excessiva da Dinamarca, que ao menos valeu a segunda vaga no grupo. Primeiro empate sem gols do mundial, em uma partida que não parecia ter outro caminho.

Os times

Age Hareide optou por manter a base do time que empatou com a Austrália na segunda rodada do grupo. Lasse Schöne perdeu a vaga no setor de meio de campo, para o retorno de Matias Jorgensen. As principai mudanças estavam no trio de ataque. Pione Sisto seguia na ponta direita, mas ganhava a companhia de Andreas Cornelius, centralizado, na vaga que era de Nicolai Jorgensen, e Martin Braithwaithe, no lugar do suspenso Yurary Poulsen.

Já o comandante francês, Didier Deschamps, fez várias mudanças em relação à equipe que bateu o Peru. Começando pelo gol, onde quem ganhou a chance foi Steve Mandanda, substituindo Hugo Lloris. No miolo de zaga, Samuel Umtiti saiu, para que Presnel Kimpembe viesse a campo; e na lateral, Djibril Sidibé entrou no lugar de Benjamin Pavard.

No meio, Steven Nzonzi cumpriu a função que era de Paul Pogba. Thomas Lemar e Ousmane Dembéle apareciam pelas pontas no ataque, nas vagas deixadas por Kylian Mbappé e Blaisè Matuidi. Da base ofensiva, apenas Antoine Griezmann e Olivier Giroud seguiram como titulares.

O campinho de Dinamarca x França (Fifa.com)

O jogo

A terceira e última rodada do Grupo C da Copa do Mundo reservava o embate das duas equipes mais qualificadas. A França, já classificada, jogava para garantir o primeiro lugar e chegar às oitavas contra um adversário teoricamente mais fraco.

Já aos nórdicos a partida tinha um peso diferente. No mesmo horário, a Austrália também tentava conseguir a classificação, torcendo por um resultado adverso dos nórdicos. Daí que as propostas de jogo fossem distintas.

Mesmo com as trocas, com jogadores poupados para a fase de mata-mata ou por opção técnica, a França seguia tendo um time forte, com opções interessantes para seguir com seu plano nas partidas. Encontrou pela frente uma Dinamarca vinda de uma escola semelhante.

Se os Bleus tinham pleno domínio da faixa central do campo, buscando as infiltrações pelo meio e as jogadas trabalhadas pelas pontas, precisariam encarar um sistema defensivo seguro, com consistência tática e de marcação em que mesmo os atacantes participavam da chamada compactação atrás.

Mas de início, não foram os franceses que tiveram o domínio da partida. A Dinamáquina começou em cima, causando problemas à defesa francesa, prejudicada pela falta de entrosamento. Com o passar dos minutos, o jogo virou: a movimentação era a saída para que os comandados de Deschamps quebrassem as linhas bem postadas dos nórdicos. Concentrados na intermediária defensiva ou dentro da área, os selecionados pelo técnico Age Hareide começaram a ser pressionados na saída de bola e tiveram problemas.

E a primeira oportunidade mais clara veio pela esquerda. Lucas Hernández avançou pela esquerda e encontrou Giroud dentro da área. A tabela não saiu, e o camisa 9 queimou para o gol. Pressionado pela marcação, o atacante bateu de perna esquerda, com a bola embaixo do corpo. Apesar de o arremate sair sem força, tinha a direção do ângulo, e Schmeichel espalmou por segurança.

O primeiro tempo morno tinha os defensores dos Bleus já no círculo central. As trocas de passes rondando a área, entretanto, eram pouco efetivas. A Dinamarca se aproveitava quando a defesa francesa estava desmontada.

Em uma das poucas chances que teve, Pione Sisto roubou a bola pelo lado esquerdo no meio e deu o passe a Cornelius. O centroavante esperou a chegada de Eriksen, que se infiltrou na área. O passe saiu, mas na hora do arremate, o camisa 10 foi bloqueado por Hernández e Mandanda, que fechou bem o ângulo.

A partida não era tão acelerada, e havia poucas brechas para arriscar. Ainda assim, os chutes de fora da área se apresentavam como uma boa arma. Ousmane Dembélé apareceu na ponta direita do ataque, e conseguiu cortar para o meio para bater de curva, com a bola passando perto da trave de Schmeichel.

Também Griezmann arriscou, parando nas mãos do goleiro dinamarquês, no centro do gol. E quando o camisa 7 da França teve uma das poucas chances de partir em disparada de dentro da própria área, tomou a frente de Jorgensen e, quando já seguia à intermediária, foi calçado pelo marcador. Era um ataque promissor. E no primeiro tempo foi só.

No começo da segunda etapa, uma boa notícia para o lado vermelho: o Peru ampliava o placar, acabando com as chances de classificação da Austrália, inclusive a mandando para a lanterna. O ritmo era o mesmo: a França tinha o controle de bola, mas esbarrava na boa marcação dos alvirrubros.

Então, Christian Eriksen começou a aparecer. Primeiro, em uma falta da intermediária, de muito longe, o meia do Tottenham bateu e a bola quicou bem em frente a Mandanda. O goleiro bateu roupa e por pouco Cornelius não chegou para completar. Pouco depois, em bola sobrando na entrada da área, o camisa 10, que arriscou o arremate, mas mandou à direita do gol.

Observando a passividade do time francês diante da compactação adversária, Deschamps fez suas trocas tentando mudar o ritmo. Nos primeiros minutos da etapa final, trocou um lateral por outro: saiu Lucas Hernández, e veio Benjamin Mendy, cotado para ser titular; e também Griezmann deixou o campo, para a entrada de Nabil Fekhir. Foi justamente o jogador do Lyon que chegou arriscando de longe. Recebeu o passe pela esquerda e bateu de canhota. Com a curva, a bola passou perto da trave, na rede pelo lado de fora.

Mesmo a torcida começou a se manifestar contra a pouca efetividade francesa. Kylian Mbappé teve que entrar em campo para que os Bleus oferececem algum perigo. Foi do camisa 10 a bola rolada a Fekhir na entrada da área.

O camisa 18 cortou para o meio e bateu de chapa, colocado de perna esquerda. O goleiro Schmeichel se lançou para espalmar. Com o relógio correndo, o empate era bom às duas equipes, que deixaram por isso mesmo.

O cara da partida

Kasper Scmeichel. Apoiado pelo forte sistema de marcação da Dinamarca, o goleiro do Leicester foi importante para impedir que os poucos arremates que tiveram mais perigo se transformassem em gol. Ao longo da partida, teve uma intervenção mais relevante em cada tempo. Primeiro, parou Griezmann, depois, negou o tento a Fekhir. Não foi tão exigido assim pela fraca atuação dos adversários. Não que a Dinamarca tenha feito tanto também.

Como fica

Com o empate, a França fica com a primeira posição do Grupo C. Satisfeita, a Dinamarca consegue a segunda colocação mesmo sem vencer, contando com a derrota australiana diante do Peru. Agora, espera pelo encerramento das partidas do Grupo D, ainda em aberto. Ao que tudo indica, se a Croácia confirmar o que se espera, deve encarar o time de Christian Eriksen no mata-mata.

Já a França ainda aguarda que Islândia, Nigéria e Argentina decidam quem fica com a vaga. Certo é que a França tem o duelo das oitavas marcado para sábado, dia 30, às 11h, na Arena Kazan, em Kazan. Por sua vez, a Dinamarca vai até Nizhny Novgorod, onde resolve sua vida no dia seguinte, às 15h.

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Ficha Técnica

Dinamarca 0 x 0 França

Local: Estádio Luzhniki, em Moscou
Árbitro: Sandro Meira Ricci (Brasil)
Cartões amarelos: Mathias Jörgensen (DIN)

Dinamarca: Kasper Schmeichel; Henrik Dalsgaard, Simon Kjaer, Mathias Jörgensen e Jens Stryger Larsen; Andreas Christensen, Thomas Delaney (Lukas Lerager) e Christian Eriksen; Martin Braithwaite, Andreas Cornelius (Kasper Dolberg) e Pione Sisto (Viktor Fischer). Técnico: Aage Hareide

França: Steve Mandanda; Djibril Sidibé, Raphaël Varane, Presnel Kimpembe e Lucas Hernández (Benjamin Mendy); N’Golo Kanté, Steve N’Zonzi, Ousmane Dembélé (Kylian Mbappé), Antoine Griezmann (Nabil Fekir) e Thomas Lemar; Olivier Giroud. Técnico: Didier Deschamps

Por Luiz Henrique Zart