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Muitas pessoas viram como os atropelamentos de sexta-feira ocorreram, algumas ajudaram as vítimas e agora voltam às suas rotinas. Elas contam detalhes:

Alcindo de Lima, 67, sorveteiro que foi atropelado – Quando vi o carro estava em cima, bateu no meu carrinho de picolé e eu não vi mais nada, fui jogado lá para o outro lado. É uma coisa que nunca aconteceu, nem consegui escapar. Nasci de novo, meu carrinho destruiu, quebrou dos lados e agora estou usando um que já tinha. Acredito que nasci de novo. Machuquei o joelho. Quando me perguntaram achei que estava bem, mas depois que passa tudo e o corpo vai esfriando aí veio a dor. Cheguei em casa e senti uma dor forte, usei muito gelo e tomei um remédio. Não tenho medo de voltar ao trabalho, quando Deus quer não adianta, tem que batalhar, medo todo lugar tem.

 

Erivelton Straubel, 22, balconista – Eu estava no balcão e vi o motorista parando e do nada, ele arrancou e deu aquela derrapada, quando solta a embreagem com tudo e simplesmente invadiu o calçadão, arrastando as pessoas e foi embora. Foi tudo questão de 10 segundos e ele estava sozinho no carro. Saiu um boato de que ele teria brigado com a mulher dele, mas na hora estava sozinho. Me deu um desespero, saí correndo daqui para ver o que estava acontecendo e aquele apavoramento. Eu vi uma mulher sendo arremessada para aquela escadinha do calçadão, ficou com metade do corpo para cima da escada e outra metade para baixo. Aí tive que voltar ao trabalho com a consciência meia pesada e um clima pesado para trabalhar. Estou mais calmo, mas a cena não sai da cabeça.

 

Eliete Rosa Gobetti, 49, vendedora – Foi aqui na frente da loja, ouvimos um estouro e o pessoal estava todo em cima. E fizemos um cordão humano para ajudar, porque o pessoal queria tirar foto e queria gravar. Não deixamos, é um ser humano, não é um animal. Passou uma senhorinha com uma sobrinha, pedi emprestado para o sol não ficar direto nela. Tinha muito sangue e o pessoal é muito ignorante queria fazer foto e filmar ela, eu não deixei. Não gente é um ser humano, vamos ajudar. Ela mexia o olho, boca e braço e queria levantar. Foi um momento de horror, não tinha visto isso na minha vida. Esqueci que estava trabalhando e minhas amigas vieram ajudar. Levamos água doce para uma senhorinha que estava desmaiando. Policiais de moto chegaram e mostramos para onde o motorista foi e eles foram atrás. Tinha dois atropelamentos atrás desse que eu estava e um outro para frente, perto da lotérica. Não me senti mal de ver ela machucada, eu queria ajudar, me deu uma tremedeira sabe, o ser humano não é nada nessa vida e tem gente que se aproveita, fica tirando foto e filmando para pôr em rede social, isso não pode. Tem que tentar ajudar, não pode aproveitar de um momento triste desse para aparecer na mídia. Eu discuti com muita gente ignorante, mas o pessoal não dava bola e continuava fazendo foto. Aí chegou o Samu e arrumaram um papelão embaixo dela, porque o piso estava quente. E seguramos um papelão em cima dela para fazer sombra para ela. Eu estou amortecida, horrorizada. Fui para casa muito nervosa e triste. Um animal veio assim do nada e atropelou várias pessoas.

 

Carlos Caetano Boscato, 62, empresário – Era 14 horas e estava tudo tranquilo. Eu estava sentado olhando para frente e escutamos um carro roncar valendo e fomos para porta. Nisso ele bateu numa mulher e deu um estouro, ela saltou na altura dos fios e caiu no calçadão. E isso alertou todo mundo para frente e isso fez com que as pessoas saíssem da frente. Já alertamos o policial de moto que chegou em seguida e foi atrás dele. Não tem como explicar isso aí, parece coisa que tu na Europa que o cara vem para matar mesmo. Ele acelerou no máximo, ele pisou no fundo, no máximo que tinha para acelerar e tocou. Agora não se sabe qual a causa, se ele tinha problema em casa ou com a mulher ou alguém. Ele estava sozinho no carro, não vi ele discutindo com ninguém. Não fechei a loja, fui ver para socorrer alguém, foi demais o que a gente viu. O que a gente viu é violento, não parece que foi real.

 

Jair Antônio Barzotto, 60, aposentado – Bateu naquela caixa fez um barulhão e pegou a menina de costas. Ia indo umas pessoas daqui para lá e quando viram o carro, pularam para dentro das lojas. Agora a menina vinha de costas, ela caiu em cima do para-brisa que estourou tudo, ela rolou (no ar) e voltou para cima do carro e caiu em frente a VF. O carro continuou e passava de 60 Km, porque vinha acelerado. Quase bateu em um carro que descia a rua. Varou em frente a farmácia, quase bateu em umas mulheres que se atiraram para dentro. E para lá, a gente não viu. Vi muita gente pulando depois que escutaram os gritos dos outros. Não tinha muita gente no calçadão, senão o desastre seria muito grande. Era 17 horas eu estava com a perna mole, coitada da mulher, o braço dela deslocou inteiro, ela só mexia um pouco do braço e a perna, e, gemia bem baixinho. Sangrava pela boca e pelo ouvido. O socorro demorou uns 10 minutos para chegar, mas muita gente, vestido de branco, veio atender e deu um conforto para a mulher. Quando vi ele atropelando a mulher, pensei em terrorismo, achei que era um maluco querendo matar todo mundo.

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